Dólar tem leve alta com mercados atentos ao PIB brasileiro e dados da economia americana
O julgamento do ex-presidente, Jair Bolsonaro, e de outros sete acusados de tentar um golpe de Estado começa nesta terça-feira e pode mexer com o mercado
Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje opera em leve alta nesta segunda-feira (1°) em um dia de baixa liquidez para a moeda americana devido ao feriado nos Estados Unidos e a agenda econômica esvaziada no Brasil. O mercado tende a operar com cautela neste começo de semana à espera do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que na sai terça-feira (2). No mercado americano, o investidor deve ficar atento aos números do relatório de empregos, o payroll. O fato, que será divulgado na sexta-feira (5), tende a guiar as expectativas de corte ou de alta de juros, podendo enfraquecer ou fortalecer a moeda dos EUA.
Por volta das 10h30, o dólar tinha leve alta de 0,07%, a R$ 5,426. Além do payroll, o mercado está atento à nova ofensiva do presidente dos EUA, Donald Trump, contra a diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) Lisa Cook, que entrou na Justiça para manter o cargo. Trump voltou a alegar conflito de interesses e solicitou a retirada imediata de Cook.
Investidores acompanham ainda as revisões para o IPCA, após a manutenção da bandeira vermelha 2 na energia em setembro, e os desdobramentos do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, enviado pelo governo ao Congresso. O texto prevê superávit primário de R$ 34,5 bilhões (0,25% do PIB), alinhado à meta do novo arcabouço fiscal, mas o resultado depende da exclusão de certas despesas do teto de gastos, como precatórios e custos de instituições científicas. Com essas exclusões, o governo projeta déficit real de R$ 23,3 bilhões.
O Orçamento total de R$ 6,53 trilhões amplia investimentos e programas sociais em ano eleitoral, incluindo R$ 83 bilhões para o Novo PAC, Pé-de-Meia e Bolsa Família, o que pode impactar o dólar hoje.
Meta fiscal é questionada pelo mercado
Analistas da MB Associados, Santander e Warren Investimentos veem as projeções como excessivamente otimistas, com dúvidas sobre a arrecadação prevista de R$ 3,186 trilhões e o crescimento estimado de 2,44% para o PIB em 2026. Também alertam para o risco de frustração das metas, e criticam a retirada de despesas do limite fiscal como sinal negativo para a credibilidade do arcabouço.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, destacou o envio de um PLP para corte linear de benefícios fiscais e anunciou que o novo auxílio-gás, previsto para ser lançado esta semana, terá R$ 5,1 bi e será financiado no resultado primário. O clima no Congresso ganha atenção em semana de início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, amanhã.
Há incerteza sobre o andamento de pautas prioritárias em meio à possibilidade de obstrução dos trabalhos pela oposição. A expectativa do governo é que o projeto de lei do Imposto de Renda seja votado no plenário da Câmara nesta semana do julgamento. Também é esperada a votação do PL do INSS que restringe descontos em folha dos segurados.
O julgamento do ex-presidente, Jair Bolsonaro, e de outros sete acusados de tentar um golpe de Estado deve ocorrer nos dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro. O fato gera risco também de novas sanções americanas contra autoridades da Corte e integrantes do governo Lula após a autorização para aplicar a Lei da Reciprocidade contra os EUA. Esse seria outro fator a mexer no preço do dólar hoje.
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Na agenda local, o diretor de Fiscalização do BC, Ailton De Aquino Santos, faz palestra no Webinário ABERJ às 10 horas. Entre os indicadores, destaque para o PIB do segundo trimestre, amanhã; dados de produção industrial de julho, na quarta; e da balança comercial de agosto, na quinta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realiza nesta semana reunião sobre minerais críticos e terras raras brasileiras com representantes do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM).
No boletim Focus, a mediana para a inflação suavizada nos próximos 12 meses passou de 4,34% para 4,38%. Um mês antes, era de 4,39%. O IPC-S fechou agosto com queda de 0,44%, após subir 0,37% em julho, segundo a FGV. A deflação foi mais forte que todas as projeções do mercado, cuja mediana apontava recuo de 0,30%. Com o resultado, o índice acumula alta de 2,62% no ano e de 3,76% em 12 meses.
Na sexta-feira, o dólar subiu 0,29%, cotado a R$ 5,4220, puxado por fatores técnicos e incertezas sobre retaliações comerciais, mas em agosto acumulou perdas de 3,19%, pressionado pela desvalorização de 2% no mês no exterior em meio a expectativas de início de corte de juros em setembro nos EUA e as tensões entre Donald Trump e o Federal Reserve. No ano, a moeda americana acumula recuo de 12,27% ante o real. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.