

A Eletrobras (ELET3;ELET6) dobrou o seu lucro financeiro em um ano ao reportar ao mercado um montante de R$ 10,4 bilhões em 2024. O volume é 136% superior ao registrado no balanço referente ao ano anterior. O destaque positivo também ficou em torno dos dividendos. A companhia do setor elétrico propôs um provento adicional de R$ 1,7 bilhão, o que representa um total de R$ 4 bilhões para 2024. Essa será a maior distribuição de dividendos da história da Eletrobras.
Contudo, os números não foram vistos como excepcionais pelos analistas de mercados. O Citi, por exemplo, diz que o desempenho operacional da companhia foi afetado por maiores despesas controláveis e maiores custos com a compra de energia, embora reconheça como uma notícia positiva a distribuição de dividendos.
“Os custos foram impactos por maiores custos de serviços (+27% na comparação anual), que mais do que compensaram a redução nos custos com pessoal (-13%). Vale ressaltar que os custos costumam ser mais voláteis no quatro trimestre, razão pela qual faz sentido olhar para os resultados anuais”, escreveram João Pimentel e Felipe Lenza, analistas do Citi, em relatório.
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Tal aumento das despesas impactou no EBITDA ajustado (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que foi de R$ 5.089 milhões no quatro trimestre do ano passado. O resultado veio 4,2% abaixo das estimativas da XP que esperava um resultado de R$ 5.314 milhões. Por outro lado, a corretora destaca como postivo a redução de R$ 779 milhões nos empréstimos compulsórios durante o trimestre, além da melhora do balanço energético com a queda da exposição de energia não contratada.
“Apesar do resultado abaixo do esperado no EBITDA, temos uma visão positiva sobre o portfólio de energia, representando posições de energia menos voláteis no futuro”, disseram Vladimir Pinto, head de energia e Saneamento, e Bruno Vidal, analista de utilities, em relatório da XP.
As ações da Eletrobras (ELET3;ELET6) podem subir?
Mas a boa notícia é que outros fatores relacionados a Eletrobras reforçam a tese de investimento sobre as ações. Um deles, segundo a Genial Investimentos, é a recuperação dos preços de energia elétrica devido as chuvas menos intensas. Como hove uma descontratação em torno de 18% em 2025, a corretora enxerga uma oportunidade da companhia elevar a sua taxa de contração a preços mais interessantes.
O outro ponto, talvez o mais importante, é a resolução da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), movida pelo Advocacia Geral da União (AGU), que questionava o modelo de privatização da companhia e buscava resgatar para o governo o controle das decisões da empresa. Com uma conciliação no fim de fevereiro deste ano, a Eletrobras e a AGU definiram limitar em 10% o poder de voto para os acionistas e para o governo que possui 30% das ações da empresas.
Ficou acordado também que a União tem o direito de indicar três membros para o conselho de administração e um para o conselho fiscal e suplente. Com a resolução da ADI, que se arrastava desde maio de 2023, o principal risco da companhia deixa de assombrar os investidores. “O fim da ADI, em nossa perspectiva, trás ganhos nos fundamentos da empresa. Portanto, não só traz maior visibilidade de ganhos de valor para o case, como também permite que as futuras estratégias saiam do papel e sejam, de fato, executadas”, avalia a Genial em relatório, divulgado no fim do fevereiro.
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Dado os fatores positivos, a corretora mantém recomendação de compra para as ações ordinárias da Eletrobras com um preço-alvo de R$ 52, o que representa um potencial de valorização de 30,1% em comparação ao pregão de quinta-feira (13). O Citi também possui recomendação de compra para a companhia, mas com um preço-alvo de R$ 54 por ação. Já a Ativa Investimentos enxerga um potencial de valorização do papel em torno de 47,6% ao estabalecer um preço-alvo de R$ 59 para os papéis da Eletrobras (ELET3;ELET6).