O destaque do pregão foi a decisão do Federal Reserve (Fed), que cortou os juros americanos em 25 pontos-base, para a faixa entre 4% a 4,25% ao ano. A medida não foi unânime. O novo diretor Stephen Miran votou por uma redução de 50 pontos-base. Ele foi indicado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, para ocupar o mandato-tampão deixado após a renúncia da ex-diretora Adriana Kugler.
Após a decisão, a probabilidade de o Fed realizar mais um corte acumulado de 50 pontos-base nos juros americanos neste ano saltou cerca de 48,3% para 90,6%, segundo monitoramento da plataforma FedWatch, do CME Group. O gráfico de pontos, que reúne as projeções dos membros do comitê, também sugere esse cenário.
Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a política monetária americana está sendo definida a cada encontro e que as decisões de juros no país seguem dependentes de dados. “Estamos em uma situação de reunião por reunião. Vamos analisar os dados”, disse, ressaltando que o gráfico de pontos não é uma certeza e deve ser visto sob o ângulo das probabilidades.
Na avaliação de Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP, Powell adotou um tom cauteloso em entrevista. “Ele ressaltou que os efeitos das tarifas sobre a inflação ainda não se manifestaram completamente e que, embora o impacto esperado seja de curto prazo, o risco central a ser monitorado é a persistência da inflação”, destaca.
O dólar hoje fechou em alta de 0,06% a R$ 5,3012, após chegar a atingir mínima a R$ 5,2762. Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, avalia que as últimas quedas da moeda americana nos pregões anteriores já tinham precificado esse corte de juros pelo Fed. “Por isso, o impacto de hoje foi mais limitado: o dólar chegou a recuar para a faixa de R$ 5,27, mas acabou ficando de lado”, explica.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,1% e 0,33%, respectivamente, enquanto Dow Jones subiu 0,57%. Entre os destaques do noticiário corporativo, a ação da Nvidia (NVDA) caiu 2,67%, após o Financial Times revelar que a China teria proibido a compra de seus chips de inteligência artificial por empresas de tecnologia locais.
Agora as atenções seguem para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). A expectativa do mercado é que o Banco Central mantenha a Selic em 15% ao ano. O foco dos investidores deve ficar no comunicado da autoridade.
No mercado hoje, entre as ações de grande peso do Ibovespa, os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam em alta: enquanto os ordinários (PETR3) subiram 0,76%, os preferenciais (PETR4) tiveram valorização de 0,6%. A Vale (VALE3), por sua vez, registrou ganho de 0,17%.
Fora do Ibovespa, as ações da Azul (AZUL4) dispararam 4,32%, após a companhia aérea ter apresentado na quarta-feira (16), à Justiça de Nova York, o plano de reestruturação no âmbito do Chapter 11, equivalente à recuperação judicial no Brasil. A audiência de confirmação está prevista para 11 de dezembro, enquanto o prazo para objeções se encerra no dia 1º do mesmo mês.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram RD Saúde (RADL3), Magazine Luiza (MGLU3) e Assaí (ASAI3).
RD Saúde (RADL3): 6,06%, R$ 18,55
As ações da RD Saúde (RADL3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje e dispararam 6,06% a R$ 18,55. Papéis cíclicos, mais sensíveis aos ciclos econômicos, como os ativos da empresa, subiram com o recuo dos juros futuros na sessão.
A RADL3 está em alta de 5,7% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,79%.
Magazine Luiza (MGLU3): 5,31%, R$ 11,31
Quem também se saiu bem foi o Magazine Luiza (MGLU3), que avançou 5,31% a R$ 11,31. “O movimento ilustra o bom humor do mercado predominante em relação aos fundamentos e indicadores que afetam as varejistas”, avalia João Guilherme Caenazzo, sócio da Aware Investments.
A MGLU3 está em alta de 38,1% no mês. No ano, acumula uma valorização de 79,24%.
Assaí (ASAI3): 4,55%, R$ 10,57
Outro destaque positivo foi o Assaí (ASAI3), cujas ações saltaram 4,55% a R$ 10,57 no pregão.
A ASAI3 está em alta de 0,48% no mês. No ano, acumula uma valorização de 90,79%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram C&A (CEAB3), Marfrig (MRFG3) e GPA (PCAR3).
C&A (CEAB3): -2,44%, R$ 17,96
As ações da C&A (CEAB3) tiveram a pior queda do Ibovespa hoje e recuaram 2,44% a R$ 17,96, invertendo o movimento positivo observado no início da sessão.
A CEAB3 está em alta de 6,9% no mês. No ano, acumula uma valorização de 132,34%.
Marfrig (MRFG3): -2,18%, R$ 26,92
Quem também se saiu mal foi a Marfrig (MRFG3), que cedeu 2,18% a R$ 26,92, corrigindo parte dos ganhos da véspera, quando disparou 5,6% e liderou as maiores altas do índice da B3.
A MRFG3 está em alta de 7,98% no mês. No ano, acumula uma valorização de 58,07%.
GPA (PCAR3): -2,17%, R$ 4,06
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações do GPA (PCAR3), que recuaram 2,17% a R$ 4,06.
A PCAR3 está em alta de 13,09% no mês. No ano, acumula uma valorização de 59,22%.
*Com Estadão Conteúdo