"Os 150 mil pontos do Ibovespa vão chegar e vai ser numa passagem, porque a Bolsa segue muito barata", disse Gilson Finkelsztain, presidente e CEO da B3, em evento nesta terça-feira (10). (Foto: Cauê Diniz/Divulgação)
O Ibovespa vai chegar aos 150 mil pontos – e não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”. A afirmação é de Gilson Finkelsztain, presidente e CEO da B3 (B3SA3), que está otimista com a performance da Bolsa de Valores brasileira no próximo um ano e meio.
O IBOV vem de uma trajetória de alta expressiva em 2025, tendo superado o patamar de 140 mil pontos pela primeira vez na história no final de maio. De lá para cá, passou por certa correção, mas se mantém em níveis elevados, ainda que a avaliação do mercado financeiro seja de que as ações continuam baratas.
“Os 150 mil pontos vão chegar e vai ser numa passagem, porque a Bolsa segue muito barata. A dificuldade é saber se vai ser no próximo semestre, porque estamos em um cenário nebuloso no Brasil e no mundo”, disse Finkelsztain em evento promovido pelo Itaú (ITUB3; ITUB4) nesta terça-feira (10).
Um ciclo estrutural de valorização das ações domésticas depende de alguns gatilhos, segundo o CEO da B3. No Brasil, de melhor endereçamento da parte fiscal, que permita que a taxa de juros volte para a casa de um dígito. Nesse caso, o País pode transmitir maior confiança aocapital estrangeiroe se beneficiar de um fluxo que está saindo dos Estados Unidos em busca de novos mercados.
“Com a eleição de Donald Trump, ficou latente que a concentração de 70% da riqueza dos mercados de capitais nos EUA é um risco excessivo. Está contratada uma diversificação por parte de investidores globais, que estão vendendo dólar e alocando em outros mercados”, diz. “Não sei se até o fim do ano a Bolsa vai tocar 150 mil pontos, mas já percebo uma reaproximação do investidor estrangeiro, que já percebem que o Brasil está barato.”
Com o ciclo de política monetária no País perto do fim, quando os juros começarem a cair o investidor brasileiro também tende a voltar. Quando essa janela mais positiva se iniciar, Finkelsztain vê também a volta das operações de abertura de capital (IPOs), que não acontecem na B3 desde 2021.
“Tem várias empresas se preparando para abrir o capital e isso vai acontecer no momento em que a taxa de juros ficar mais baixa, que ficar claro que vamos endereçar o tema fiscal. Talvez não seja esse ano, mas ainda tenho esperança”, afirmou.
Investidor estrangeiro está interessado na Bolsa brasileira
Da cadeira de CEO da B3 (B3SA3), uma empresa listada cuja base de investidores é 85% internacional, Finkesztain tem muito contato com os estrangeiros. E diz que eles estão interessados na Bolsa brasileira, atraídos sobretudo pelos preços ainda baratos das ações locais.
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Até a última sexta-feira (6), dado mais recente disponibilizado pela B3, o fluxo de capital externo somava R$ 23,05 bilhões no acumulado de 2025. Uma entrada que ajudou a impulsionar o IBOV ao recorde histórico de 140 mil pontos.
O interesse maior dos gringos está no setor de serviços, que inclui bancos e serviços financeiros, mas também empresas de saúde, educação. “São empresas muito boas, com preço barato que, se estivessem na Índia, estariam valendo o dobro e estão penalizadas porque o Brasil está com pouco interesse global”, diz o CEO.
Na ponta negativa, o investidor estrangeiro parece mais receoso com os nomes ligados a commodities, encabeçados por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4), dado o nível de incerteza em relação ao crescimento global. E segue ainda cético com as companhias de varejo, muitas delas endividadas e que, com um juro de 15%, têm apresentado dificuldade para gerar resultados melhores.
Às 12h30 desta terça-feira, o Ibovespa subia 0,86%, aos 136.862,23 pontos.