Dólar fecha em queda com temores de paralisação nos EUA e Caged abaixo do esperado
O presidente dos EUA, Donald Trump, tinha reunião hoje com os principais líderes democratas e republicanos no Congresso para discutir o financiamento do governo
Dólar atingiu o menor nível em 15 meses (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje fechou em queda nesta segunda-feira (29) após receios de paralisação do governo americano em semana de divulgação do payroll. O mercado segue atento aos dados do emprego no Brasil pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A agenda conta também com discursos do presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, e de membros do Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed).
No fechamento, o dólar recuou 0,3%, a R$ 5,3223. Na mínima, a moeda chegou a R$ 5,3057. O Caged de agosto registrou a criação de 147.358 novos empregos formais. O resultado ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para um saldo positivo de 182 mil novas vagas. As expectativas para esta leitura variavam de 110 mil a 215.151 vagas.
Mais cedo, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o BC não pode “se emocionar” com um dado isolado para definir os próximos passos da política monetária. “Sempre, nesse começo de inflexão de economia, vão chegar dados mistos, e por isso que é importante que o Banco Central siga sem se emocionar, sem querer reagir imediatamente a partir de um dado isolado”, disse Galípolo durante participação de evento no Itaú BBA, em São Paulo.
Ao comentar sobre o cenário econômico, Galípolo reforçou que ainda vê a inflação de serviços rodando em um nível bastante alto e incompatível com a meta de 3%. Ele também destacou que o mercado de trabalho está resiliente e no nível mais “exuberante” da história do País.
O presidente do BC pontuou, contudo, que o cenário atual tem corroborado a visão original do BC, de que há uma suavização do ciclo econômico. “Acho que esse é um cenário que vem fornecendo e subsidiando aquele cenário [esperado] de uma desaceleração ordenada”, disse o banqueiro central.
Já o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse que a política monetária segue tendo os efeitos esperados, destacando que há setores mais sensíveis a condições financeiras, como o de construção civil, que têm visto impacto em várias linhas de crédito.
Já o setor de consumo, por mais que seja ligado ao crédito, é sensível também à dinâmica favorável de renda, mercado de trabalho e massa salarial, acrescenta o diretor.
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As declarações foram feitas no evento Pesquisa Firmus nesta segunda-feira (29), no Edifício do Banco Central em São Paulo. A Firmus visa a captar a percepção de empresas não financeiras sobre a situação de seus negócios e sobre as variáveis econômicas. Tem a mesma função da Pesquisa Focus, no âmbito do mercado financeiro.
Paralisação dos EUA mexe com o dólar hoje
O presidente dos EUA, Donald Trump, tinha uma reunião marcada hoje com os principais líderes democratas e republicanos no Congresso para discutir o financiamento do governo antes do prazo final de 30 de setembro para manter o governo aberto, disse uma autoridade da Casa Branca no sábado.
Trump havia cancelado anteriormente uma reunião com os principais democratas do Congresso — o deputado Hakeem Jeffries e o senador Chuck Schumer — para discutir o financiamento do governo. Jefferies e Schumer divulgaram uma declaração conjunta na noite de domingo (28) confirmando a reunião de segunda-feira (29) e disseram: “Estamos determinados a evitar uma paralisação do governo”.
Ainda pelo mundo, o mercado segue atento aos discursos de membros do Federal Reserve (Fed). A presidente do Fed de Cleveland, Beth Hammack, afirmou nesta segunda-feira que acredita em uma política restritiva para conter a alta dos preços, já que “a inflação é uma preocupação maior no momento do que o mercado de trabalho”.
Já o presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou que a política monetária dos Estados Unidos permanece em território restritivo e continua “em posição de colocar pressão para baixo na inflação”. Em evento no Rochester Institute of Technology, ele ressaltou que ainda há “um longo caminho” para que o índice de preços ao consumidor atinja a meta de 2%.
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Williams comentou também os efeitos das tarifas recentemente implementadas, destacando que elas “empurraram os preços um pouco para cima no país”, mas que o impacto foi “modesto ou moderado” e menor do que a maioria havia antecipado.
Ainda no radar dos investidores, a agenda econômica internacional da semana tem como principal destaque a divulgação do relatório payroll de empregos dos EUA, na sexta-feira (3).
Na última sessão, o dólar à vista caiu 0,49%, a R$ 5,3360, acompanhando a desvalorização da moeda americana no exterior, após ausência de surpresas negativas na inflação nos EUA e falas de dirigentes do Federal Reserve sugerindo espaço para mais cortes de juros. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.