O que este conteúdo fez por você?
- A análise considerou os múltiplos ROE, DY e o P/L para identificar a ação mais barata e mais lucrativa da B3
- O resultado mostrou que as ações da Metal Leve (LEVE3) entregam ao investidor os melhores múltiplos da bolsa de valores
- Apesar da atratividade, os analistas ressaltam a necessidade de avaliar as projeções para os próximos anos da empresa antes de incluir na carteira
O mercado de ações não está no seu melhor momento. A saída em massa dos investidores estrangeiros que soma R$ 37,9 bilhões em 2024, segundo dados mais recentes da B3, e a desconfiança dos investidores com a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas formam uma tempestade perfeita contra a Bolsa de Valores brasileira. O pessimismo generalizado influenciou no desempenho do Ibovespa, que caminha para encerrar o primeiro semestre do ano com uma desvalorização acima de 8%.
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O período de baixa não representa o fim da classe de ativos de renda variável. Pelo contrário, o cenário abre janelas de oportunidades aos investidores para incluir ações boas pagadoras de dividendos a preços mais acessíveis. Isso porque um levantamento realizado por Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, conseguiu identificar a ação mais lucrativa e com o maior desconto (ou seja, abaixo do seu valor considerado ideal pelo mercado) da bolsa de valores.
A análise se baseou em três múltiplos para encontrar qual seria a melhor companhia da B3 para se ter na carteira. São eles: retorno sobre Patrimônio (ROE – sigla em inglês), dividend yield (DY) e preço sobre lucro (P/L). Com esse filtro, as ações da Metal Leve (LEVE3) apresentaram os melhores resultados entre todos os papéis listados.
O principal deles, segundo os dados de Sobreira, corresponde ao ROE da companhia, que permanece no patamar de 44,12%. Na prática, isso significa que a cada R$ 1 investido na companhia o ganho para o investidor chega a R$ 0,44. A título de comparação, o ROE da Metal Leve é 16,69 pontos porcentuais acima da Petrobras (PETR3/PETR4), conhecida por distribuir dividendos robustos aos seus acionistas.
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O dividend yield de 26,03% da empresa também chama a atenção. Além de ser superior ao dobro da Selic, que permanece a 10,50% ao ano, o percentual ficou bem acima dos DYs das outras companhias que entraram no ranking das cinco ações mais baratas e mais rentáveis da bolsa de valores.
Já o preço sobre o lucro (P/L) da ação permanece 5,29x e sinaliza ao investidor que a ação poLde estar sendo negociada abaixo do seu valor ideal com base no lucro da empresa e no cenário econômico atual. “Com a Selic a 10,50% ao ano, um bom poder de lucro de uma companhia ao investidor corresponderia a um retorno de 15%. Na prática, isso equivale a um P/L perto de 6,7x. Portanto, qualquer P/L menor do que 7x começa a ser interessante”, explica o analista.
Veja as ações da bolsa mais descontadas e mais lucrativas
| Ranking | Ação | P/L | ROE | DY |
| 1 | LEVE3 | 5,29 | 44,12% | 26,03% |
| 2 | PETR4 | 4,24 | 27,43% | 17,99% |
| 3 | VBBR3 | 4,17 | 43,12% | 7,03% |
| 4 | BRAP4 | 4,81 | 19,79% | 16,50% |
| 5 | VLID3 | 4,04 | 22,61% | 9,37% |
| Fonte: Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos | ||||
Por que está tão barata?
A Metal Leve (LEVE3) é uma empresa do setor automotivo que atua na fabricação e na comercialização de itens de motores a combustão e filtros automotivos com seis polos industriais, sendo cinco no Brasil e um na Argentina. A companhia também é conhecida pelo seu histórico de ser uma boa pagadora de dividendos e de boas margens de lucro. Em 2023, o lucro líquido atribuído aos acionistas controladores subiu 32,4% em comparação ao ano anterior.
Além disso, a fabricante distribuiu cerca de R$ 10,3 por ação aos investidores em forma de dividendos e de juros sobre capital próprio (JCP). Já em abril de 2024, a empresa aprovou a distribuição de dividendos no valor total de R$ 22,1 milhões, equivalente a R$ 1,63 por papel. Os números ajudaram os múltiplos da Metal Leve (LEVE3) a se tornarem atraentes na bolsa de valores, especialmente em períodos de baixa da bolsa.
No entanto, os analistas argumentam que as cifras não são suficientes para embasar uma decisão de investimento do papel. É preciso olhar outras variáveis que podem impactar nos resultados econômicos da companhia. “A transição global de veículos a combustão para veículos elétricos pode afetar a demanda por componentes de combustão interna que é o principal foco da empresa”, diz Sobreira.
Ou seja, apesar de lucrativa, há dúvidas se a companhia terá condições de se tornar relevante no mercado do setor automotivo ou está em um processo de declínio à medida que os carros elétricos se tornam mais populares. Felipe Martins Passero, CFA e sócio da InvestSmartXP, ressalta que o histórico de distribuição de dividendos da companhia traz esse ponto de preocupação já que a gestão tem distribuído praticamente todo o seu lucro aos acionistas.
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“A empresa não vislumbra oportunidades rentáveis para investir o seu lucro. Isso leva a crer que a gestão da companhia não prevê crescimento de mercado”, ressalta Passero. Dado esse contexto, resta ao investidor investigar se o preço da ação justifica as projeções para os lucros dos próximos anos. Vale destacar ainda que, em outubro do ano passado, a companhia realizou uma oferta de ações secundárias.
Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, observa que a operação indica ao mercado que o controlador da empresa deseja reduzir a sua posição na Metal Leve ao aumentar o número de ações negociadas na Bolsa. “Interpretamos que o controlador avaliou que as ações da companhia estavam caras naquele momento. Por isso, decidimos ficar fora da empresa e mantemos uma recomendação neutra para o papel”, explica Haag.
Em 2023, as ações da companhia subiram cerca de 16% contra 3% em 2024. Já Sobreira também possui a mesma recomendação para as ações da Metal Leve (LEVE3) com um preço-alvo de R$ 32, embora ressalte o crescimento dos lucros e da capacidade da companhia em manter a dívida controlada.
