A última edição do Boletim Focus trouxe uma revisão para cima das projeções para a inflação ao final de 2024, passando de 3,88% para 3,90%. Um mês antes, a mediana era de 3,76%. Já a estimativa para a Selic continuou em 10,25% para este ano. Agora, a atenção dos investidores se volta para a divulgação na terça-feira (11) do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio.
Com a maior cautela pelo futuro dos juros no Brasil, os papéis de varejistas e construtoras foram penalizados ao longo da sessão e dominaram o campo vermelho do Ibovespa. As ações de grandes bancos também sofreram, com o Índice Financeiro (IFNC) terminando o dia em baixa de 1,06%, aos 12.100,94 pontos. A execeção ficou por conta dos ativos do Banco do Brasil (BBAS3), que conseguiram encerrar em leve alta de 0,11%.
“A possibilidade de juros mais altos pressionou os papéis de diversos setores. Isso porque os juros elevados podem aumentar a inadimplência, impactando diretamente os bancos, enquanto o custo mais alto do crédito tende a desestimular o consumo, penalizando as varejistas e construtoras”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Nem o desempenho positivo de ações de grande peso para o Ibovespa conseguiu ajudar o índice no dia. Os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram mais de 1,5%, corrigindo as perdas observadas na sexta-feira (7). Os papéis também foram impulsionados pelo movimento dos contratos futuros de petróleo, que fecharam em alta superior a 2,5% na sessão, com o barril do tipo Brent recuperando o patamar dos US$ 80.
Já as ações da Vale (VALE3) encerraram em valorização de 1,09%, sendo negociadas a R$ 61,07. Os papéis operaram sem a referência do minério de ferro na Bolsa de Dalian, devido a um feriado na China. Já em Cingapura, a commodity fechou em queda de 3,06%, a US$ 105,40 por tonelada.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq registraram recordes de encerramento, com ganhos de 0,26% e 0,35%, respectivamente. Já o índice Dow Jones terminou a sessão em alta de 0,18%. Em destaque, os papéis da Nvidia subiram 0,74% no dia em que um desdobramento de ações entrou em vigor. Na outra ponta, Apple recuou 1,91%, com a decepção dos investidores em relação ao novo produto de inteligência artificial lançado pela gigante de tecnologia.
Nesta segunda-feira, o dólar avançou 0,61% frente ao real na sessão, atingindo R$ 5,3569, o maior patamar desde o dia 4 janeiro de 2023, quando o câmbio estava a R$ 5,45. O euro, por sua vez, subiu 0,26%, sendo negociado a R$ 5,766 ao final do pregão.
Maiores Altas
As três ações que mais valorizaram no dia foram São Martinho (SMTO3), Vibra (VBBR3) e Prio (PRIO3).
São Martinho (SMTO3): +6,19%, R$ 30
As ações da São Martinho (SMTO3) registraram o principal ganho do Ibovespa nesta segunda-feira e terminaram a sessão em alta de 6,19% a R$ 30. Durante o pregão, os papéis da empresa voltaram a ser negociadas acima de R$ 29, em um movimento de recuperação técnica, após ficarem por duas semanas na faixa de R$ 27. “Entrou muito comprador, então está corrigindo para patamares mais altos”, explica o analista Rodrigo Brolo, da Criteria Investimentos.
A SMTO3 está em alta de 10,54% no mês. No ano, acumula uma valorização de 2,35%.
Vibra (VBBR3): 2,4%, R$ 21,3
Entre as maiores altas do dia, também estiveram os papéis da Vibra (VBBR3), que registraram valorização de 2,4% no dia cotadas a R$ 21,3. “As ações das distribuidoras de combustível avançaram com a expectativa de que o preço dos combustíveis possa subir a partir de amanhã, após medida provisória que limita os créditos do PIS/Cofins para compensar o pagamento de outros tributos”, pontua Nishimura, da Nomos.
A VBBR3 está em baixa de 1,11% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 4,01%.
Prio (PRIO3): +2,2%, R$ 40,8
Para completar a lista de destaques positivos, os papéis da Prio (PRIO3) terminaram a sessão em alta de 2,2%, sendo negociados a R$ 40,8. Os ativos fora impulsionados pela valorização dos contratos futuros de petróleo no exterior. O WTI para julho fechou em alta de 2,93%, a US$ 77,74 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para agosto subiu 2,52%, a US$ 81,63 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
A PRIO3 está em baixa de 1,95% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,4%.
Maiores Quedas
As três ações que mais se desvalorizaram no dia foram Grupo Soma (SOMA3), Arezzo (ARZZ3) e Vivara (VIVA3).
Grupo Soma (SOMA3): -4,67%, R$ 5,72
Os papéis do Grupo Soma (SOMA3) lideraram as perdas do Ibovespa e encerraram o pregão em queda de 4,67% a R$ 5,72. O movimento refletiu o receio do mercado com os dados do IPCA que serão divulgados na terça-feira (11), já que uma aceleração na inflação pode penalizar empresas do varejo.
A SOMA3 está em baixa de 3,05% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 23,22%.
Arezzo (ARZZ3): -4,14%, R$ 48,4
Quem também se saiu mal foram as ações da Arezzo (ARZZ3), que fecharam a sessão em baixa de 4,14%, cotadas a R$ 48,4. “Caso a inflação venha acima do esperado, ficará mais difícil termos uma queda maior de juros por aqui, o que prejudica os papeis ligados ao consumo”, afirma Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me Banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos.
A ARZZ3 está em baixa de 2,02% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 25%.
Vivara (VIVA3): -3,59%, R$ 20,95
Entre os principais destaques negativos do dia, estiveram ainda as ações da Vivara (VIVA3), que terminaram o pregão em queda de 3,59%, sendo negociadas a R$ 20,95. Nenhuma notícia específica sobre os papéis, no entanto, foi monitorada pelos investidores na sessão.
A VIVA3 está em baixa de 3,9% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 37,82%.
*Com Estadão Conteúdo