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ETFs atraem mais investidores, mas patrimônio cai 21%; o que fazer?

Analistas avaliam os fundos de índice como um bom investimento

ETFs atraem mais investidores, mas patrimônio cai 21%; o que fazer?
Os ETFs são produtos financeiros formados por uma cesta de ativos (Foto: Envato Elements)
  • Segundo dados da Teva Indices, o número de investidores com alocação em ETFs aumentou 33% no primeiro semestre deste ano.
  • A oferta dos produtos também cresceu no mercado, enquanto o patrimônio líquido reduziu 21% durante o mesmo período
  • A queda no patrimônio não deve ser motivo para a saída dos investidores em ETFs. Segundo analistas, os produtos oferecem diversificação na bolsa

A indústria de ETFs (Exchange Traded Fund) segue em expansão no mercado brasileiro. Um levantamento realizado pela Teva Indices, a pedido do E-Investidor, revelou que o número de investidores alocados na classe de ativos cresceu 33% no primeiro semestre de 2022.

O lançamento de novos produtos impulsionou o interesse dos brasileiros. Durante o mesmo período, a oferta desta categoria de fundos aumentou 23% na Bolsa de Valores. O patrimônio líquido, no entanto, não acompanhou esse crescimento.

No ano passado, todos os ETFs listados na B3 somaram um patrimônio líquido (diferença entre o que a empresa gera de recursos menos as suas despesas) de R$ 49,5 bilhões. Já nos primeiros seis meses deste ano, o valor caiu para R$ 38,9 bilhões, uma queda de 21,4%.

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Os motivos para esta perda têm relação com o cenário macroeconômico. Segundo Eduardo Fedat, sócio e RI da LifeTime Asset Management, como são produtos formados por uma cesta de ativos de ações ou que replicam algum índice, os resultados tendem a acompanhar a performance das ações que o compõem.

“Se estou posicionado em um ETF que replica um determinado índice e ele sofre variação negativa, o volume patrimonial irá diminuir”, diz. Apesar do resultado, os dados da Teva mostram ainda que, no primeiro semestre deste ano, os ETFs conseguiram ter perdas menores do que os fundos de investimentos.

Enquanto os ETFs de ações nacionais perderam R$ 4,5 bilhões de janeiro a junho deste ano, a indústria de fundos registrou queda de R$ 113 bilhões no patrimônio. João Paulo Fernandes, head de pesquisa quantitativa da Teva Indices, explica que a diferença está na performance entre os dois produtos.

“Os fundos de gestão passiva (os ETFs) apresentaram uma performance acumulada de -6% no primeiro semestre. Quando você olha para os fundos de investimentos, a performance corresponde a uma queda de 14% durante o mesmo período”, detalha.

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O que fazer?

A queda do patrimônio líquido não deve ser motivo para a retirada de posição em ETFs. Segundo Felipe Cima, broker de renda variável da Manchester Investimentos, o investidor precisa ter em mente que os retornos financeiros costumam surgir em um intervalo de tempo de cinco anos a seis anos.

Por isso, a recomendação é a realização de aportes constantes nos produtos para aumentar o seu potencial de remuneração durante este intervalo de tempo. “Se você investe hoje para ganhar amanhã, você terá pelo menos 50% de chances de queda. É a mesma coisa na hora de comprar um imóvel. Você não compra hoje para vender amanhã com uma valorização de 50%”, ressalta Cima.

No entanto, assim como ocorre com as ações, há estratégias que os investidores precisam seguir antes de alocar recursos em ETFs. O primeiro deles é a busca por diversificação. Embora o produto ofereça uma cesta com diversos ativos, existem índices classificados como temáticos, o que pode trazer maior risco para os investidores.

Segundo Alberto Amparo, head de análise internacional da Suno, isso acontece porque, quando há uma especulação de crescimento para um determinado setor econômico, as ações relacionadas ao novo segmento costumam ficar bastante valorizadas. O problema é que o mercado não tem a certeza de quais serão os cases que irão dar certo.

"Basicamente de 1995 a 2000, quase tudo relacionado a internet subia, mas a maioria das empresas de internet fracassou aos poucos.É preciso tomar cuidado com setores que estão na moda porque se o setor estiver crescendo não significa que as empresas sao um bom investimento", explica Amparo.

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Com esta perspectiva, os ETFs que replicam índices de grandes economias, como a dos Estados Unidos, oferecem mais segurança para o investidor devido à diversificação de ativos e setores da indústria. "Não importa o setor que está ganhando porque você vai estar levando uma cesta com tudo. Então, ao longo do tempo, você irá acompanhar o crescimento da companhia de um país", ressalta Amparo.

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