

A CVC (CVCB3) reportou lucro líquido ajustado de R$ 8,5 milhões no quarto trimestre de 2024, revertendo prejuízo ajustado de R$ 15,4 milhões apurados em igual intervalo de 2023. Para analistas do mercado financeiro, os números foram sólidos com melhoria sequencial nas tendências de reservas consolidadas, mas uma parte dos especialistas estima que o resultado ainda foi abaixo do esperado.
Mesmo com uma ala otimista com os números, o mercado penaliza o ativo de olho no copo meio vazio. Às 10h47min, as ações da CVC caíam 2,58%, a R$ 2,27. O Itaú BBA, no entanto, prefere olhar primeiro a metade cheia do resultado. O banco espera que os bons números do trimestre continuem no balanço no período seguinte.
Eles comentam que o grande destaque do balanço da CVC foi o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), que foi de R$ 101,8 milhões no quarto trimestre de 2024. O número ficou 58% acima do esperado pelo Itaú BBA.
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“Por outro lado, a empresa teve seu resultado financeiro pressionado por impostos piores do que o previsto, o que causou uma queima de R$ 40 milhões em caixa no trimestre, fazendo com que companhia encerre 2024 com uma alavancagem de 3,3 vezes dívida líquida/Ebitda”, dizem Victor Rogatis, Rodrigo Gastim, Vinicius Pretto e Kelvin Dechen, que assinam o relatório do Itaú BBA.
Para os analistas do Citi, as tendências operacionais da CVC foram melhores que o esperado para as reservas no Brasil no quarto trimestre de 2024. Todavia, os resultados ficaram abaixo do esperado. A receita líquida reportada ficou 2% abaixo do esperado pelo banco, por conta de menores embarques e taxas de conversão na Argentina.
Segundo informações do Broadcast, o Citi diz que isso foi compensado pelas melhoras operacionais no Brasil. As despesas operacionais recorrentes ficaram 2% maiores do que o Citi previa, tanto para vendas quanto para administração. Essas despesas, somadas à receita líquida, resultaram em um Ebitda ajustado 6% abaixo do estimado.
O que fazer com as ações da CVC após lucro no quarto trimestre?
De modo geral, os analistas se dividem sobre o que fazer com as ações CVBC3. A equipe do Itaú BBA percebe que a ação da CVC teve seu preço impulsionado recentemente muito mais por fatores externos do que internos. Na visão do BBA, isso é explicado tanto pela natureza discricionária do setor no qual a empresa opera quanto por sua posição de alavancagem ainda elevada.
“Acreditamos que um cenário mais favorável a se materializar — refletido em uma curva de rendimento de longo prazo mais estreita — com essa forte execução da empresa, seria o crescimento sólido do EBITDA e geração de caixa, o que deve causar uma redução do endividamento. Com isso, a CVC pode ser uma ação com bom desempenho ao longo do ano”, argumentam Victor Rogatis, Rodrigo Gastim, Vinicius Pretto e Kelvin Dechen.
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Desse modo, o Itaú BBA tem classificação de outperform para as ações da CVC, que é equivalente à compra. O preço-alvo é de R$ 5,10 para o fim de 2025, uma alta de 118,9% na comparação com o fechamento de quarta-feira (26), quando a ação encerrou o pregão a R$ 2,33. O Citi tem recomendação Neutra e vê o papel como um ativo de alto risco. O preço-alvo é de R$ 2,20, representando uma potencial de desvalorização de 5,58% em relação ao último fechamento.
“Por enquanto, o principal problema para a CVC (CVCB3) continua sendo suas elevadas despesas financeiras, que impedem a empresa de liberar valor para os acionistas”, conclui o analista João Pedro Soares em relatório do Citi após o balanço da companhia.