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- No acumulado de 2021, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander estão no negativo, com baixas de 5,98%, 15,84%, 17,03% e 15,47%, respectivamente. Em contrapartida, o Ibovespa amarga uma queda de apenas 4,90% no mesmo período
- Segundo Maria Clara Negrão, analista research da Ágora Investimentos, os bancos recentemente sofreram por conta da piora no cenário macroeconômico
- "Muito relacionado às indefinições e incertezas no cenário fiscal, à questão do pagamento precatórios, das indefinições com relação à fonte de recursos para o programa social Auxílio Brasil, reforma tributária e reforma do imposto de renda, tudo isso tem penalizado o setor”, diz Negrão.
As ações dos bancos são consideradas por muitos especialistas como as mais resilientes e defensivas. Entretanto, no acumulado de 2021, Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) acumulam rentabilidade negativa, com baixas de 5,98%, 15,84%, 17,03% e 15,47%, respectivamente.
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Em contrapartida, o Ibovespa amarga uma queda de apenas 4,9% no mesmo período. Segundo Maria Clara Negrão, analista research da Ágora Investimentos, os bancos recentemente sofreram por conta da piora no cenário macroeconômico. “O baixo desempenho está relacionado às indefinições e incertezas no cenário fiscal, ao pagamento precatórios, ao avanço da reforma tributária e à reforma do imposto de renda. Tudo isso tem penalizado o setor”, diz.
O que impactou os bancos?
Um relatório produzido pela Inter Research explica que a inflação, que continua pressionando a política monetária dos Bancos Centrais pelo globo, faz com que as curvas de juros continuem aumentando. Isso, inicialmente, pode parecer positivo para os bancos.
“Porém, no curto e médio prazo, os spreads continuam pressionados, já que o custo de captação de recursos financeiros aumenta instantaneamente, mas por outro lado, as taxas médias demoram para acompanhar o ritmo de alta das taxas de juros”, diz o relatório. Spread é a diferença entre o preço de compra e venda de uma ação, título ou transação monetária.
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Outro ponto bastante importante para entender o impacto é que um dos principais atrativos das ações dos bancos são os dividendos. Entretanto, com a crise provocada pela pandemia da covid-19, as instituições financeiras diminuíram os valores dos proventos, tornando-os menos interessantes.
Na opinião de Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, a performance ruim dos bancos em de 2021 tem um culpado: os juros baixos. “Com juros baixos, muita gente deu preferência para ações de tecnologia, como empresas de cashback, bancos tech, entre outras companhias. Os investidores achavam que como os juros continuariam baixos, o ROI (Retorno Sobre o Investimento) dos bancos iria piorar, o que acabou gerando esse movimento de venda generalizada”, diz.
Agora, o operador explica que está acontecendo um movimento inverso. Com as empresas de tecnologia caindo forte por conta do aumento na taxa de juros, muitos investidores saem dessas ações e voltam para bons e sólidos papéis, como os dos bancos.
É um bom momento para investir no setor?
Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, explica que no contexto geral, apesar do cenário ainda não ser tão positivo, os bancos têm retomado o nível de rentabilidade do passado e, inclusive, com as linhas de crédito já em crescimento.
Na visão dos especialistas, o momento é favorável para o investidor incluir ações de bancos na carteira. Historicamente, o segmento é mais defensivo, conservador e costuma ter boa rentabilidade por meio dos dividendos.
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“O Itaú seria a melhor escolha para agora, já que a cisão da XP fez com que os múltiplos ficassem muito baratos. Quando olhamos para o múltiplo preço sobre valor patrimonial ou preço sobre lucro, podemos ver que as ações estão baratas. Outro ponto é que o banco possui bons fundamentos por trás e acreditamos que o Itaú deve ser um dos bancos que apresentará melhores resultados no 3T21”, diz Negrão.
A Ágora possui recomendação de compra para as ações do Itaú com um preço-alvo de R$ 39. Considerando o preço atual dos papéis, de R$ 24,05, a ação pode chegar a um upside de 62,16%.
Além do Itaú, a corretora também enxerga potencial nas ações do BTG Pactual (BPAC11). “Temos visão bastante favorável a respeito do BTG+, uma plataforma digital com foco no varejo, mas com um público de uma renda um pouco mais elevada. As novas iniciativas devem incomodar os bancos tradicionais e o resultado do 3T21 deve ser impactado por receitas mais fracas do banco de investimentos em função do aumento da taxa de juros”, diz o relatório da casa. A recomendação é de compra e o preço-alvo é de R$ 40.
De acordo com Mastromonico, o movimento de alta na taxa de juros também favorece o cenário para investimentos no setor. Com a Selic em 6,25% ao ano, os bancos não precisam competir entre si para ver quem tem a alíquota mais baixa, já que quando a taxa abaixa, as instituições não conseguem colocar tanto spread.
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“Estamos vivendo um cenário muito conturbado politicamente no Brasil. Por conta desse risco político, o Banco do Brasil não é uma boa opção. Ao olharmos para os bancos tradicionais, Itaú e Bradesco estão muito descontados, com menos risco. No caso do Itaú, com a cisão da XP, os papéis ficaram mais baratos que seus pares, tornando-o mais interessante”, diz Mastromonico.
O que vai ditar o desempenho das ações dos bancos no futuro próximo serão os resultados referentes ao 3T21. A primeira instituição a divulgar seus resultados do período será o Santander, no dia 27 de outubro, e a última será o Banco do Brasil, em 8 de novembro.