Ibovespa fecha o dia em alta e se aproxima do recorde; deflação no IPCA e julgamento de Bolsonaro no radar hoje
Principal índice da B3 avançou 0,54%, aos 142.386 pontos, após dados de inflação e destaque para decisão no STF sobre Bolsonaro movimentarem o noticiário
O Ibovespa hoje fechou em alta, com investidores reagindo aos dados de inflação e ao noticiário político em Brasília. Nesta quarta-feira (10), o principal índice da B3 encerrou em valorização de 0,54%, aos 142.386,85 pontos, depois de chegar a atingir máxima a 143.181,59 pontos. O volume negociado no dia foi de R$ 16,76 bilhões.
Na agenda econômica, a publicação de destaque foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que caiu 0,11% em agosto, após subir 0,26% em julho. A deflação ficou abaixo da mediana das projeções do mercado: a estimativa central do Projeções Broadcast apontava recuo de 0,16%, dentro de um intervalo de -0,27% a -0,07%.
Segundo André Valério, economista sênior do Inter, o mercado ainda deve observar um Comitê de Política Monetária (Copom) cauteloso na reunião da próxima semana, recebendo como boas notícias os dados recentes de inflação, mas ainda julgando insuficiente para iniciar a discussão de cortes da Selic.
“Por outro lado, ainda há muito do atual aperto monetário a ser transmitido para a economia real e para a inflação, e esperamos que tais efeitos sejam sentidos de maneira mais intensa a partir da virada do terceiro trimestre para o quarto trimestre”, diz Valério.
Em paralelo, segue no radar dos investidores, a ação penal da trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Hoje foi a vez do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux, o terceiro a votar; ele divergiu dos ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, e Flávio Dino. Ele afastou a condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus pelo crime de organização criminosa.
Dentro da carteira do Ibovespa, as ações do Banco do Brasil (BBAS3) estiveram entre as principais altas do dia, após subirem 3,08%. Nesta matéria, explicamos que um dos gatilhos para essa movimentação foi uma Medida Provisória (MP) que garante a renegociação de dívidas rurais em condições especiais e libera R$ 12 bilhões para apoiar produtores. Vale lembrar que a inadimplência no agro foi um dos principais detratores do último balanço do BB.
Em Nova York, Nasdaq e S&P 500 renovaram máximas históricas e avançaram 0,03% e 0,30%, respectivamente, enquanto o Dow Jones recuou 0,48%. Por lá, o mercado acompanhou o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que caiu 0,1% em agosto ante julho. Analistas consultados pela FactSet projetavam alta mensal de 0,4%.
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Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, explica que os dados ampliam as apostas por corte de juros pelo Federal Reserve (Fed). “Na última leitura, justamente os preços ao produtor indicavam maior pressão, o que se dissipou em parte com a divulgação de hoje. De todo modo, o índice de preços ao consumidor (CPI) amanhã será olhado ainda mais de perto”, afirma.
O dólar hoje fechou em queda de 0,53% cotado a R$ 5,406, enquanto o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes, ficou com mais 0,04% aos 97,82 pontos.
As maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
Na ponta positiva do Ibovespa, o destaque ficou com a C&A (CEAB3), que avançou 4,56%, cotada a R$ 17,43. Logo atrás vieram Magazine Luiza (MGLU3), com alta de 4,26%, a R$ 9,30, e Marfrig (MRFG3), que subiu 4,17%, a R$ 24,74.
Do outro lado da bolsa, MRV (MRVE3) liderou as perdas, recuando 4,71%, a R$ 7,69. Azul (AZUL4) também caiu forte, com baixa de 4,55%, a R$ 1,26, enquanto Braskem (BRKM5) fechou em queda de 3,91%, a R$ 8,85.
As ações da Embraer também despencaram (1,58%, a R$ 80,20) após a fabricante de aeronaves anunciar, na manhã desta quarta, que fechou um acordo de US$ 4,4 bilhões (R$ 23,8 bilhões) para vender 50 aviões E195-E2 à americana Avelo Airlines, com opção de compra de mais 50 unidades. As entregas começam no primeiro semestre de 2027. Trata-se da primeira venda do modelo para uma companhia dos EUA, ampliando a presença da fabricante brasileira no mercado norte-americano.