

O Ibovespa hoje enfrentou um novo dia de queda forte, após despencar 2,96% na última sexta-feira (4), quando sofreu a sua maior perda diária desde o dia 18 de dezembro de 2024. Nesta segunda-feira (7), o principal índice da B3 encerrou em baixa de 1,31% aos 125.588,09 pontos. Ao longo do dia, oscilou entre máxima a 128.410,57 pontos e mínima a 123.876,24 pontos, com volume negociado de R$ 30,5 bilhões.
Pela manhã, o Ibov chegou a subir quase 1% na esteira de notícias de que Donald Trump estaria avaliando suspender por 90 dias as tarifas aplicadas a todos os países, exceto para a China. As falas foram atribuídas a Kevin Hassett, do Conselho Econômico Nacional dos EUA. Posteriormente, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que os relatos eram “fake news”, em entrevista concedida por telefone à CNBC.
Com os boatos sendo desmentidos, o Ibovespa voltou a cair, acompanhando o mau humor dos mercados globais. Na Europa, os índices acionários fecharam em queda, assim como na Ásia, onde o indicador japonês Nikkei recuou 7,83% em Tóquio, a 31.136,58 pontos, acionando o mecanismo de circuit breaker, que interrompe as negociações para proteger investidores em quedas muito bruscas ou atípicas.
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Nos Estados Unidos, os índices até chegaram a oscilar para o campo positivo, mas terminaram o dia sem direção única. S&P 500 e Dow Jones caíram 0,23% e 0,91%, respectivamente, enquanto Nasdaq subiu 0,1%. Em sua conta na rede Truth Social, Trump afirmou que irá aplicar uma taxa adicional de 50% às importações chinesas se o país asiático não retirar até terça-feira (8) as tarifas retaliatórias de 34% sobre produtos americanos. O republicano também ressaltou que, caso a China não volte atrás, todas as negociações solicitadas pelo país aos EUA serão encerradas.
“Acho que hoje foi um dia de mercado bastante volátil, não só no Ibovespa, mas também nas Bolsas de fora”, destaca João Daronco, analista da Suno Research. “As tarifas de Trump despertam vários medos. O primeiro deles envolve o temor de uma recessão nos Estados Unidos. Isso poderia desacelerar o mundo e reduzir o consumo de petróleo, por exemplo, assim como o de outras commodities, que têm recuado e chacoalhado o mercado como um todo”, acrescenta.
Felipe Paletta, estrategista da EQI Research, explica que o sentimento de aversão a risco pode levar investidores a repensarem seus investimentos na Bolsa local, mesmo com os ativos sendo negociados a preços atrativos. “Agora a gente começa a ver um nível de pessimismo prolongado mais forte nos mercados globais, com investidores se afugentando do risco de países emergentes, mesmo dentro da leitura dos descontos que ainda persistem”, afirma.
No índice da B3, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) estiveram entre as principais quedas do dia. Enquanto os papéis ordinários (PETR3) tombaram 5,57%, os preferenciais (PETR4) recuaram 3,97%, diante da queda dos preços do petróleo. Existe o temor de que uma desaceleração econômica mundial, causada pelo tarifaço de Trump, possa reduzir a demanda pela commodity.
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No mercado de câmbio, o dólar hoje fechou em alta de 1,30% a R$ 5,9106. “A possível escalada na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, provocou um aumento na aversão ao risco nos mercados, o que afetou particularmente as moedas de países emergentes”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Para o resto dessa semana, Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, acredita que o mercado deverá acompanhar com atenção possíveis retaliações de países ao tarifaço dos EUA e um eventual anúncio chinês de estímulos internos. “As incertezas são grandes e é necessário esperar uma reacomodação do mundo. Enquanto os mercados não tiverem maior segurança, as Bolsas não vão subir”, avalia.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Natura (NTCO3), IRB (IRBR3) e BTG Pactual (BPAC11).
Natura (NTCO3): 2,84%, R$ 9,41
As ações da Natura (NTCO3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, subindo 2,84% a R$ 9,41. Ao Broadcast, o sócio da Fatorial Invest, Fábio Lemos, explicou que o papel se desvalorizou muito após a divulgação de seu balanço do quarto trimestre de 2024 e agora tem espaço para recuperação.
A NTCO3 está em baixa de 5,81% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 26,25%.
IRB (IRBR3): 2,66%, R$ 50,12
Quem também se saiu bem foi o IRB (IRBR3), que avançou 2,66% a R$ 50,12. Lemos ressaltou que seguradoras e empresas do setor financeiro se beneficiam do cenário de juros altos, fortalecendo-se em um cenário macroeconômico difícil.
A IRBR3 está em baixa de 2,22% no mês. No ano, acumula uma valorização de 18,07%.
BTG Pactual (BPAC11): 1,91%, R$ 33,65
Outro destaque positivo foi o BTG Pactual (BPAC11), que registrou valorização de 1,91% a R$ 33,65.
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A BPAC11 está em baixa de 0,15% no mês. No ano, acumula uma valorização de 24,31%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Magazine Luiza (MGLU3), Petrobras (PETR3) e Lojas Renner (LREN3).
Magazine Luiza (MGLU3): -6,37%, R$ 10,14
Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) registraram a principal queda do Ibovespa hoje e derreteram 6,37% a R$ 10,14. As ações da empresa responderam à alta dos juros futuros, que tende a derrubar papéis chamados de “cíclicos”.
A MGLU3 está em baixa de 0,1% no mês. No ano, acumula uma valorização de 56,%.
Petrobras (PETR3): -5,57%, R$ 35,63
Quem também se saiu mal foi a Petrobras (PETR3), que recuou 5,57% a R$ 35,63, pressionada pela desvalorização dos contratos futuros de petróleo.
A PETR3 está em baixa de 12,71% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 9,59%.
Lojas Renner (LREN3): -4,19%, R$ 12,12
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações da Lojas Renner (LREN3), que tombaram 4,19% a R$ 12,12, com a alta dos juros futuros.
A LREN3 está em baixa de 0,9% no mês. No ano, acumula uma valorização de 1,25%.
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*Com Estadão Conteúdo