As atenções de investidores globais estão voltadas ao acirramento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, após o gigante asiático anunciar na madrugada desta terça-feira (04) medidas retaliatórias às tarifas de 10% impostas por Donald Trump aos produtos chineses. O país vai responder com a imposição de tarifas entre 10% a 15% para alguns produtos vindos dos EUA, incluindo carvão, gás liquefeito, petróleo e máquinas agrícolas.
Há uma expectativa de que Trump e Xi Jinping conversem nesta terça-feira em busca de um acordo. Na segunda (03), as tarifas impostas ao Canadá e México foram adiadas por um mês, após acordos dos países com o presidente americano.
Na avaliação do BTG Pactual, o acirramento da guerra comercial não é uma novidade para o mercado, tendo em vista as inúmeras declarações de Trump nesta direção nos últimos meses. Mas, se as tarifas e retaliações realmente se materializarem, o Brasil pode se beneficiar.
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“Tanto o Brasil quanto os EUA estão entre os maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas e, curiosamente, o comércio entre os dois é geralmente pequeno. Isto significa que quaisquer desequilíbrios comerciais que tornem as exportações dos EUA menos competitivas tendem a beneficiar o setor agrícola brasileiro“, afirmam Thiago Duarte, Guilherme Guttila e Gustavo Fabris em relatório.
O argumento é que a atual guerra comercial possui muitas semelhanças com conflitos passados. Em 2018, os EUA também impuseram tarifas de importação sobre produtos chineses, o que levou a China a retaliar as importações agrícolas americanas com uma taxa de 25%. O resultado? Um forte aumento na demanda pela soja brasileira, impulsionando os preços locais.
É isso que o BTG acha que pode voltar a acontecer. “Os produtores brasileiros se beneficiaram significativamente da mudança nos fluxos comerciais. Caso cenário semelhante se desenrolar, o resultado provavelmente refletirá o de 2018, mais uma vez, favorecendo os players brasileiros do setor agrícola.”
E não é só a guerra comercial com a China que poderia favorecer o Brasil. Uma potencial retaliação por parte do México também cria oportunidades para os produtos avícolas brasileiros, destaca o BTG.
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Os EUA são um dos principais fornecedores de aves do México, mas as exportações brasileiras para o país também vêm ganhando impulso. “Se o México transferir mais de suas importações para o Brasil, uma vez que as aves dos EUA se tornem menos competitivas, a JBS (JBSS3) e, em maior medida, a BRF (BRFS3) poderão estar entre as maiores beneficiários”, destaca o relatório do banco.
Na ponta negativa, uma potencial depreciação do dólar canadense – um dos possíveis efeitos das medidas de Trump contra a Canadá – apresentaria um risco para a Ambev (ABEV3), dado que o país representa cerca de 10% do ebitda consolidado da companhia.