Por volta das 10h30, o dólar caia 0,68%, a R$ 5.443. Na mínima, a moeda chegou a R$ 5,4409. As vendas do comércio varejista subiram 0,2% em agosto ante julho, na série com ajuste sazonal. O resultado veio idêntico à mediana das estimativas dos analistas ouvidos pela pesquisa do Projeções Broadcast, que tinha intervalo entre queda de 0,2% a alta de 1,1%.
Além disso, discursos dos diretores do BC, Nilton David (Política Monetária) e Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos), que participam de eventos em Washington, podem mexer com o mercado. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, deve comparecer nesses eventos.
O cenário fiscal também segue no radar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou como “muito boa” a reunião
que teve na manhã desta quarta-feira com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para tratar do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026. Ele relatou ter levado ao conhecimento do parlamentar alguns cenários, considerando a importância de consistência entre as diversas legislações para o orçamento.
“Não adianta aprovar uma lei numa direção e outra em outra direção”, disse Haddad a jornalistas, na portaria do Ministério da Fazenda, em Brasília. “As leis têm todas de convergir para o mesmo cenário, e esse cenário tem de ser consistente para que nós tenhamos uma execução orçamentária como nós chegamos em 2024 e 2025 – uma execução orçamentária tranquila, sem surpresa para ninguém.”
O PLDO seria votado na terça-feira, 14, pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso, mas a apreciação do texto acabou adiada a pedido do governo, que estuda alternativas após ter sofrido um revés com a derrubada da Medida Provisória (MP) 1.303, que turbinava a arrecadação do próximo ano. “A LDO não está atrasada ante anos anteriores”, acrescentou.
O governo ainda precisa definir as alternativas para compensar as perdas após a derrubada da MP. Nesta quarta-feira, Haddad relatou que vem conversando com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema, mas que ainda não há uma reunião marcada para tratar do assunto.
O ministro se recusou a dar detalhes sobre as discussões com Alcolumbre. Ele explicou que, em um dos cenários, o orçamento de 2026 seria mantido como está. Em outro, seria necessário fazer mudanças nas diversas propostas em estudo pelo Legislativo, com o objetivo de manter a consistência das leis que tratam sobre o orçamento do próximo ano. Esses pontos devem ser discutidos até o fim da semana.
Haddad disse que diversos pontos da MP 1.303 era consenso entre os parlamentares, citando o controle de cadastros — que reduziria os gastos previstos para o ano que vem — e a mudança nas compensações tributárias. Sozinha, essa medida renderia ao governo R$ 10 bilhões este ano, e outros R$ 10 bilhões em 2026. “Nem entendi por que isso não foi apreciado, porque era uma coisa que todo mundo concordava”, disse.
O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que o governo ainda busca R$ 35 bilhões para fechar o Orçamento de 2026. Paralelamente, o Planalto tenta acordo com a oposição para retirar destaques ao PLP 168/2025, mantidos pelos líderes Carlos Portinho (PL-RJ) e Carlos Viana (Podemos-MG), mas que podem inviabilizar a proposta se forem aprovados.
Taxação americana de 100% sobre a China pode trazer efeitos para o dólar hoje
No exterior, a disputa tarifária entre EUA e China segue no radar. O governo dos Estados Unidos anunciou uma nova rodada de tarifas de 100% a 150% sobre produtos chineses ligados aos setores marítimo, logístico e de construção naval. A ação busca “reduzir a dependência de fontes chinesas” e “fortalecer a segurança econômica e de cadeias de suprimentos” do país, segundo documento que será publicado amanhã no Federal Register, o diário oficial dos EUA.
Conforme o texto, as novas tarifas entram em vigor em 9 de novembro e abrangem uma ampla gama de equipamentos usados em portos e transporte intermodal. Entre os produtos afetados estão guindastes “ship-to-shore” (STS), aqueles usados para descarregar contêineres de embarcações, e chassis intermodais e suas partes, como trailers e semi-reboques empregados no transporte de cargas marítimas e ferroviárias. A tarifa também se aplica a equipamentos “fabricados, montados ou contendo componentes de origem chinesa”, inclusive aqueles produzidos “por empresas controladas ou substancialmente influenciadas por nacionais chineses”.
A medida também altera a forma de cobrança da taxa sobre navios estrangeiros transportadores de veículos, que passa a ser calculada com base em toneladas líquidas, em vez da antiga métrica por unidade de automóvel. O valor foi fixado em US$ 46 por tonelada, limitado a cinco cobranças por embarcação ao ano. A regra vale para navios construídos fora dos EUA, enquanto embarcações do governo americano e as inscritas no Maritime Security Program ficarão isentas até abril de 2029.
O governo americana justificou que a imposição de tarifas de 100% sobre guindastes e chassis intermodais da China tem por objetivo “aumentar a alavancagem dos EUA” e responder às “práticas e políticas investigadas” do país asiático. A proposta também prevê tarifas adicionais – de até 150% – sobre outros equipamentos portuários, como pórticos de pneus de borracha, guindastes sobre trilhos, empilhadeiras automáticas, reachstackers, straddle carriers, tratores de terminal e top loaders.
O documento também abre uma consulta pública até 10 de novembro sobre possíveis ajustes nas tarifas. Além disso, guindastes STS contratados antes de 17 de abril de 2025 e entregues até 18 de abril de 2027 ficarão isentos da alíquota de 100%. Os EUA ainda revogaram a possibilidade de suspender licenças de exportação de gás natural liquefeito (GNL), medida que, segundo o texto, busca evitar “disrupções de curto prazo” no setor energético.
O diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, acusou Pequim de tentar intimidar Washington ao restringir exportações de terras raras, mas defendeu o diálogo e novos cortes de juros. O ouro renova recorde acima de US$ 4.200 por onça-troy.
Escolha de novo presidente do Fed segue no radar
Mais cedo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse que reduziu o número de candidatos à presidência do Federal Reserve (Fed) de 11 para cinco. “Próxima rodada de entrevistas para o Fed, após visita de Trump para Ásia, deve levar três ou quatro nomes para o presidente escolher”, acrescentou ele em entrevista no fórum Invest in America da CNBC.
O atual chefe do BC americano, Jerome Powell, finaliza seu mandato em maio de 2026. O secretário ainda afirmou que a contração do déficit comercial dos EUA deve apoiar o dólar e que é possível que a relação déficit-PIB se aproxime de 3%. “Vamos crescer mais e gastar menos para trazer o déficit para baixo”, pontuou.
Com a paralisação do governo dos EUA, as atenções ficam no Livro Bege do Fed (15h) e em diretores do Fed Stephen Miran (13h30) e Christopher Waller (14h).
Ontem, o dólar à vista chegou a recuar com Powell, mas retomou alta e fechou a R$ 5,4700 (+0,14%), diante da piora no cenário externo, após o presidente Donald Trump acusar a China de “hostilidade econômica” por não comprar soja dos EUA e cogitar o fim de relações comerciais em alguns setores. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.