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Ibovespa fica perto do “zero a zero” em outubro; veja quem conseguiu se destacar

Desempenho mensal, com leve baixa, não traduz toda a volatilidade que mexeu com a Bolsa e os investimentos brasileiros no mês

Ibovespa fica perto do “zero a zero” em outubro; veja quem conseguiu se destacar
Por causa da volatilidade, Ibovespa ficou sem direção e outubro. Foto: Adobe Stock
  • O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (31) aos 129.713,33 pontos, com uma queda acumulada de 1,60% em outubro
  • Mas o desempenho mensal não traduz toda a volatilidade que mexeu com a Bolsa e os investimentos brasileiros ao longo de um mês cheio de pressões no Brasil e no exterior
  • Yduqs (YDUQS) e frigoríficos lideram as altas no Ibovespa; veja o que motivou os desempenhos

O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (31) aos 129.713,33 pontos, com uma queda acumulada de 1,60% em outubro. Mas o desempenho mensal não traduz toda a volatilidade que mexeu com a Bolsa e os investimentos brasileiros ao longo do mês.

Outubro foi marcado por uma enxurrada de acontecimentos nos mercados globais. Dois turnos de eleições municipais no Brasil e persistência do risco fiscal, pacote de estímulos à economia da China, acirramento da disputa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, piora do conflito no Oriente Médio impactando o preço das commodities, disparada do dólar e início da temporada de balanços referentes ao 3º trimestre de 2024.

Com muitas variáveis atuando nos preços ao mesmo tempo, o Ibovespa ficou no campo negativo. Não fosse a queda das bolsas globais nesta quinta-feira, o desempenho acabaria no “zero a zero” em outubro, depois de tombar mais de 3% em setembro. “Salvo um direcionador claro, que não aconteceu em outubro, a Bolsa anda de lado. Na dúvida, o mercado ficou no zero a zero, até para entender como vai se dar a reta do final de ano, que tradicionalmente é mais forte”, destaca Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

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Internamente, investidores acompanharam ainda a piora do sentimento em relação ao fiscal, enquanto aguardam o anúncio de um pacote de medidas voltadas ao corte de gastos público, como foi prometido pelo governo. O tema é um dos principais gatilhos de incerteza no ambiente doméstico e pressiona não só o Ibovespa, como a curva de juros e o câmbio.

O dólar subiu 6,05% no mês; no acumulado do ano, a alta é de 19,35%. Como mostramos aqui, esta é a 3ª maior valorização da moeda americana frente ao real em 15 anos, atrás apenas dos 10 primeiros meses de 2015, na crise do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e no mesmo período de 2020, primeiro ano da pandemia da covid-19.

“No Brasil, ruídos fiscais, com declarações do governo sobre a meta fiscal e a possibilidade de aumento da arrecadação, também contribuíram para a volatilidade”, diz Anderson Santos, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital. “Mesmo com essa instabilidade, o índice conseguiu manter certa resiliência, beneficiado por algumas ações ligadas à economia doméstica, que compensaram as perdas de grandes blue chips.”

As ações do Ibovespa que mais subiram em outubro

Algumas das maiores valorizações dentre as ações do Ibovespa em outubro vieram de nomes cíclicos, que conseguiram driblar a alta dos DIs que geralmente impactam esses negócios. Quem lidera os ganhos do mês é a Yduqs (YDUQ3), com um salto de 15,45%, mas CVC (CVCB3) também aparece entre os destaques.

“Esses ativos, ligados ao consumo interno, se beneficiaram de uma percepção mais positiva em relação ao cenário doméstico, apesar da abertura dos DIs”, explica Santos, da Matriz Capital. “No caso da Yduqs, houve especulação sobre fusões com a Cogna, o que impulsionou as ações. A CVC, que passa por uma reestruturação e reperfilamento de dívidas, também ganhou tração com a aprovação dessas medidas, o que foi bem recebido pelo mercado.”

Quem também se destacou em outubro foi o setor de frigoríficos, com as três principais empresas entre as 5 maiores altas do IBOV. Além de serem beneficiadas pela alta do dólar, as empresas tiveram fatores micro ajudando.

“A boa performance da Marfrig no mês também pode ser atribuída à expectativa em relação aos resultados do 3T24, principalmente no que diz respeito à participação na BRF. A dinâmica operacional do segmento avícola – com custos ainda baixos e preços de venda elevados – deve ser o principal destaque entre os players do setor”, destaca Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos. “O movimento positivo de JBS também se deve em boa parte à expectativa do mercado de que a empresa apresente bons resultados no balanço referente ao terceiro trimestre, dando sequência à dinâmica que tem sido observada nas últimas temporadas.”

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As maiores quedas do Ibovespa em outubro

A ação que mais sofreu em outubro foi o Carrefour (CRFB3), com queda mensal de 19,03%. Ao longo do mês, o Citi rebaixou a avaliação do papel de neutra para “alto risco”, preocupados com a competição e com a alavancagem da empresa. “Há a expectativa da saída da ação do MSCI, um índice global que serve de referência para muitos investidores estrangeiros, e que investem de acordo com o peso das ações no índice, o que pode ter levado a um movimento de antecipação ao ajuste”, explica Idean Alves.

Segunda maior queda do mês, a Hypera (HYPE3) passou por uma verdadeira montanha russa em outubro. As ações da companhia vinham acumulando uma queda inferior a 3% no mês quando anunciou no dia 21, através de fato relevante, a descontinuidade das projeções financeiras (guidance) para este ano de 2024, no início de um processo de otimização do capital de giro, por meio da redução da política de prazo de pagamento concedida aos clientes, com a expectativa de que isso impulsione a geração de fluxo de caixa no longo prazo.

“O ponto negativo desta decisão é que os resultados devem ser impactados no curto prazo devido à queda nas vendas para ajuste de estoques na cadeia. E por este motivo, o papel chegou a acumular uma queda no mês de quase 20%, em torno dos R$ 22”, diz Chanes, da Ágora.

Mas esse não foi o único fator. Em outubro, a EMS, um dos maiores conglomerados farmacêuticos do Brasil, enviou à Hypera uma proposta de fusão dos negócios a partir de uma troca de ações em múltiplos iguais e R$ 30/ação; 50% acima do preço de tela. O fato animou os investidores e o papel passou a subir muito na bolsa. A companhia, no entanto, negou o acordo e a EMS tirou a proposta nesta quinta-feira (31). A HYPE3 cedeu mais de 8% e voltou a figurar entre os destaques de queda do Ibovespa.

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