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CVC (CVCB3) pode se beneficiar do caso 123milhas? Analistas alertam sobre risco

CVC ganha mercado com crise das milhas, mas tem dívida alta. Vale a pena investir?

CVC (CVCB3) pode se beneficiar do caso 123milhas? Analistas alertam sobre risco
CVC é especializada em vendas de passagens por agências físicas. Foto: Roberto Tamer/CVC
  • CVC opera no prejuízo e sofre com um endividamento alto desde antes da pandemia
  • O pedido de Recuperação Judicial da 123 Milhas foi o gatilho para que os papéis da CVC alcançassem um pico de 14% na manhã desta quarta-feira (30), dia seguinte ao anúncio.

A CVC (CVCB3), uma das maiores empresas de viagens da América Latina, pode ser a principal beneficiada da crise no mercado de milhas, que levou a 123 Milhas a pedir Recuperação Judicial e à CPI da Pirâmide Financeira na Câmara dos Deputados. Analistas alertam, no entanto, que as ações da companhia ainda são uma aposta de grande risco.

Isso porque a CVC opera no prejuízo e sofre com um endividamento alto desde antes da pandemia. “A empresa vai se beneficiar de algum fluxo positivo no terceiro e quarto trimestres, que devem vir mais fortes e com resultados melhores do que o esperado”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB.

O racional por trás da análise é a saída do mercado de turismo de concorrentes que investiam forte no marketing de viagens. Isso inclui a Maxmilhas, que tem ligação societária com a 123 Milhas, e também já começa a ser contaminada pelo ambiente do setor, além da Hurb, antiga Hotel Urbano, que vem em crise desde abril.

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A menor concorrência e a perspectiva de melhores resultados decorrentes dela passaram a refletir no preço da ação. O pedido de Recuperação Judicial da 123 Milhas foi o gatilho para que os papéis da CVC alcançassem um pico de 14% na manhã desta quarta-feira (30), dia seguinte ao anúncio.

A ação da CVC ainda está longe do seu pico histórico, de R$ 57,99 em 2019, operando hoje abaixo dos R$ 3. A destruição de valor começou antes da eclosão da pandemia, evento que prejudicou todo o setor de viagens e, no caso da CVC, atrasou a recuperação da companhia especializada em vendas de viagens por meio de de agências físicas.

“Este ainda é um papel para quem gosta de se arriscar, os grandes lucros vêm de empresas estressadas”, avalia Mario Goulart, criador do canal O Analista. Ele observa que a empresa está melhorando a margem operacional Ebitda (25% nos últimos 12 meses). Quando descontado o custo financeiro, a operação passa a dar prejuízo.

Melhora na estrutura de capital

A atual gestão vem se esforçando para diminuir o endividamento e está conseguindo melhorar o perfil da dívida para mais longo prazo, com vencimentos acima de um ano, observa o especialista.

A companhia conseguiu reverter um cenário de encargos financeiros superiores a R$ 1,9 bilhão em relação a um caixa de R$ 365 milhões em 2019, para uma posição atual de R$ 837 milhões em obrigações versus um caixa de R$ 774 milhões. “É uma empresa que sofre pelo alto endividamento, ainda precisa se provar.”

Um bom sinal em relação à CVC aconteceu em junho, com os controladores cumprindo acordo com debenturistas ao realizar aumento de capital de cerca de R$ 550 milhões. “Se ela não fizesse isso seria questionada pelos investidores sobre a sustentabilidade do negócio. Ela precisa ficar mais saudável financeiramente”, reforça Cruz.

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Além disso, a conjuntura pós-Covid 19 vem ajudando as companhias do setor a reduzir prejuízos, com o preço dos serviços ficando num patamar mais alto. “O setor de turismo como um todo vem se beneficiando do momento pós pandêmico”, diz Rodney Ribeiro, assessor de investimentos na WIT Invest. “Esse é um exemplo do benefício que a CVC está vivendo.”

Competição acirrada

Embora a CVC já esteja colhendo frutos de um ambiente de recuperação, e com menos concorrentes, o mercado não deixou de ser competitivo. A BeFly desponta no setor, uma operação que surgiu em 2021 pela junção das marcas Belvitur e Flytour, se identificando como a maior empresa de turismo com capital fechado da América Latina, com mais de 700 mil passageiros embarcados mensalmente.

Mais conhecida no mercado pelas viagens corporativas, a concorrente consegue sair do nicho B2B ampliando seu ecossistema de vendas ao turismo pessoal, principal foco da CVC. “É natural ter consolidação do setor e faz sentido ter histórias vencedoras, como a própria CVC foi. Essa é uma oportunidade para que outra surja”, diz o especialista da RB.

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