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Enjoei: ações derretem 66,3% no acumulado do ano. É hora de comprar?

No acumulado do ano, a empresa de tecnologia amarga uma queda de 64,09% chegando a custar R$ 4,56 cada papel

Enjoei: ações derretem 66,3% no acumulado do ano. É hora de comprar?
Aplicativo para celular da Enjoei (ENJU3). Foto: Nilton Fukuda/Estadão
  • Embora tenha apresentado crescimento na receita líquida no 2T21, a empresa registrou um prejuízo de R$ 30 milhões, prejudicando a sua rentabilidade
  • O retorno das atividades comerciais de forma presencial é um dos fatores que contribuem para a desaceleração econômica da companhia
  • A falta de controle das vendas de produtos falsificados dentro da plataforma também não atrai os investidores

As ações do Enjoei (ENJU3) não têm apresentado bom desempenho nas últimas semanas, algo nada animador para os investidores. No acumulado do ano, a empresa de tecnologia com atuação no varejo amarga queda de 66,3% chegando a R$ 4,28. A recomendação dos analistas ouvidos pelo E-Investidor é neutra para a compra dos papéis. Os motivos para a baixa estão relacionados ao retorno das atividades presenciais e ao tipo de negócio da empresa.

Do dia 15 de outubro até o dia 21, os preços dos papéis sofreram sucessivas quedas. A recuperação só aconteceu nesta segunda-feira (25), quando as ações cresceram 2,3%. Hugo Queiroz, diretor da TC Matrix, cita uma das razões para o baixo interesse do mercado: logística. Na avaliação do analista, mesmo sendo uma companhia de tecnologia, ela atua no setor de varejo com a oferta de serviços de e-commerce, mas não dispõe de uma estrutura logística competitiva.

“O (Enjoei) não é tão tecnológico. A empresa é muito mais uma varejista de e-commerce e, naturalmente, está no múltiplo próximo da Magazine Luiza, talvez”, explica. “O mercado está enxergando que falta uma vantagem competitiva e que a empresa não tem uma logística robusta tão sofisticada quanto as outras”, acrescenta.

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Apesar dos problemas citados por Queiroz, a companhia apresentou aumento na sua receita líquida nos dois últimos trimestres. De acordo com os dados financeiros da empresa, a receita líquida deste segundo trimestre mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2020, correspondia a R$ 12,9 milhões. No ano seguinte, saltou 105%, chegando a R$ 26,5 milhões.

Mas as perdas financeiras também ganharam destaque. Ainda conforme os relatórios da Enjoei, o prejuízo durante o 2T21 foi de R$ 30 milhões. “A previsão para o resultado do terceiro trimestre é que a empresa continue com os prejuízos. A Enjoei está crescendo, mas não lucra”, ressalta Rafael Bombini, especialista em renda variável da EWZ Capital.

Bombini acrescenta ainda que os dados positivos apresentados pela companhia não trouxeram rentabilidade devido aos custos operacionais. “A empresa teve queda na margem bruta por conta dos maiores custos com frete e logística. Além disso, teve lucro antes de juros, impostos e depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado para R$ 19 milhões negativos”, afirma.

Reabertura do comércio

Há outras razões que podem ter contribuído para a depreciação dos papéis da Enjoei e até para os resultados financeiros da empresa. Segundo Danniela Eiger, Head de Varejo e Co-Head de Equity Research, como o perfil da companhia é de e-commerce, o retorno das atividades comerciais no presencial impactou as vendas dentro da plataforma.

“Em relação a expectativa para o fim do ano, a gente imagina que a empresa tenha crescimento, mas enxergamos que a dinâmica de abertura das lojas físicas pode jogar contra a empresa. Querendo ou não, eles têm como competidor de mercado o varejo físico”, explica.

Além desse fator, o ajuste na taxa de comissão cobrado aos usuários da plataforma não agradou os investidores. “Reduziram a taxa de comissão cobrada para os vendedores e esse ajuste gerou uma certa frustração em relação aos resultados da empresa. Mas de acordo com a companhia, vai ter uma melhora a médio prazo nos resultados”, acrescenta.

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Rodrigo Crespi, especialista de mercado da Guide Investimentos, também tem a mesma perspectiva que Eiger. Segundo ele, o cenário para varejo, principalmente o eletrônico, não é um dos melhores mesmo com as festas de fim de ano. “A elevação da taxa de juros, inflação mais alta e queda de renda do consumidor não deixam a gente otimista com a empresa”, explica Crespi. Por isso, a recomendação da Guide é neutra para as ações do Enjoei.

Produtos falsos

A falta de controle da qualidade dos produtos que são vendidos dentro plataforma também é outro empecilho para o crescimento da empresa. No início do mês de agosto, o Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil contra a Enjoei para investigar a venda de produtos falsificados dentro da plataforma. O processo segue sob sigilo.

Na avaliação de Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, a falta de fiscalização prejudica a imagem da empresa e não atrai o investidor. “Eles (Enjoei) não têm controle do que é colocado à venda na plataforma. Não têm uma punição para quem faz esse tipo de venda (de produtos falsificado)“, afirma.

Segundo Vieira, o problema se agrava ainda mais com a quantidade de empresas que anunciam dentro da plataforma a venda de produtos falsificados. “Se a empresa retirar todos vendedores que vendem produtos ilegais, vão precisar melhorar muito a parte de tecnologia, porque basicamente não vai ter muito produto dentro do site”, ressalta.

Em nota, o Enjoei informou ao E-Investidor que foram barrados mais de 65 mil uploads de ofertas de produtos falsificados na plataforma nos últimos quatro meses. De acordo com a companhia, medidas estão sendo adotadas para o combate de fraudes por meio de soluções tecnológicas.

“As soluções tecnológicas impedem a maioria das publicações de produtos falsificados, mas alguns precisam ser rastreados manualmente e banidos. E é o que tem sido feito”, garantiu a empresa em comunicado.”O Enjoei continuará agindo com seriedade e firmeza contra a venda de produtos falsificados na plataforma” acrescentou.

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