Como apurou a Coluna do Estadão, a atitude de Dino alarmou os grandes bancos, que veem riscos de impasses futuros. Ele determinou que decisões judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil mediante homologação ou por meio de mecanismos de cooperação internacional.
A decisão do ministro integra um processo relacionado aos rompimentos das barragens em Mariana (MG) e em Brumadinho (MG), mas abre brechas para que seu colega na Corte, o ministro Alexandre de Moraes, recorra ao próprio STF contra os efeitos da Lei Magnitsky.
Com a repercussão da medida, o dia foi marcado pela queda de ações de grandes bancos. O mais pressionado foi o Banco do Brasil (BBAS3), que tombou 6,03%. Os papéis ordinários do Bradesco (BBDC3) recuaram 3,29%, enquanto os preferenciais (BBDC4) cederam 3,43%. Já Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) sofreram perdas de 3,04%, 4,88% e 3,48%, respectivamente.
“O setor foi fortemente impactado depois do posicionamento do STF em relação à implementação da Lei Magnitsky. Isso pode causar alguma dinâmica prejudicial à performance dos bancos aqui no Brasil e o investidor prefere ficar de fora. Com isso, ele acabou realizando suas posições em ações do setor, o que levou a uma queda acentuada dos papéis hoje”, explica João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos.
Para Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos do grupo Axia Investing, a discussão é ruim para as empresas brasileiras e prejudica o fluxo de dólares ao País. “A Bolsa brasileira é muito dependente do capital estrangeiro. Se a crise entre os dois países escalar, podemos ver o Ibovespa desidratar, deixando nosso mercado sem volume, sem liquidez e interesse”, destaca.
O analista afirma que agora é ainda mais fundamental que o investidor mantenha uma parte do seu capital em moeda forte, como dólar ou euro. “Ficar preso em renda variável, principalmente brasileira, em meio ao ‘furacão’, é uma aposta alta e perigosa”, acrescenta ainda.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,59% e 1,46%, respectivamente, enquanto Dow Jones subiu 0,02%, com o suporte da Home Depot (HD), que avançou 3,15%. A empresa teve lucro líquido de US$ 4,55 bilhões no segundo trimestre fiscal de 2025 (encerrado em 3 de agosto), equivalente a US$ 4,58 por ação, segundo balanço divulgado nesta terça-feira.
O dólar hoje fechou em alta de 1,22% cotado a R$ 5,5009. Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o impasse sobre a Lei Magnitsky mexeu com o mercado de câmbio doméstico. “Esse ruído aumentou a percepção de risco local, estimulando um movimento de maior aversão ao risco e a busca por proteção no câmbio”, diz.
Para João Sá, co-head de Investimentos da Arton Advisors, embora o Brasil não tenha de seguir leis americanas internamente, as empresas que operam lá fora, sobretudo os bancos, precisam se adequar também a esse ambiente jurídico, o que levanta riscos sobre operações internacionais e até mesmo licenças. “Em contrapartida, algumas empresas com forte exposição em receita dolarizada conseguiram se sustentar melhor no pregão, com a alta da moeda americana”, completa.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Minerva (BEEF3), Suzano (SUZB3) e Hypera (HYPE3).
Minerva (BEEF3): 2,93%, R$ 5,27
As ações da Minerva (BEEF3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje e subiram 2,93% a R$ 5,27. O Itaú BBA manteve sua visão positiva para as ações da empresa e da JBS (JBSS32), enquanto seguiu neutro em relação à BRF (BRFS3) e à Marfrig (MRFG3).
A BEEF3 está em alta de 6,68% no mês. No ano, acumula uma valorização de 27,91%.
Suzano (SUZB3): 0,78%, R$ 53,01
Quem também se saiu bem foi a Suzano (SUZB3), que avançou 0,78% a R$ 53,01. O Citi reforçou visão positiva para empresa diante da estabilidade dos preços da celulose na China. Além disso, o papel da empresa, que tem grande parte da receita de exportações, beneficiou-se da alta do dólar.
A SUZB3 está em alta de 1,65% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,2%.
Hypera (HYPE3): 0,48%, R$ 23,16
Outro destaque positivo foi a Hypera (HYPE3), que subiu 0,48% a R$ 23,16.
A HYPE3 está em baixa de 9,92% no mês. No ano, acumula uma valorização de 30,85%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Raízen (RAIZ4), Cosan (CSAN3) e Banco do Brasil (BBAS3).
Raízen (RAIZ4): -9,57%, R$ 1,04
As ações da Raízen (RAIZ4) tiveram a pior queda do Ibovespa hoje e tombaram 9,57% a R$ 1,04. Na véspera, os papéis dispararam 10,58% pela notícia de que a Petrobras (PETR3;PETR4) estaria interessada em entrar na empresa. Contudo, a estatal negou, em comunicado ao mercado, interesse ou planos de investir na companhia.
A RAIZ4 está em baixa de 26,76% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 51,85%.
Cosan (CSAN3): -6,41%, R$ 5,4
Outro destaque negativo foi a Cosan (CSAN3), que derreteu 6,41% a R$ 5,4, acompanhando o desempenho negativo da Raízen.
A CSAN3 está em baixa de 8,94% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 33,82%.
Banco do Brasil (BBAS3): -6,03%, R$ 19,8
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, também estiveram os papéis do Banco do Brasil (BBAS3), que fecharam em queda de 6,03% a R$ 19,8, repercutindo os ruídos em torno da Lei Magnitsky.
A BBAS3 está em alta de 0,51% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 14,8%.
*Com Estadão Conteúdo