“Serviços seguem mais resilientes, refletindo uma atividade doméstica que ainda não perdeu tanta força. Acredito que esse dado reforça a necessidade de cautela na trajetória de juros no Brasil podendo abrir espaço para cortes mais à frente, mas sem pressa, já que a dinâmica ainda inspira atenção”, afirma Viana. O cenário externo também foi uma fonte de incertezas no pregão. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a demissão de uma diretora do banco central americano Federal Reserve (Fed) por supostas declarações falsas em pedidos de hipoteca feitas pela dirigente. Contudo, o movimento também foi lido por parte do mercado como um ataque à independência da autoridade monetária, parte de uma estratégia de Trump para aumentar a pressão por cortes de juros.
Lisa Cook, diretora alvo do republicano, foi a primeira mulher afro-americana a ocupar a diretoria do Fed. “Acredito que esse pode ser um episódio pontual, mas a possibilidade de influência política no banco central gera desconforto e coloca em dúvida a independência da instituição no longo prazo, inclusive pelo fato do presidente americano buscar com isso a maioria de membros”, disse Viana.
O avanço de Trump sobre o Fed estressou os mercados no início do pregão, com recuo dos futuros do S&P 500, forte volatilidade no dólar e no ouro. Ainda assim, os índices conseguiram se recuperar e fecharam o dia no terreno positivo. Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,41%, 0,3%, 0,44%, respectivamente, enquanto dólar e o euro subiram 0,37% e 0,62% frente ao real na sessão, atingindo os R$ 5,43 e R$ 6,33.
“Para investidores, o episódio evidencia a delicada fragilidade do equilíbrio entre política monetária e ingerência política nos EUA, ainda que parte do mercado mantenha a aposta de que o Senado e os tribunais servirão como barreiras de contenção às investidas de Trump”, aponta Matheus Spiess, analista da Empiricus Investimentos, em relatório enviado à imprensa.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Minerva (BEEF3), GPA (PCAR3) e Vibra (VBBR3).
- Minerva (BEEF3): 3,13%, R$ 5,93
As ações da Minerva subiram 3,13% no pregão, para R$ 5,93, após relatório do Itaú BBA manter a recomendação positiva para os papéis da empresa.
A BEEF3 está em alta de 20,04% no mês. No ano, acumula uma valorização de 43,93%.
- GPA (PCAR3): 3,12%, R$ 3,63
Ainda repercutindo o avanço da família Coelho Diniz sobre o capital da empresa, as ações do GPA valorizaram 3,12% no pregão, aos R$ 3,63.
A PCAR3 está em alta de 3,12% no mês. No ano, acumula uma valorização de 42,35%.
- Vibra (VBBR3): 3,11%, R$ 22,24
Os papéis da Vibra subiram 3,11% no pregão, aos R$ 22,24, com os investidores repercutindo os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que mostraram avanço no volume total de vendas de diesel em julho.
A VBBR3 está em alta de 4,86% no mês. No ano, acumula uma valorização de 30,13%.
As maiores baixas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram MRV (MRVE3), Raízen (RAIZ4) e Yduqs (YDUQ3).
- MRV (MRVE3): -3,43%, R$ 7,33
Os papéis da MRV terminaram o dia em baixa de 3,43% no dia, aos R$ 7,53, impactada pela alta dos juros futuros e relatório do Citi sobre riscos observados na Resia, braço americano da MRV.
A MRVE3 está em alta de 23,19% no mês. No ano, acumula uma valorização de 38,04%.
- Raízen (RAIZ4): -2,86%, R$ 1,02
Ruídos sobre a entrada de um novo sócio e endividamento estão pesando sobre as ações da Raízen. Na sessão de hoje, os papéis recuaram 2,86%, para R$ 1,02, destoando dos pares.
A RAIZ4 está em baixa de -28,17% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de -52,78%.
- Yduqs (YDUQ3): -2,45%, R$ 12,73
Com o aumento da aversão a risco, os papéis de empresas mais cíclicas foram impactados. É o caso da Yduqs, cujas ações cederam 2,45% na sessão, para R$ 12,73.
A YDUQ3 está em baixa de -1,62% no mês. No ano, acumula uma valorização de 54,87%.
*Com Estadão Conteúdo