- As ações de Magazine Luiza (MGLU3) tocaram o ‘fundo do poço’ na última quarta-feira (4). Os papéis atingiram a mínima de R$ 4,39 durante o pregão, um patamar registrado apenas em meados de 2018
- Para Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, é pouco provável que a companhia reviva os momentos áureos na Bolsa no curto prazo
- Entretanto, há, sim, uma recuperação à vista. Segundo Crespi, a derrocada para as mínimas desde 2018 abriu um bom ponto de entrada no papel
As ações de Magazine Luiza (MGLU3) tocaram o ‘fundo do poço’ na última quarta-feira (4). Os papéis atingiram a mínima de R$ 4,39 durante o pregão, um patamar registrado apenas em meados de 2018.
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Isso significa que a empresa já devolveu toda aquela valorização expressiva entregue durante o início da pandemia. Somente em 2020, a MGLU3 decolou 109,6% e chegou ao pico de R$ 28,24, impulsionada pela maior uso do e-commerce devido ao isolamento social e juros baixos na época.
Depois do tombo, os papéis da empresa se recuperaram e fecharam o pregão de quarta-feira (4) em alta de 7,61%, aos R$ 4,95. No acumulado de 2022, a queda é de 26,34% e em 12 meses de 75,14%.
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Quem segurou os ativos de 1 de janeiro de 2020 até o último fechamento, entretanto, já voltou para o vermelho, com uma queda acumulada de 58,4%. Para Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, é pouco provável que a companhia reviva os momentos áureos na Bolsa no curto prazo. Não há, por ora, gatilhos que levem as ações de volta para a faixa de R$ 20.
Além de estarmos com juros e inflação altos, a competição no varejo aumentou desde o início da pandemia. “Antes tínhamos muito menos concorrência no setor. Hoje temos o Mercado Livre mais forte do que nunca e as asiáticas roubando market share (participação no mercado). Tivemos a chegada da Shein e o avanço da Amazon, que é um player gigantesco. Então as margens acabaram comprimidas nas varejistas brasileiras”, explica Crespi.
Entretanto, há, sim, uma recuperação à vista. Segundo Crespi, a derrocada para as mínimas desde 2018 abriu um bom ponto de entrada no papel. “Acho que é o momento pra comprar. A Magazine Luiza é a melhor entre as três principais varejistas de e-commerce no Brasil”, diz. “Não acho que ela volte para o patamar da pandemia, mas conforme nos aproximamos do fim do aperto monetário, a empresa pode ser uma das grandes beneficiadas.”
Essa também é a visão da Genial Investimentos, que tem recomendação de compra para o papel. O preço-alvo estipulado pela corretora no relatório publicado em março, o mais recente, é de R$ 8. Isso significa um potencial de valorização de 61,6% em relação ao preço do último fechamento.
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“As ações do Magalu estavam sendo negociadas a um preço irracional, onde o mercado chegou a pagar múltiplos de preço/lucro de 413x”, afirma a Genial, em relatório. “Acreditamos que este pode ser um bom ponto de entrada para o longo prazo. No curto prazo, o ruído e volatilidade devem se manter presente no varejo como um todo.”
Timing
A situação da ‘Magalu’ prova que, mais que o momento certo de comprar, o investidor também precisa saber o momento certo de sair de um investimento. De acordo com Crespi, da Guide Investimentos, uma combinação de fatores reverteram o cenário para a ‘queridinha’ do isolamento social.
Em 2020, a taxa básica de juros, Selic, saiu de 4,5% para 2%, mínima histórica, na esteira da crise do coronavírus. O fechamento dos comércios presenciais direcionava a renda dos consumidores para o e-commerce, mas a partir do segundo semestre do ano passado esse movimento foi bruscamente interrompido.
“Depois a conta chegou”, afirma Crespi. “A inflação começou a assustar novamente. Além disso, tivemos riscos políticos, com reformas estruturais que não agradaram o mercado. A reforma tributária foi uma delas. O meio de 2021 foi praticamente o ponto de virada, quando o mercado começou a realizar muito forte.”
Em 2021, a Selic passou dos 2% para 9,25% e a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) chegou a 10,06%. Em ambiente de juros e inflação altos, papéis que dependem de crescimento e que são muito ligados aos ciclos econômicos sofrem mais, já que o aumento de preços corrói o poder de compra da população. Fora o empobrecimento, se torna mais caro para as empresas financiarem suas expansões.
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Os investidores, então, migram para empresas de ‘valor’ (como bancos e companhias ligadas a commodities), mais resilientes a fatores macroeconômicos.
“A Magazine Luiza acabou ficando nessa encruzilhada: a empresa comprava os produtos por um custo mais alto, no exterior, e não conseguia repassar na totalidade (para os clientes)”, explica Crespi. “O mercado passou a não estar mais ‘a fim’ de apostar num papel que não entregava (o crescimento esperado).”
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