A confirmação da fusão entre Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) faz os papéis da empresa subirem nesta quinta-feira (16) e os ativos devem continuar com o dia positivo, disseram analistas ouvidos pela reportagem. No entanto, eles avisam que a alta deve continuar contida e sem grandes saltos acima de 15%, visto que essa notícia não é fato novo e já foi parcialmente precificada pelo mercado. Além disso, a ação pode até corrigir no fechamento e encerrar o dia no negativo.
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Às 13h50min, as ações da Azul subiam 4,08%, a R$ 4,59. Enquanto isso, as ações da Gol saltavam 7,36%, a R$ 1,75. No mesmo horário, o Ibovespa recuava 1,12%, a 121.281,15 pontos. Na visão de Acilio Marinello, sócio-diretor da Essentia Consulting, essa alta mais contida acontece pelo fato de o mercado já ter apresentado um tom otimista na véspera, o que causa essa alta limitada. Na véspera as ações da Azul subiram 6%, enquanto as ações da Gol ficaram estáveis em após dispararem 6,7% na abertura.
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Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, também concorda que as ações devem continuar indo bem no pregão de hoje. No entanto, ele diz que o acordo é não vinculante, depende de várias aprovações e não é definitivo. Ou seja, o investidor deve entender que existe um grande caminho pela frente. “O investidor deve tomar cuidado, pois no fim do dia o papel pode fechar em queda por meio de uma realização de lucros. Isso porque, as ações AZUL4 e GOLL4 já subiram muito ao longo dos últimos pregões e alguns investidores podem querer vender posições para confirmar o lucro”, afirma.
Entenda os detalhes do acordo de fusão
Ontem, as duas empresas informaram que a Abra e a Azul assinaram um Memorando de Entendimentos (MoU) não vinculante visando explorar uma combinação de negócios das duas companhias aéreas no Brasil. Conforme a Gol, o acordo com a Azul representa uma fase inicial de um processo de negociação entre a Abra, que a controla a Gol, e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação.
Segundo o MoU, a transação entre a Gol e Azul estaria sujeita à consumação do plano de reorganização da primeira empresa, além de outras condições e aprovações. Caso a transação seja consumada, é esperado que as duas companhias mantenham suas marcas e seus certificados operacionais de forma independente. “A Abra e a Azul também concordaram no MoU com um princípio comercial de que qualquer combinação resultará em uma alavancagem líquida da entidade combinada que será pelo menos comparável à alavancagem líquida da Gol imediatamente antes do fechamento da potencial transação”, diz o documento.
Quando a fusão entre Azul e Gol deve acontecer?
Em entrevista ao Broadcast na quarta-feira (15), o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que a fusão com a Gol que está sendo negociada com a Abra, dona da Gol e da Avianca, cria uma empresa mais forte e tem chance de ser concluída em 2025, mais para o final do ano. As empresas vão submeter agora a estratégia ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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E passos futuros vão depender da evolução no órgão. “Vamos seguir o calendário do Cade”, disse Rodgerson. As companhias pretendem manter as marcas separadas. “São marcas muito fortes”, disse o executivo.
O que esperar das ações da Azul e da Gol com a fusão
Segundo Felipe Sant’ Anna, da Star Desk, o anúncio da fusão foi positivo, pois tirou o temor do mercado de a união entre as empresas não acontecer. “Esse receio se deu pelo fato de a Gol ter dito que não sabia de nada e que não estava a par de nenhuma negociação”, diz Sant’ Anna.
Na visão de Artur Horta, analista de investimentos da GTF Capital, a fusão entre as empresas aéreas é positiva para as duas, visto que elas teriam uma grande malha aérea e um potencial de crescimento de receitas. Já Max Mustrangi, especialista em reestruturação de empresa e CEO da Excellance, o investidor deve tomar muito cuidado. Isso porque ambas as companhias não estão em uma boa situação financeira e a fusão pode impressionar o mercado com números exuberantes.
“Com a fusão, teremos uma empresa com mais ativos. Assim, fica mais fácil para o mercado ‘vender’ essa notícia como algo positivo para os investidores. No entanto, as pessoas esquecem que o endividamento da empresas aéreas também soma, ou seja, os problemas das empresas vão continuar. Então, o investidor deve tomar cuidado”, afirma Mustrangi.
A dívida da Azul encerrou o terceiro trimestre de 2024 em R$ 30,2 bilhões, enquanto a Gol encerrou o período com uma dívida bruta de R$ 29,4 bilhões. Somando ambas as dívidas, a empresa teria um endividamento de R$ 59,6 bilhões. De acordo com Acilio Marinello, da Essentia Consulting, a fusão vai combinar as rotas das duas empresas. Segundo ele, a Azul tem rotas mais regionais com aviões de médio porte, enquanto a Gol opera mais nas grandes capitais com aviões de grande porte.
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“Isso vai trazer mais um completo de rotas e vai beneficiar as duas empresas. A Gol deve apresentar uma melhora gradativa com a fusão após sair da recuperação judicial e a Azul deve aumentar sua rota de voos. A companhia deve reduzir algumas rotas para otimizar a oferta de voos com a proposta de deixar os aviões operando em capacidade máxima, o que reduz os custos da operação”, argumenta Marinello.
Investidor deve comprar ações da Azul ou Gol agora?
A maioria dos analistas possui uma clara preferência por investimento em Azul, enquanto outros dizem que o investidor não deve ter nenhum dos ativos pela difícil situação das duas empresas. Segundo Horta, como a fusão entre Azul e Gol está encaminhada, é indiferente ter qualquer uma das duas ações, visto que ambas as companhias vão virar uma só. No entanto, enquanto a fusão não se concretiza, ele prefere a ação da Azul, simplesmente pelo fato dela ter mais liquidez, ser mais fácil de vender no mercado.
Para Acilio Marinello, da Essentia Consulting, o setor aéreo é muito complicado para o investidor conservador e moderado. Ele diz que a Azul é a melhor empresa entre as duas, pois a empresa tende a colher mais benefícios com a fusão, que deve aumentar a oferta de voos da empresa, o que deve trazer maiores perspectivas de ganhos financeiros para a aérea.
“O setor aéreo é muito instável, visto que a receita é em reais por operarem no Brasil e as despesas são em dólar, com exceção da folha de pagamento. Sendo assim, essas companhias só devem ser vistas como investimentos para pessoas que não temem a volatilidade do mercado. Com base nessa volatilidade natural dos ativos, vejo que a Azul está mais bem preparada e é o ativo que recomendo ao investidor ter na carteira”, aponta Marinello.
Para os analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI, a recomendação é de compra para Azul, com preço-alvo de R$ 20 para o fim de 2025, uma possível alta de 353,5% na comparação com o fechamento de quarta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 4,41. Em relação à ação da Gol, a recomendação é de venda com preço-alvo de R$ 0,90, queda de 44,8%.
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Com base nas preferências de todos os analistas, o investidor deve tomar cuidado com a empresa que deve surgir após a fusão entre Azul e Gol, visto que metade dela será a Gol, que está em recuperação judicial. Sendo assim, o ideal é ter cautela com o ativo e investir na companhia se o perfil for de grande apetite ao risco.