Na quinta-feira (22), o governo feral anunciou o aumento de IOF sobre planos de previdência privada do tipo Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), crédito de empresas e operações de câmbio. Com isso, a expectativa é arrecadar R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões no ano que vem.
Horas depois de anunciar as medidas, o Ministério da Fazenda confirmou ter voltado atrás na ideia de tributar com IOF aplicações de fundos de investimentos no exterior. A incidência do imposto sobre transferências de pessoas físicas para contas estrangeiras também voltará à tributação anterior, desde que as operações sejam feitas com o intuito de investir.
Em relação ao VGBL, para aportes superiores a R$ 50 mil, o imposto será de 5%. A alíquota continuará zerada para aportes mensais até esse limite. “A medida acarreta um impacto direto sobre os investidores que deixavam para fazer aportes na modalidade com idade superior. Isso exigirá que cada vez mais seja antecipado o planejamento sucessório e sejam utilizadas outras medidas de sucessão, como seguros”, afirma Marcello Carvalho, economista na WIT Invest.
O especialista ressalta ainda que a medida, válida a partir desta sexta-feira (23), impacta somente os novos aportes, não o saldo existente. Nesta matéria, explicamos como a nova alíquota de 5% de IOF nos aportes mensais acima de R$ 50 mil em planos do tipo VGBL poderá gerar uma onda de judicializações.
Na visão de Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, a medida surpreendeu negativamente o mercado. “O fato de a Fazenda ter voltado atrás na taxação de fundos nacionais no exterior acabou transmitindo também, na minha opinião, uma sensação de insegurança e desorganização na condução da política econômica”, destaca.
O dólar hoje fechou em queda de 0,25% a R$ 5,6470. “De modo geral, vemos continuidade da tendência observada ao longo desta semana, com o fiscal americano influenciando na desvalorização do dólar e motivando a busca por ativos fora dos Estados Unidos e por ativos reais, como o ouro”, afirma André Valério, economista sênior do Inter.
Para Iarussi, da The Hill Capital, o susto com as alterações do IOF foi parcialmente revertido hoje com o recuo do governo em parte das medidas, o que favoreceu o desempenho do real. “No entanto, a queda do dólar não é movida apenas por Brasília. Lá fora, a moeda americana também recua frente a outras divisas fortes e emergentes, favorecendo o real”, sinaliza.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram 0,67%, 0,61% e 1%, respectivamente. Os índices recuaram após o presidente Donald Trump ameaçar impor uma tarifa fixa de 50% sobre importações da União Europeia e de aplicar tarifas de 25% sobre produtos da Apple (APPL). As ações da fabricante de iPhones tombaram 3,02%.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Braskem (BRKM5), Raízen (RAIZ4) e Direcional (DIRR3).
Braskem (BRKM5): 9,15%, R$ 11,09
As ações da Braskem (BRKM5) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, disparando 9,15% a R$ 11,09, após circular no mercado notícia de que o empresário Nelson Tanure fez recentemente uma oferta para comprar a companhia.
A BRKM5 está em alta de 3,94% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 4,23%.
Raízen (RAIZ4): 7%, R$ 2,14
Quem também se saiu bem foi a Raízen (RAIZ4), que subiu 7% a R$ 2,14. Ao longo da semana, os papéis da empresa acumularam ganhos de 25,15%, puxada por notícias sobre a possível venda de ativos, o que ajudaria na redução de sua dívida. “A expectativa de desalavancagem melhora a percepção de risco da empresa”, informa Iarussi, da The Hill Capital.
A RAIZ4 está em alta de 18,23% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 0,93%.
Direcional (DIRR3): 4,53%, R$ 39,48
Outro destaque positivo foi a Direcional (DIRR3), que registrou valorização de 4,53% a R$ 39,48.
A DIRR3 está em alta de 8,61% no mês. No ano, acumula uma valorização de 55,86%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Azzas 2154 (AZZA3), Magazine Luiza (MGLU3) e Vamos (VAMO3).
Azzas 2154 (AZZA3): -6,07%, R$ 38,7
Os papéis da Azzas 2154 (AZZA3) registraram a pior queda do Ibovespa hoje, cedendo 6,07% a R$ 38,7.
A AZZA3 está em alta de 21,55% no mês. No ano, acumula uma valorização de 30,83%.
Magazine Luiza (MGLU3): -4,96%, R$ 9
Quem também se saiu mal foi o Magazine Luiza (MGLU3), que caiu 4,96% a R$ 9. Na véspera, os papéis da companhia chegaram a saltar após o banco Jefferies iniciar a cobertura das ações com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 13,60.
A MGLU3 está em baixa de 3,43% no mês. No ano, acumula uma valorização de 42,63%.
Vamos (VAMO3): -3,06%, R$ 4,12
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda os ativos da Vamos (VAMO3), que tombaram 3,06% a R$ 4,12. Os papéis da empresa já haviam derretido 3,19% na quinta-feira (22) e 6,6% na quarta-feira (21).
A VAMO3 está em baixa de 16,26% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 13,26%.
*Com Estadão Conteúdo