Dólar está em uma trajetória de desvalorização global este ano. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje fechou em alta, repercutindo nesta quarta-feira (24) o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, considerado duro pela maioria dos agentes do mercado. Os investidores também corrigem a moeda brasileira após o dólar bater mínimas do ano no dia anterior devido à aproximação entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
No fechamento, o dólar encerrou em alta de 0,91% a R$ 5,3274. Na máxima, a moeda chegou a R$ 5,3310. O presidente do Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmou que a cautela do BC em retomar cortes de juros considerava temores de que a inflação americana não estivesse sob controle, antes do enfraquecimento do emprego alterar a balança de riscos. “Não queríamos cortar cedo demais e arriscar provocar novo aumento da inflação”, disse, em evento da Câmara de Comércio da região metropolitana de Providence nesta terça-feira.
Os riscos voltados ao emprego incentivaram o BC americano a reaproximar a política monetária de uma instância mais neutra, mas os dirigentes continuam atentos à possível persistência da inflação ao nível elevado, ponderou Powell. O presidente do Fed notou que os preços voltaram a subir recentemente nos EUA e projetou que a inflação de gastos com consumo (PCE, em inglês) avançou 2,7% na taxa anual de agosto, com alta de 2,9% no núcleo.
Sobre as tarifas, Powell avaliou que o impacto das novas políticas comerciais não parece ser grande até o momento, ressaltando que o trabalho do Fed é garantir que o efeito de alta nos preços seja único e temporário, mesmo que demorem a aparecer na cadeia de oferta.
O presidente do BC americano observou, contudo, que empresas americanas de varejo e indústria parecem ser as responsáveis por lidar com o peso das tarifas, atuando como mediadoras para diminuir os custos aos consumidores ao invés das exportadoras estrangeiras. Segundo ele, o ambiente incerto ainda se reflete sobre a trajetória da inflação.
Após esse posicionamento de Powell, o índice DXY, que mede a variação da moeda frente as divisas de países desenvolvidos, avançou 0,62%, aos 97,871 pontos.
Dólar hoje se recupera da forte queda provocada pelo afago de Trump a Lula
O mercado corrigiu o bom-humor do dia anterior com o dólar batendo a mínima do ano após Donald Trump afirmar que gostou de Lula durante o rápido encontro que tiveram nos corredores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. “Ele parece ser um homem muito legal”, disse no discurso. “Gostei dele e ele gostou de mim. E eu apenas faço negócios com pessoas de quem eu gosto”, acrescentou. O republicano acrescentou que a interação durou cerca de 39 de segundos. “Tivemos excelente química. Isso é um bom sinal”, destacou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a ideia na conversa sinalizada pelo governo dos Estados Unidos com o governo brasileiro é “primeiro separar política da economia”. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, ponderou que o governo ainda precisa aguardar para ver quais serão os desdobramentos da curta conversa inicial que ambos os líderes tiveram ontem nos corredores da ONU.
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Ainda na agenda de hoje, Haddad participou de audiência pública na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara. O ministro classificou o rápido encontro entre Lula e Trump como uma “abertura” que pode ajudar a resolver a dimensão econômica das tarifas aplicadas pelas autoridades americanas sobre produtos brasileiros.
“Eu penso que, se houver boa vontade de parte a parte, nós vamos resolver a questão econômica rapidamente. Agora, a questão política é outro departamento. Envolve outro Poder da República, e tem a questão constitucional”, disse Haddad a jornalistas, na saída da audiência.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), agendou para quarta-feira da próxima semana a votação do projeto que concede isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Já a leitura do relatório do deputado Carlos Zarattini sobre a MP 1303/2025 em alternativa ao aumento do IOF foi adiada hoje, jogando um possível debate e votação do texto para a próxima semana.
Há pouco foi informado o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que cresceu 1,3 ponto em setembro comparado ao mês anterior, atingindo 87,5 pontos. “A manutenção de um forte mercado de trabalho e o recente alívio da inflação parece ter deixado os consumidores menos pessimistas para o futuro, mas os altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias seguem como um limitador da melhora mais robusta da confiança”, afirmou a economista Anna Carolina Gouveia, do FGV Ibre. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.