Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje opera em queda nesta sexta-feira (22) após do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizar possível corte de juros na reunião do Fed prevista para setembro. O Fed, banco central dos Estados Unidos, é responsável pela política monetária do país. Um corte de juros nos EUA tende a desvalorizar a moeda americana frente a outras divisas, inclusive o real brasileiro.
Por volta das 12h30, o dólar recuava 1,12%, a R$ 5,417. Na mínima, a moeda americana chegou a R$ 5,408. Durante o discurso, Powell disse haver riscos sobre a geração de emprego, visto que a desaceleração do emprego foi bem maior que o esperado na comparação com o mês anterior.
“A situação atual sugere que estamos em risco em relação ao mandato duplo do Fed. Estamos em uma situação diferente, visto que a imigração levou a desaceleração abrupta no crescimento da força de trabalho. Já a inflação permanece elevada, mas diminuindo consideravelmente em relação aos picos pós-pandemia”, disse Powell.
O presidente do Fed possui dois objetivos em seu mandato, manter a inflação sob controle e o mercado de trabalho saudável. Para executar esse equilíbrio, o BC americano caminha entre elevar juros para reduzir a inflação ou baixar juros para incentivar a economia e não inibir a geração de emprego. Em linhas gerais, a fala do presidente do Fed indicou que o BC americano tende a focar na geração de emprego, por isso, o mercado passou a precificar o corte de juros.
Antes das falas de Powell, o indicador da CME Group, bolsa de Chicago, apontava que 69,5% dos analistas do mercado americano esperam um corte de juros de 0,25 ponto porcentual pelo Fed na próxima reunião de setembro, contra 30,5% aguardando uma manutenção da taxa no intervalo entre 4,25% e 4,5%.
Após o pronunciamento do presidente do Fed, 91,1% do mercado americano passou a prever corte de 0,25 ponto porcentual na reunião de setembro, contra 8.9% do mercado precificando a manutenção dos juros. Veja o discurso de Powell na íntegra no vídeo a seguir.
Os principais pontos da fala de Powell na visão do mercado
Analistas ouvidos pelo E-Investidor dizem que a moeda americana tende a perder força. Para Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos, o corte em setembro já era esperado, mas o Powell foi um pouco mais leve que o esperado (dovish), o que trouxe esse bom humor para o mercado de câmbio. “A autoridade monetária está sendo mais leniente com o dólar fraco, é por isso que a moeda está caindo no mundo todo, inclusive no Brasil”, diz Calestine.
Enrico Cozzolino, sócio e head de análise da Levante Investimentos, lembrou que o presidente do Fed repetiu a importância de tomar decisões somente baseadas em dados e que a política monetária não é algo cravado ou definido, as perspectivas podem mudar diante de alternâncias no cenário macroeconômico.
“A fala foi uma sinalização ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Powell reforça que não cederá as pressões que o presidente americano tem feito para o Fed cortar juros”, argumenta.
Já William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, disse que Powell levantou de novo o risco de ter uma estagflação. Segundo ele, o mercado de trabalho segue forte, economia resiliente, mas os riscos negativos aumentaram e as tarifas podem reacender a uma inflação, levando a um cenário de estagflação. Mesmo com esses pontos, Alves também reforça a tese de queda dos juros nos EUA.
“Ainda assim, dentro desse balanço de riscos, a fala dele sugere que o Fed vê a inflação como potencialmente temporária e que os riscos para desaceleração do mercado de trabalho aumentaram e, com isso, pode ser apropriado um ajuste na política monetária”, explica Alves.
Moraes fala em evento no Rio de Janeiro
No Brasil, o mercado deve acompanhar a participação do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em evento no Lide do Rio de Janeiro. A fala é aguardada em meio às tensões entre o juiz e o governo americano devido ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. A fala, no entanto, ocorre depois do fechamento do mercado, às 17h15, o que não deve gerar efeitos imediatos na cotação da moeda. A agenda brasileira segue esvaziada e sem grandes impactos na moeda.
Ontem, o dólar fechou em leve alta de 0,11%, a R$ 5,4791 em meio ao cenário agitado na agenda doméstica, com o mercado atento aos dados da arrecadação e o noticiário político movimentado. Na semana, a moeda americana acumula alta de 1,50%, reduzindo perdas no mês para 2,17%. No ano, a divisa ainda cai 11,34% frente ao real, que segue liderando em ganhos entre as principais moedas emergentes. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.