O que este conteúdo fez por você?
- Eduardo Glitz vê a proximidade de um ano turbulento como “irrelevante”, ao menos nos seus planos de, junto dos também ex-XP Marcelo Maisonnave e Pedro Englert, colocar a gestora NVA Capital em funcionamento, no último 9 de novembro
- Ele e os dois parceiros estão de olho no segmento de fintechs, que é por onde acreditam conseguir abocanhar parte desse lucro gerado pelas grandes instituições financeiras, que continuará elevado, em sua visão, com ou sem crise
- “Queremos que, em três anos, pelo menos três dessas empresas abram capital ou se tornem unicórnios. Esse é o objetivo número um. O que não descarta que pretendemos sim continuar investindo em outros negócios”, garante Glitz.
Se a eleição presidencial de 2022 tem feito muito gestor adicionar doses de cautela nas suas posições, o especialista em finanças Eduardo Glitz, ex-sócio da XP Investimentos, vê a proximidade de um ano turbulento como “irrelevante”. O pleito não interferiu nos seus planos de lançar a gestora NVA Capital, junto com os sócios Marcelo Maisonnave e Pedro Englert, ambos também ex-XP.
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A pouca importância da disputa eleitoral para o negócio, segundo Glitz, nada tem a ver com arrogância ou desprezo pelo evento político em si, mas porque ele tem convicção de que, com ou sem crise, o sistema financeiro continuará gerando bons lucros – para os quais ele e os parceiros estão focados.
“A grande oportunidade hoje no sistema financeiro do Brasil está em cima da ineficiência dos atuais oligopolistas das estruturas desse mercado”, afirma Glitz.
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Por isso, o trio está de olho no segmento de fintechs, que é por onde acreditam conseguir abocanhar parte desse lucro gerado pelas grandes instituições financeiras, que continuará elevado, em sua visão, com ou sem crise.
Os empresários têm nove empresas das quais são fundadores diretos ou investidores: Monkey, Startse, Warren, Vórtx, Fitbank, BMC News, Yuool, Lovin e Captable. Estas, que atuam nos segmentos de crédito, investimentos, pagamentos, educação e conteúdo, ganharam musculatura até aqui, com a ajuda de dez aportes vindos de fontes de peso, como JP Morgan, Kaszek, GIC, Kinea, Pátria.
Mas a partir de agora, por meio de uma gestora criada com recursos próprios e sem aportes de terceiros, eles querem centralizar o capital em uma estrutura mais “profissional”, para otimizar os investimentos nos atuais negócios, embora não descartem expandir o portfólio, com a aquisição ou aceleração de novas empresas.
“Queremos que, em três anos, pelo menos três dessas empresas abram capital ou se tornem unicórnios. Esse é o objetivo número um. O que não descarta que pretendemos sim continuar investindo em outros negócios”, garante Glitz.
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Embora não divulgue o volume de capital no caixa da NVA em seu nascimento, o executivo diz que a ideia é fazer rodadas de investimento, no intervalo de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões. Nem mais, nem menos. E ele frisa que empreendedores com vasta experiência no mercado financeiro, com ideias inovadoras para o setor de fintechs, sairão na frente.
“Dentro do segmento de fintechs, o segmento de meio de pagamento é um em que não estamos presente. No de conteúdo, estamos, mas gostaríamos de estar mais”, diz Glitz, sem citar exemplos de companhias que poderiam figurar no portfólio da NVA Capital.
Leia os principais trechos da entrevista de Eduardo Glitz para o E-Investidor.
E-Investidor – De onde veio a inquietação para criar a gestora?
Eduardo Glitz – A gestora vem com o objetivo de ser o fundo que faz o controle de todas as nossas participações em todos os nossos negócios. Temos hoje nove empresas, e da grande maioria nós somos fundadores ou entramos logo nas rodadas iniciais de investimento. Mas nós entendemos que chegou a hora de acompanhar o crescimento dessas empresas, a profissionalização, e ter uma estrutura melhor para dar suporte para todas essas empresas. Então é uma gestora somente de capital próprio, dos nossos recursos.
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E-Investidor – Como vai se dar isso na prática? Só para as empresas atuais ou também novos negócios?
Glitz – Não descartamos investir em outros negócios, mas esse não é o nosso objetivo número um. Como nós trabalhamos só com recursos próprios, diferente de um fundo tradicional de venture capital, que recebe aportes de terceiros e precisa fazer os investimentos, afinal, ele recebeu o dinheiro para isso, não vamos ter nenhuma pressa para fazer novos investimentos. Na média, no passado, fazíamos de um a dois investimentos por semestre, mas não temos objetivo de continuar nesse ritmo. Nossa meta é o sucesso das nossas atuais empresas. Queremos que, em três anos, pelo menos três dessas empresas abram capital (provavelmente na Nasdaq) ou se tornem unicórnios. Das dez, pelo menos cinco estão preparadas para efetivar isso nos próximos três anos.
E-Investidor – Como vai se dar a divisão dos três sócios no negócio?
Glitz – A gente tem habilidades complementares. Trabalhamos juntos há mais de 15 anos. Esse longo período permitiu conhecer melhor as habilidades e a complementaridade de cada um, e buscamos nos dividir por negócio e não por áreas. Existe o dono do negócio, que é mais responsável, mas os demais em volta sempre tentam participar o máximo possível, trazer insights, conexões e ajuda.
E-Investidor – Mas como vai ser a organização em funções, por exemplo, de CEO, CFO?
Glitz –Não temos essa condição diferenciada entre nós três. Vamos ter um time, estamos recrutando pessoas para nos ajudar a dar suporte a esses negócios, para que possamos compartilhar mais as melhores práticas. Se uma das empresas está tendo muito sucesso na forma de captar recursos, por exemplo, vamos ver como replicar nas outras.
E-Investidor – As empresas estão hoje em cinco verticais (crédito, investimentos, pagamentos, educação e conteúdo). Vão focar em uma destas?
Glitz –A nossa prioridade é fintech. Temos outras empresas no portfólio que não são fintechs, mas a nossa prioridade para os próximos investimentos é fintech, por conta da nossa expertise. O Marcelo foi fundador da XP, nós (Eduardo e Pedro) fomos sócios praticamente desde o início, na XP também.
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E-Investidor – Acredita que toda empresa vai virar fintech? É por isso o foco?
Glitz – Toda empresa, no final das contas, tem transações comerciais, que significam fluxo financeiros. Quando você começa a ver as oportunidades que podem surgir diante desses fluxos financeiros, juntando tecnologia, acreditamos muito nisso sim. Como colocar uma fintech dentro de uma varejista.
E-Investidor – Como deverão ser os investimentos feitos pela gestora?
Glitz –Nós investimos de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões. Nem mais, nem menos. Esse é o ‘range’ do nosso investimento inicial hoje. Se vier uma empresa com rodada de R$ 50 milhões, R$ 100 milhões, R$ 200 milhões, ela não faz parte da nossa tese. Assim como as que querem captar R$ 50 mil, R$ 100 mil, R$ 200 mil, porque são muito pequenas.
E-Investidor – Consideram entrar em novos negócios?
Glitz –Dentro de fintechs, o segmento de meio de pagamento é um em que não estamos presente. No de conteúdo, estamos, mas gostaríamos de estar mais. Mas não tem hoje uma linha específica, em que estamos à caça. Procuramos fundadores de empresas que estão fazendo algo inovador no mercado financeiro.
E-Investidor – Como foi a decisão de estrear esse projeto às vésperas de um ano turbulento de eleições?
Glitz – Para a gente, isso é irrelevante. Não querendo ser arrogante ao dizer isso, mas é irrelevante porque a grande oportunidade hoje no sistema financeiro do Brasil está em cima da ineficiência dos atuais oligopolistas das estruturas desse mercado. As fintechs surgem porque tem muito dinheiro sendo gerado. Então, como é que eu pego um pedaço disso? Independentemente de ter ou não crise, ou de ser um ano difícil, as grandes instituições financeiras vão continuar entregando grandes resultados, o que gera oportunidade para as startups entenderem que tem cliente sendo mal atendido, tem oportunidade numa área ou tem uma coisa que ninguém está fazendo, tentando abocanhar um pedaço desses lucros gerados pelas grandes instituições.
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E-Investidor – Como se prepararam para que o ambiente político não interfira no negócio?
Glitz –As metas estão audaciosas para todos os nossos negócios. O que menos vai crescer tem meta de crescimento de quase três vezes. O que demonstra o quão otimista estamos, independentemente do cenário, porque a ineficiência existe. A taxa de administração dos fundos nos bancos continua enorme. Então, o cliente vai continuar investindo e só vai migrar. A taxa do crédito também continua enorme. Ou seja, o cliente só vai buscar um crédito mais barato e assim por diante, em todos os subsegmentos do mercado financeiro. É um serviço de primeira necessidade, que todos usam, independentemente da crise.
E-Investidor – Qual o melhor cenário para vocês, em relação ao resultado das eleições de 2022?
Glitz – As nossas empresas vão crescer independentemente do cenário. Além disso, é um momento muito inicial de eleições. Da mesma forma que o Warren Buffett diz que investe em ações a longo prazo, independentemente do curto prazo, a nossa cabeça com as nossas startups é exatamente essa. Todas elas estão capitalizadas. As que estão em processo de capitalização, o mercado está recebendo super bem, para fazer novas rodadas mais para frente. Então, não existe esse temor em termos de cenário político nesse momento.