Na agenda econômica, os ministérios do Planejamento e da Fazenda anunciaram nesta terça-feira a liberação de R$ 20,6 bilhões em despesas discricionárias no Orçamento de 2025. O volume de gastos congelados passou de R$ 31,3 bilhões para R$ 10,7 bilhões. A liberação de gastos reflete a expectativa de receitas com a manutenção da maior parte do decreto que aumenta o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além da aprovação, pelo Congresso, de um projeto que permite a venda de petróleo de campos do pré-sal.
Na avaliação de Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, o IBOV tem “andado de lado” com a falta de negociações tarifárias entre Estados Unidos e Brasil após Trump impor uma taxa de 50% aos produtos brasileiros. “Sem grandes indicadores econômicos, o Ibovespa vem operando de lado, com a falta de novidades sobre possíveis acordos em relação às tarifas de Trump. O mercado também está em compasso de espera quanto às decisões de juros nos EUA e no Brasil, que acontecem na semana que vem”, afirma.
Nesta terça-feira, Trump disse ter fechado o acordo comercial com a Indonésia que prevê a eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos americanos, enquanto os EUA aplicarão uma tarifa de 19% sobre os produtos indonésios importados. Na semana passada, o republicanos já havia anunciado ter finalizado pacto com os indonésios, mas a Casa Branca confirmou, em comunicado, que o entendimento foi acertado hoje.
Para Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, enquanto as negociações tarifárias entre Brasil e EUA não se desenrolam, as ações do setor de mineração e siderurgia evitam uma queda maior do índice. “Vale (VALE3) subindo, basicamente por conta do minério de ferro, é o que tem sustentado a nossa Bolsa”, diz.
As ações da mineradora fecharam o pregão em alta de 2,59%. O movimento acompanhou o anúncio do início das obras de uma mega barragem no Tibete, no que pode ser a maior hidrelétrica do mundo, segundo o jornal South China Morning Post. A construção será localizada no curso inferior do Rio Yarlung Tsangpo. A capacidade de geração esperada é de 300 bilhões de quilowatts-hora.
Em Nova York, S&P 500 e Dow Jones subiram 0,06% e 0,4%, respectivamente, enquanto Nasdaq caiu 0,39%. Em dia marcado por balanços corporativos, a GM (GM) teve forte recuo de 8,12%, após anunciar queda nos lucros diante do elevado impacto de tarifas, ainda que o resultado tenha superado as projeções. A Coca-Cola (KO) fechou em queda de 0,59% com receita ligeiramente aquém das expectativas.
O dólar hoje encerrou em alta de 0,04% cotado a R$ 5,567, após passar por oscilações durante o pregão. O índice DXY, que compara a moeda americana com seis divisas fortes, terminou o dia em baixa de 0,47% aos 97,392 pontos.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5) e Auren (AURE3).
CSN (CSNA3): 7,13%, R$ 8,56
As ações da CSN (CSNA3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, disparando 7,13% a R$ 8,56, em dia positivo para o minério de ferro no exterior.
A CSNA3 está em alta de 15,05% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 3,39%.
Usiminas (USIM5): 5,99%, R$ 4,25
Outro destaque de alta foi a Usiminas (USIM5), que avançou 5,99% a R$ 4,25. Em relatório, o UBS BB avalia que um resultado fraco para o segundo trimestre da companhia já parece precificado pelo mercado e que agora os riscos para a empresa se inclinam para o lado positivo.
A USIM5 está em alta de 3,16% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 20,11%.
Auren (AURE3): 4,09%, R$ 9,42
As ações da Auren (AURE3) foram outras que se saíram bem, subindo 4,09% a R$ 9,42. A empresa informou ao mercado que vai ampliar a sua oferta da 3ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em série única. O total vai passar de R$ 500 milhões para R$ 1,15 bilhão, com preço unitário de R$ 1 mil por papel. A data da liquidação financeira das debêntures é de 12 de agosto.
A AURE3 está em baixa de 7,37% no mês. No ano, acumula uma valorização de 8,15%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Vivara (VIVA3), CPFL (CPFE3) e Natura (NATU3).
Vivara (VIVA3): -3,54%, R$ 24,79
As ações da Vivara (VIVA3) lideraram as perdas do Ibovespa hoje, ao tombarem 3,54% a R$ 24,79.
A VIVA3 está em baixa de 8,29% no mês. No ano, acumula uma valorização de 33,14%.
CPFL (CPFE3): -2,85%, R$ 37,22
Outro destaque negativo foi a CPFL (CPFE3), que fechou em baixa de 2,85% a R$ 37,22.
A CPFE3 está em baixa de 8,91% no mês. No ano, acumula uma valorização de 26,9%.
Natura (NATU3): -2,77%, R$ 9,14
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações da Natura (NTCO3), que terminaram o pregão em queda de 2,77% a R$ 9,14, mesmo em dia de alívio nos juros futuros, o que tende a favorecer empresas cíclicas, mais sensíveis aos ciclos econômicos.
A NATU3 está em baixa de 17,29% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 28,37%.
*Com Estadão Conteúdo