O Ibovespa hoje chegou a subir pela manhã, mas terminou o dia em queda, com a cautela do mercado diante das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. O principal índice da B3 fechou esta quarta-feira (29) em baixa de 0,50% aos 123.432,12 pontos. Ao longo do pregão, oscilou entre máxima a 124.766,95 pontos e mínima a 123.515,13 pontos, com volume negociado de R$ 15,02 bilhões.
O Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros americana inalterada na faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, em decisão unânime, conforme esperado pelo mercado. André Valério, economista sênior do Inter, ressaltou que houve uma mudança no tom do comunicado, que foi sutil, mas significativa. “Em dezembro, o Fed enxergava que o mercado de trabalho estava desaquecendo, enquanto a inflação mostrava ganhos significativos em direção à meta. No comunicado de hoje, o comitê indica que enxerga solidez no mercado de trabalho, enquanto a inflação permanece, em sua visão, elevada”, explica.
Se por um lado o tom adotado no comunicado foi considerado mais cauteloso, por outro, as falas de Jerome Powell, presidente do Fed, trouxeram alívio aos mercados. O dirigente reforçou que a política monetária americana está “bem posicionada” e que a economia está em um lugar “muito bom”, sendo que o BC americano busca agora ver mais progresso na inflação.
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As declarações mais brandas de Powell contribuíram para a melhora do desempenho do real. No mercado doméstico de câmbio, o dólar chegou a subir por boa parte da sessão, mas inverteu o sinal próximo ao horário de fechamento e encerrou o dia em baixa de 0,06% a R$ 5,8662, em sua oitava queda seguida. Com a performance negativa, a moeda americana já acumula perdas de 5,08% em relação à divisa brasileira em 2025.
Investidores aguardavam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada após o fechamento do mercado. A expectativa é que o órgão elevasse a taxa básica de juros brasileira em 1 ponto percentual para 13,25% ao ano – o que o BC confirmou.
Na B3, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4), que chegaram a subir no começo da manhã, perderam o fôlego e fecharam em queda: enquanto os papéis ordinários (PETR3) cederam 1%, os preferenciais (PETR4) sofreram baixa de 0,62%. O mercado monitorou a reunião do conselho de administração da estatal, que discutiu a política de preço dos combustíveis.
Por outro lado, as ações da Vale (VALE3), de maior peso para a carteira do Ibovespa, subiram 0,28%, após a empresa divulgar o seu relatório de produção e vendas do quarto trimestre de 2024. No período, a companhia reportou uma produção de 85,3 milhões de toneladas de minério de ferro, queda de 4,6% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Analistas do mercado ouvidos nesta matéria dizem que o resultado foi ligeiramente positivo e em linha com as estimativas.
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Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram 0,47%, 0,31% e 0,51%, respectivamente. Depois de tombarem quase 17% na segunda-feira (27), as ações da Nvidia voltaram a cair em Nova York, pesando sobre os índices acionários. O movimento ocorreu em meio ao depoimento de Howard Lutnick no Senado dos Estados Unidos para confirmar sua nomeação ao cargo de secretário do Comércio. Segundo a Reuters, Lutnick disse que precisará revisar os subsídios oferecidos pelo ex-presidente Joe Biden para fabricantes de semicondutores nos EUA.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Petz (PETZ3), RD Saúde (RADL3) e Rumo (RAIL3).
Petz (PETZ3): 2,9%, R$ 4,97
As ações da Petz (PETZ3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, finalizando a sessão em alta de 2,9% a R$ 4,97. Os papéis destoaram do restante do setor de varejo, que operou em queda diante da expectativa de alta da Selic pelo Copom.
A PETZ3 está em alta de 22,11% no mês. No ano, acumula uma valorização de 22,11%.
RD Saúde (RADL3): 2,14%, R$ 21,45
As ações da RD Saúde (RADL3), antiga RaiaDrogasil, foram outras que se saíram bem e encerraram o pregão em valorização de 2,14% a R$ 21,45. Os papéis da empresa estenderam os ganhos da véspera, mesmo em um contexto de menor apetite a risco por ativos mais sensíveis a juros altos.
A RADL3 está em baixa de 2,5% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 2,5%.
Rumo (RAIL3): 1,88%, R$ 17,91
Outro destaque positivo foi a Rumo (RAIL3), que avançou 1,88% a R$ 17,91, na máxima do dia, sem notícias específicas sobre a empresa no radar dos investidores.
A RAIL3 está em alta de 0,39% no mês. No ano, acumula uma valorização de 0,39%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Localiza (RENT3), Automob (AMOB3) e Braskem (BRKM5).
Localiza (RENT3): -3,79%, R$ 30,18
As ações da Localiza (RENT3) sofreram a principal queda do Ibovespa hoje e terminaram o dia em baixa de 3,79% a R$ 30,18. Os papéis da empresa sofreram com as perspectivas de alta da Selic.
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A RENT3 está em baixa de 6,27% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 6,27%.
Automob (AMOB3): -3,23%, R$ 0,3
Outro destaque negativo foram as ações da Automob (AMOB3), que caíram 3,23% a R$ 0,3. Os papéis da empresa, classificados como penny stocks (ativos cotados a menos de R$ 1), tendem a sofrer maiores oscilações nos pregões.
A AMOB3 está em baixa de 11,76% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 11,76%.
Braskem (BRKM5): -2,67%, R$ 14,21
Quem também se saiu mal no Ibovespa hoje foi a Braskem (BRKM5), que cedeu 2,67% a R$ 14,21. Ao Broadcast, o sócio da AAX Investimentos, Rodrigo Brolo, explicou que a variação positiva das últimas semanas, decorrente do anúncio de novos investimentos pela companhia, colocou a ação em “região de sobrecompra”. Isto é, quando o preço de um ativo é considerado maior que seu valor real.
A BRKM5 está em alta de 22,71% no mês. No ano, acumula uma valorização de 22,71%.
*Com Estadão Conteúdo
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