Por volta das 9h30 (de Brasília), o dólar caía 0,13% sobre o real, a R$ 5,443 na venda. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,40% em agosto, na comparação com julho e na série com ajuste sazonal, informou a autarquia nesta quinta-feira. No mês anterior, o índice havia cedido 0,52% (revisado, de -0,53%).
O resultado de agosto ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que apontava para uma alta de 0,70%. As estimativas do mercado iam de queda de 0,30% a alta de 1,10%.
O IBC-Br ex-agropecuária, que exclui os efeitos do setor da conta, subiu 0,39% na margem, após uma queda de 0,45% no mês anterior (revisado, de -0,43%). O indicador próprio da agropecuária recuou 1,85%, após uma baixa de 0,62% em julho (revisado, de -0,81%). É a quinta queda consecutiva do índice na margem.
O índice de serviços caiu 0,21%, após ter cedido 0,29% no mês anterior (revisado, -0,19%); o da indústria avançou 0,84%, após baixa de 0,99% em julho (revisado, de −1,07%); e o de impostos — equivalente, em linhas gerais, à rubrica de impostos líquidos sobre produtos do Produto Interno Bruto (PIB) — subiu 0,72%, após uma queda de 0,81 (revisado, de -0,69%).
Ainda assim, o cenário fiscal pode continuar limitando uma recuperação do real. A suspensão temporária pelo ministro Benjamin Zymler (TCU) da decisão que obrigava o governo a seguir o centro da meta fiscal alivia a pressão orçamentária, mas reacende dúvidas sobre o compromisso com o déficit zero, o que pode limitar o apetite por risco.
Zymler também informou que não proporá responsabilização de agentes públicos pela execução orçamentária de 2025, como o presidente Lula, e preserva espaço para investimentos e políticas públicas em 2025. A decisão anterior do TCU poderia levar a um corte adicional de R$ 30,2 bilhões para alcançar déficit zero.
Paralelamente, a oposição no Senado articula um destaque ao Projeto de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para obrigar o governo a perseguir o centro da meta fiscal. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, disse que a equipe econômica sempre busca cumprir o centro da meta, ou mais.
Além disso, persistem incertezas sobre como o governo irá compensar a derrubada da MP com alternativas ao aumento do IOF. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou algumas propostas ontem ao presidente Lula. Há medidas que já constavam da MP, mas que podem ser apresentadas na forma de projetos de lei.
A agenda do dia inclui a participação do diretor do BC, Nilton David, em evento do UBS BB, em Washington. O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reunirá na tarde de hoje com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em Washington, para tratar sobre o tarifaço americano contra o Brasil.
Guerra tarifária e cortes de juros nos EUA ditam ritmo do dólar hoje
Na véspera, o presidente americano, Donald Trump, afirmou que o país está “em uma guerra comercial com a China.” Ouro e petróleo sobem, mas o minério de ferro segue caindo há três dias.
O diretor do Fed, Stephen Miran, disse hoje que o corte de juros deveria ser de 0,5 ponto porcentual, mas será provavelmente de 0,25 ponto porcentual. Para ele, um acordo rápido entre EUA e China pode contribuir para crescimento forte do PIB em 2026 e ponderou que a resiliência da economia americana depende também de taxas de juros ao nível apropriado.
Já o diretor Christopher Waller defendeu um corte de juros na próxima reunião do banco central americano como a “coisa certa a fazer” para apoiar o mercado de trabalho dos EUA, em entrevista à Bloomberg na manhã desta quinta-feira. “Mas não queremos cometer um erro com a política monetária, por isso devemos ter cautela”, disse ele. “Podemos cortar em 0,25 ponto porcentual e ver o que acontece”.
Waller afirmou que dados de múltiplas fontes sinalizam um enfraquecimento do mercado de trabalho nos EUA. “Meu mandato é sobre emprego máximo e inflação estável, não sobre mercados financeiros. Acredito que a inflação ficará bem, mas o mercado de trabalho não está bom”, disse, ao ser questionado. A estimativa do dirigente para a inflação é de avanço de 2,5% neste ano, excluindo as tarifas.
Ontem, o dólar à vista caiu 0,14%, a R$ 5,4624, acompanhando o recuo global da moeda americana após declarações de dirigentes do Federal Reserve com tom mais dovish.