Ibovespa é o principal indicador de ações da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Veja mais sobre no mercado financeiro hoje (Foto: Adobe Stock)
As alterações no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas pelo Ministério da Fazenda na noite desta quinta-feira (22), devem colocar um ponto final nos dias de paz da Bolsa de Valores. Às 10h19 (de Brasília), o Ibovespa sofria queda de 1,59%, aos 135.120,28 pontos. Já às 11h50, as perdas reduziram para 0,38%. A reação do principal índice da B3 já era esperada. Isso porque o EWZ, principal fundo de índice (ETF) do País negociado nos EUA, cedeu 3,71% no pós-mercado com a repercussão das medidas anuncidas pelo governo. Mais cedo, o fundo permanecia no campo negativo e recuava 1,53% no pré-mercado.
O mesmo aconteceu com os ADRs do Itaú e do Bradesco. No mesmo horário, os papéis dos bancos negociados em Nova York caíram 1,5% e 1,09%, respectivamente. As ações do Nubank (NU) também sofreram uma depreciação de 1,06%. O impacto também recaiu sobre o câmbio. Na manhã de hoje, o dólar renovou a máxima intradia no mercado à vista, sendo negociada a R$ 5,7437 após registrar uma alta de 1,46% – veja como o dólar hoje reage aqui.
Um levantamento feito pela XP com 60 investidores institucionais indicou que o real iria sofrer uma desvalorização na abertura de mercado nesta sexta-feira (23), segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. A expectativa dos investidores institucionais ouvidos pela equipe de estratégia da corretora apontava uma cota ação de R$ 5,85 para o dólar na abertura do mercado, após as explicações dadas pela equipe econômica sobre a alta do IOF.
Para Cândido Piovesan, Trader da Mesa de Alocação da Nippur Finance, as medidas do governo refletem o crescente desequilíbrio nas contas públicas, acompanhado pelo enfraquecimento do arcabouço fiscal. “A ideia de controle de capitais — ainda que não assumida — assusta, pois representa um movimento típico de países em crise. A tentativa frustrada de taxar fundos no exterior revelou um estágio preocupante da deterioração fiscal. O mercado entende isso como um alerta vermelho”, diz Piovesan.
Entenda as mudanças no IOF e o impacto para o Ibovespa
Na noite desta quinta-feira (22), o Ministério da Fazenda anunciou o aumento do IOF sobre planos de previdência privada (VGBL), sobre o crédito de empresas e também sobre operações de câmbio que atingem empresas e pessoas físicas. A expectativa do governo com a medida é arrecadar R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões em 2026, segundo informações do Estadão.
Após a repercussão negativa entre agentes do mercado financeiro, a equipe econômica voltou atrás sobre o aumento do IOF que incide sobre transferências de recursos destinadas à aplicação em fundos de investimento no exterior. Com a decisão, permanece em vigor a alíquota zero do IOF sobre esse tipo de operação. No caso das remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas, será mantida a alíquota atual de 1,1%.
As informações foram divulgadas no fim da noite da quinta-feira (22), em nota publicada pela Fazenda na rede social X. “O Ministério da Fazenda informa que, após diálogo e avaliação técnica, será restaurada a redação do inciso III do art. 15-B do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que previa a alíquota zero de IOF sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior“, informou a pasta. Confira aqui ao longo do dia a reação da Bolsa de Valores à medida do governo.