O dólar hoje opera em alta nesta quinta-feira (21) em meio ao cenário agitado na agenda doméstica, com o mercado atento aos dados da arrecadação e o noticiário político movimentado. A Polícia Federal (PF) indiciou Jair Bolsonaro e aliados e a pesquisa da Genial/Quest apontou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como favorito para vencer a eleição de 2026. No mercado internacional, os desdobramentos do Simpósio de Jackson Hole, do Federal Reserve (Fed), devem chamar a atenção para possíveis sinalizações de corte de juros do BC americano.
Por volta das 10h, o dólar subia 0,3%, a R$ 5,49. Para Felipe Sant’Anna, especialista em Investimentos do Grupo Axia Investing, toda essa instabilidade política no Brasil faz o investidor comprar mais dólar para se proteger em moeda forte. “Portanto, a moeda americana ainda está ‘comportada’, frente ao seu potencial de alta”, diz Sant’Anna.
A agenda desta quinta-feira tem como destaque a divulgação dos dados de arrecadação de julho (10h30). O Tesouro faz leilões de LTN e NTN-F (11h). O secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, participa de evento da FEA/USP (17h30).
Nos Estados Unidos, as atenções se voltam ao Simpósio de Jackson Hole, do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, que começa hoje. Também saem pedidos de auxílio-desemprego, índices de gerentes de compras dos Estados Unidos e vendas de moradias usadas de julho.
Nesta quinta-feira, os EUA e a União Europeia anunciaram a base para um novo acordo comercial e tarifário. Pelo acerto, a UE eliminará tarifas sobre todos os produtos industriais dos EUA e dará acesso preferencial a diversos itens agrícolas e frutos do mar
americanos. Em troca, os EUA manterão um teto tarifário de 15% para a maioria dos produtos europeus, incluindo automóveis e autopeças.
Em relação aos juros americanos, o presidente do Federal Reserve (Fed, de Atlanta, Raphael Bostic, disse que a política monetária é modestamente restritiva e apropriada e que ainda considera um corte de juros para este ano.
Já os dirigentes do Fed de Kansas City, Jeff Schmid, reiterou que continua sendo apropriado que o banco central dos EUA mantenha uma postura de política monetária “modestamente restritiva”. Em entrevista à Bloomberg TV transmitida nesta quinta-feira, Schmid avaliou que os riscos de inflação são marginalmente maiores do que os riscos para o mercado de trabalho, ecoando a última ata de política monetária do Fed, divulgada ontem (20).
Vitória de Lula em 2026 também mexe com o câmbio
No cenário político, o mercado também acompanha a pesquisa Genial/Quaest, que mostra o presidente Lula avançando em todos os cenários de segundo turno e oscilando para cima contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O clima pode ser de cautela também devido ao humor no exterior e o mercado olha a arrecadação, que deve melhorar na margem.
Publicidade
Ainda na política, a Polícia Federal indiciou ontem o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho “03”, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, ao tentar interferir no julgamento da ação penal do golpe.
Já o pastor Silas Malafaia foi alvo de mandado de busca e apreensão no aeroporto do Galeão ao chegar de Lisboa. O ministro do STF Alexandre de Moraes teve um cartão de bandeira americana bloqueado por ao menos um banco no Brasil desde a imposição de sanções financeiras pelos EUA.
Ontem, o dólar fechou em queda de 0,51%, cotado a R$ 5,4729. A ata da reunião do Fed foi o grande balizador da véspera. Os membros do banco central americano disseram que o aumento da inflação no curto prazo parece provável, ainda que a magnitude, timing e persistência da inflação sejam incertas. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.