Governo anunciou mudanças no IOF. Foto: Adobe Stock
Um grande sinal de alerta de perigo tomou o lugar dos gráficos no momento em que o gestor do Fundo Verde, Luis Stuhlberger, comentou o anúncio do aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em sua apresentação a investidores na quinta-feira (29). A medida foi classificada por ele como “scary”, ou seja, assustadora em inglês.
Para Stuhlberger, o anúncio das novas alíquotas do IOF, que inicialmente se aplicavam a investimentos de fundos no exterior, foi uma “aula de psicologia gratuita” do que o PT pensa. Para ele, a elevação das alíquotas está associada à ideia do governo de reajustar os pagamentos do Bolsa Família, o que vai custar R$ 22 bilhões, em resposta à perda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“É tipo assim: ‘vamos distribuir dinheiro, vamos aumentar a arrecadação, não importa que seja de uma maneira unfair [injusta]'”, comentou Stuhlberger. Ele acrescentou que o mais assustador foi a tentativa de taxar as operações de câmbio, que, descreveu, foi como cobrar um “pedágio” de quem precisa comprar a moeda americana. “Isso é muito scary porque, na minha opinião, deveria aumentar a precificação do tail risk [risco de cauda] negativo do PT”, declarou o gestor no evento anual do Fundo Verde.
Stuhlberger: Como a Faria Lima aposta em mudança de governo
Além disso, o gestor do fundo Verde disse que a percepção no mercado é de que aumentou a probabilidade de troca de governo com as eleições do ano que vem está embalando a recuperação da Bolsa. Segundo Stuhlberger, a “Faria Lima” – como muitas vezes o setor é chamado em alusão ao endereço de São Paulo onde estão sediados bancos, corretoras e gestoras – não acredita na vitória do PT, aumentando assim as apostas numa agenda de maior responsabilidade fiscal a partir de 2027.
Durante evento anual da gestora, Stuhlberger apontou o sentimento entre investidores de que, apesar da trajetória negativa das contas públicas, uma vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo e nome preferido da Faria Lima contra a reeleição do presidente Lula, pode resultar numa correção de rumo. A referência é o que aconteceu na Argentina com Javier Milei.
“Se o Milei conseguiu fazer o que ele fez, o Tarcísio também consegue. Então, essa ideia do fiscal ruim tem essa noção de que é consertável por um novo governo. Não importa o que o PT fizer de ruim este ano, porque um novo governo consegue arrumar”, disse o gestor, que também é CEO e diretor de investimentos (CIO) da Verde Asset.
A perda de popularidade de Lula, pontuou Stuhlberger, faz com que os preços dos ativos negociados em bolsa já incorporem uma chance maior de mudança de governo. Ele entende, contudo, que o momento positivo do mercado pode ser ainda alimentado pelo maior fluxo de investidores.
Ao observar que o País precisa de reformas para controlar o crescimento dos gastos, e consequentemente da dívida pública, o gestor disse que a experiência nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro (PL) mostra que a responsabilidade na política fiscal leva o dólar para 10% abaixo do valor justo (fair value), o que significa uma cotação de R$ 4,70. Isso, frisou Luis Stuhlberger, dá uma ideia da oportunidade trazida pelo que chamou de “trade da eleição”.