Entre janeiro e março de 2025, a rentabilidade do IRB, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), foi de 10,5%, alta de 3 pontos porcentuais em relação ao mesmo período do ano anterior. Para a Genial Investimentos, o número é positivo, embora ele continue em um patamar historicamente baixo.
“Apesar da evolução positiva no lucro e no ROE, os números vieram abaixo do esperado — 5% inferiores às nossas estimativas e 2% abaixo do consenso, com sinais de fragilidade no desempenho técnico”, dizem Eduardo Nishio, Nina Mirazon e Luis Degaspari, que assinam o relatório da Genial.
O IRB apresentou R$ 1,247 bilhão de prêmios emitidos no trimestre, baixa de 13,3% em um ano. A sinistralidade subiu 8,3 pontos porcentuais em um ano, para 66,5%, também impulsionada pela carteira de vida, na qual o índice passou de 27% para 140%. Para a Genial, a queda de 13% na emissão de prêmios, na base anual, reforça o foco da companhia em subscrever com mais cautela.
No entanto, a corretora afirma que isso também expõe limitações relevantes de crescimento, especialmente no Brasil. “Apesar disso, o resultado financeiro robusto — puxado por juros elevados e variação cambial — compensou a fraqueza operacional, mantendo a trajetória de recuperação do lucro”, explicam Nishio, Mirazon e Degaspari, que assinam o relatório da Genial.
Como ficam os dividendos do IRB?
Para o BTG Pactual, o IRB enfrentou um sinistro de grande magnitude no segmento de propriedade no Brasil durante o primeiro trimestre, o que levou a um resultado de subscrição doméstico fraco. No entanto, isso foi compensado por um desempenho melhor do que o esperado em suas operações internacionais e um resultado financeiro mais forte, o que, em última análise, alinhou o resultado com as estimativas do banco.
“Como destacamos em nossa última nota após uma reunião com o CEO, o IRB saiu oficialmente de sua fase de recuperação e continua priorizando a lucratividade em vez do crescimento — garantindo renovações de contratos a preços competitivos. Os índices regulatórios permanecem em níveis confortáveis e, à medida que os resultados continuam a melhorar, esperamos que o IRB comece a pagar dividendos até o final do ano”, explicam Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel, que assinam o relatório do BTG.
Os analistas do Safra saudaram os esforços da administração para crescer priorizando a lucratividade. Todavia, eles apontam que os resultados trimestrais serão significativamente impactados enquanto o desempenho dos prêmios permanecer lento após um sinistro específico.
“Do lado positivo, o índice de solvência ainda conseguiu se expandir, agora em 207%, o que pode sustentar taxas de retenção mais altas no futuro. Além disso, no ritmo atual de crescimento do lucro líquido, o prejuízo líquido acumulado de R$ 300 milhões deve ser revertido para lucros retidos em meados do terceiro trimestre de 2025”, estimam os analistas do Safra.
Os prejuízos acumulados da operação são fatores fundamentais para o IRB voltar a pagar dividendos. Em entrevista ao E-Investidor, o vice-presidente financeiro (CFO), Frederico Knapp disse que a resseguradora deve anunciar a retomada de pagamentos de dividendos ao investidor a partir do balanço do quarto trimestre de 2025, divulgado no início de 2026.
De acordo com o executivo, os dividendos do IRB devem voltar para os bolsos dos acionistas quando a companhia zerar o prejuízo acumulado na operação. No quarto trimestre de 2024, a empresa reportou perdas de R$ 15,9 milhões. Com o cancelamento de 420.125 ações ordinárias que estavam em Tesouraria, a companhia diz que este valor pode subir para R$ 283,8 milhões até o fim deste ano.
Ou seja, os analistas Safra são mais otimistas e estimam que isso deve acontecer já no terceiro trimestre após os resultados apresentados pela empresa neste último ciclo. Já a equipe do Goldman Sachs diz que as despesas administrativas caíram 40% em relação ao trimestre anterior, mas aumentaram 30% em relação ao ano anterior, pressionadas principalmente por outras despesas. Desse modo, o resultado operacional da empresa ficou negativo em R$ 31 milhões, sendo o grande peso no balanço.
O que fazer com as ações do IRB?
Os analistas ouvidos pela reportagem estão cautelosos e avaliam que não vale a pena comprar a ação no momento. O Safra tem recomendação neutra e diz que o investidor deve esperar mais melhorias da reestruturação. A Genial Investimentos tem recomendação de manter, que é equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 50,80, alta de 11,60% na comparação com o fechamento de segunda-feira (12), quando a ação encerrou o pregão a R$ 45,52.
O Goldman Sachs também tem recomendação neutra para a ação IRBR3 com preço-alvo de R$ 49 para o fim de 2025, alta de 7,6% em relação ao último fechamento. O BTG é o único a recomendar compra, com preço-alvo de R$ 56 para o fim de 2025, crescimento de 23% na comparação com o fechamento do dia anterior.
“No geral, acreditamos que a mensagem do primeiro trimestre é positiva: mesmo enfrentando um trimestre difícil (dadas as alegações divulgadas), o IRB (IRBR3) ainda conseguiu gerar R$ 120 milhões em lucros — e, mais importante, R$ 188 milhões em lucro em dinheiro. Isso reforça nossa convicção em uma melhoria contínua da lucratividade nos próximos anos”, explicam os analistas do BTG.