

O Ibovespa ganhou fôlego ao longo de novembro e encerrou o mês com uma valorização de 12,54% no acumulado mensal, aos 127.331,12 pontos.
Esse é a maior alta desde novembro de 2020, quando o principal índice da B3 avançou 15,90% no acumulado mensal, segundo dados da Economática.
No entanto, nem todas as ações listadas do índice apresentaram um resultado positivo. As companhias expostas à commodities e a riscos políticos tiveram os piores desempenhos da Bolsa no acumulado mensal.
Segundo a Ágora Investomentos, as ações da 3R Petroleum (RRRP3) foram as que apresentaram a maior desvalorização no acumulado de novembro. O pessimismo para o papel reflete a decisão do Goldman Sachs em rebaixar a recomendação para as ações da empresa de compra para a venda. O banco norte-americano alegou que as revisões de lucros no acumulado do ano até o momento foram consistentemente negativas, possivelmente refletindo entregas abaixo do esperado.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“Acreditamos que atingir a meta de produção de 2024 definida no relatório de certificação de reservas é um desafio e pode levar a novas revisões negativas”, afirmaram os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, em relatório. Com o rebaixamento, o preço-alvo do papel caiu de R$ 38,50 para R$ 31,10. As ações da Petroreconcavo (REV3) também acompanharam esse movimento e entraram na lista das maiores perdas do IBOV com uma desvalorização de 4,44%.
O movimento de queda também foi acentuado em virtude do ciclo de queda de juros. “Houve também um movimento de troca de posição com investidores reduzindo a exposição às ações de commodities e buscando nomes que se beneficiam da queda dos juros”, acrescentou a Ágora.
As ações da Cemig (CMIG4) também amargaram perdas em novembro e fecharam o mês com um queda de 5,7%. A desvalorização reflete um processo de federalização (transferência do controle do Estado para o governo federal), enquanto as expectativas do mercado são que a companhia seja privatizada durante a gestão do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “A proposta é economicamente atrativa para o Governo de MG, mas negativa para as empresas envolvidas, que deverão seguir com volatilidade no curto prazo”, disse Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset.
A proposta de repasse da empresa – e outras estatais mineiras – para a União serviria para abater parte da dívida que o Estado possui com o governo federal, que chega a aproximadamente R$ 160 bilhões. Os rumores iniciais da proposta já foram suficientes para as quedas nos papéis da Cemig, mesmo após o governo mineiro ter enviado à companhia, segundo o Broadcast, ofício em que manifesta não haver qualquer definição de Zema sobre a federalização. Num único pregão, do dia 22 de novembro, a CMIG4 chegou a derreter 9,71%. Nos últimos dias do mês, porém, o papel apresentou algumas altas que diminuíram a desvalorização em novembro.
A proposta fez investidores relembrarem da Eletrobras (ELET6), estatal que foi privatizada pela União em 2022. Em relatório do Safra, os analistas Daniel Travitzky, Carolina Carneiro e Mario Wobeto afirmaram que quando a Eletrobras era controlada pelo governo, “tinha desempenho operacional péssimo”, principalmente em seu braço de distribuição, com excesso de capex (investimentos) e retornos pouco atraentes em todos os segmentos em que atuava, além de alavancagem extremamente elevada. “Consequentemente, durante muitos anos a empresa foi negociada muito abaixo de seu valor contábil”, concluíram.
Publicidade
As ações da São Martinho (SMTO3) e do Grupo Pão de Açúcar (PCAR33) também encerram novembro no vermelho. Segundo a Ágora, as quedas foram de 4,6% e de 5,8% no acumulado mensal, respectivamente.