O dólar hoje opera em alta em meio às tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O mercado também espera o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. No cenário local, a reunião entre ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, está nos holofotes com a possibilidade de algum acordo sobre as tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil.
Por volta das 13h, o dólar subia 0,26%, a R$ 5,4801. Na máxima, a moeda chegou a R$ 5,5198. A moeda perdeu força após o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, defendeu uma relação comercial mais equilibrada com a China. Ele informou também que há “um horário marcado” para o encontro entre o presidente americano, Donald Trump, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, sem dar detalhes.
Segundo o Wells Fargo, a data limite de 1º de novembro para a imposição de restrições às exportações chinesas e tarifas mais altas pelos EUA eleva a probabilidade de os dois países caírem em um cenário de guerra comercial negativa.
Por enquanto, o banco acredita que ambas as principais potências permanecerão em “guerra comercial contida”, mas destaca que os riscos estão voltados para a materialização de um cenário negativo.
O cenário negativo do Wells Fargo projeta que a retórica de escalada persistirá, e tanto a China quanto os EUA tomarão medidas para formar alianças estratégicas com nações estrangeiras, à medida que a fragmentação global liderada pelos dois países se aprofunda. Diante disso, questões estruturais podem pesar sobre a economia chinesa, mas as autoridades repensariam a política tarifária e implementariam mais estímulos fiscais para apoiar o consumo interno.
“Uma política fiscal mais frouxa, combinada com uma política monetária mais acomodatícia, compensa apenas parcialmente as tarifas e a China não atinge sua meta de crescimento de cerca de 5%”, diz o banco, ao mencionar que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficaria em cerca de 4,5% em 2025 e, em 2026, desaceleraria para 4,0%.
Investidores também aguardam o presidente do Federal Reserve, o banco central americano. Powell discursa às 13h30 (horário de brasília). O mercado deve aguardar sinalizações de cortes de juros para a próxima reunião de 29 de outubro. Até o momento, 95% do mercado precifica um corte de 0,25 ponto porcentual na reunião de 29 de outubro, segundo dados da plataforma FedWatch da Bolsa de Chicago. A queda de juros nos Estados Unidos tende a desvalorizar o dólar ante real, pois a medida aumenta o diferencial de juros, trazendo mais investidores para o Brasil.
Reunião entre Brasil e EUA sobre tarifaço segue no radar do dólar hoje
O mercado segue de olho na reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio. O ministro acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem a Roma e ao Vaticano nesta segunda-feira (13). Mas, em vez de retornar ao Brasil, o chanceler vai direto de Roma para Washington, a capital americana, a fim realizar nos próximos dias a reunião com Rúbio para discutir a crise diplomática entre os governos. A programação ainda não foi definida.
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A reunião será liderada pelos chanceleres, mas com integrantes das equipes diplomáticas dos dois países. Estão na pauta temas de interesse comum na esfera econômico-comercial, mas também outras prioridades regionais.
Para integrantes do governo, eles podem já começar a discutir, além do tarifaço e das sanções a autoridades brasileiras, um possível acordo para exploração de minerais críticos (com foco em reservas nacionais de terras raras), os planos de regulação de big techs no País e até a crise na Venezuela.
O presidente Lula já pediu a Donald Trump a revogação da sobretaxa de 40% sobre as exportações brasileiras aos EUA e das punições com cassação de vistos e a Lei Magnistky. O chanceler viaja acompanhado de assessores e parte da sua equipe já se deslocou de Brasília para participar da conversa no Departamento de Estado dos EUA.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que irá despachar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre medidas fiscais quando ele voltar ao Brasil.
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O petista havia sinalizado uma reunião para amanhã com ministros para discutir alternativas a medida provisória que aumentava impostos sobre bets, papéis isentos do agro e o outros. A medida perdeu a validade ao não ser votada pelo Congresso.
O ministro disse que o montante a ser cortado de emendas parlamentares depende do cenário e da decisão de Lula, mas afirmou que pode ser até maior que R$ 7 bilhões. O ministro Haddad se reúne hoje na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para debater sobre a isenção do Imposto de Renda. Para ler mais sobre o dólar hoje, clique aqui.