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- Em menos de quatro anos, o ressegurador IRB (IRBR3) deixou a elite da Bolsa para se tornar uma “penny stock” - alcunha dada a companhias cujos papéis são negociados por menos de R$ 1
- O fato de a ação estar sendo negociada na casa dos centavos fez o IRB ser excluído do Ibovespa em 2023. Isto porque o principal índice de ações da B3 não aceita penny stocks na composição de sua carteira teórica
- Para 2023, o cenário deve continuar difícil. Por ora, não se enxerga um ponto de inflexão para os papéis
Em menos de quatro anos, o ressegurador IRB (IRBR3) deixou a elite da Bolsa para se tornar uma “penny stock” – alcunha dada a companhias cujos papéis são negociados por menos de R$ 1. Até às 17h21 desta quinta-feira (5), a IRBR3 estava cotada a R$ 0,92.
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A derrocada da empresa veio após a descoberta de fraudes contábeis no início de 2020. De lá para cá, o ativo caiu cerca de 97% e perdeu liquidez. Em 2019, antes das manipulações nos balanços virem à tona, a ação tinha um volume de negociação médio diário de R$ 175 milhões.
Hoje, esse montante caiu para R$ 49,2 milhões, segundo dados levantados por Einar Rivero, head comercial do TradeMap.
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O fato de estar sendo negociada na casa dos centavos fez o IRB ser excluído da nova carteira do Ibovespa, válida entre 2 de janeiro e 28 de abril de 2023. Isto porque o principal índice de ações da B3 não aceita penny stocks em sua composição. Outros critérios são:
- Ter sido negociadas em 95% dos pregões no período de vigência das últimas três carteiras (aproximadamente 1 ano)
- Ter movimentação financeira equivalente a pelo menos 0,1% do volume financeiro do mercado à vista no mesmo período
- Estar entre os ativos que representem 85% em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), que mede o volume negociado por um ativo na bolsa.
Cenário difícil para as ações do IRB (IRBR3)
Somente no ano passado, as ações do IRB caíram 78%, mesmo com os esforços da nova administração para reerguer o ressegurador após a crise de credibilidade. Para 2023, o cenário deve continuar difícil. Por ora, não se enxerga um ponto de inflexão para os papéis.
“O ano de 2022 foi bem complicado para a empresa. Tiveram que vender ativos, fazer aumento de capital na ‘bacia das almas’, os prejuízos continuaram aumentando, o patrimônio foi diminuindo, queimaram caixa. Para retomar uma trajetória positiva levará algum tempo. Falta saber se as estratégias da nova administração vão dar certo”, afirma Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores.
O analista da Quantzed afirma que o ramo do IRB não é ruim e que existe as chances de uma recuperação (turnaround). “Essa reestruturação depende de decisões corretas, alocação de capital correta e etc. Pode vir a dar certo, mas não agora”, afirma Galindo. Por ora, a recomendação do analista é de que os investidores fiquem longe dos papéis.
Alysson Gregorio, assessor de renda variável da SVN, vê uma conjuntura cada vez mais desafiadora a cada balanço do IRB. “Por estar em um setor perene, alguns investidores acreditam e investem no papel pensando que a empresa voltará ao que era antes. Só que os resultados saem e as teses não se comprovam”, afirma.
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Gregorio não vê nenhum fato novo que alimente esperanças de que o papel mude sua trajetória. Outro fato que gera certa preocupação é o grupamento de ações na proporção de 30 para 1 que o IRB deve realizar no dia 25 de janeiro. Na prática, cada 30 ações serão convertidas em 1 ação, o que deve elevar o preço do papel.
Se por um lado pode ser um caminho para o IRB sair da condição de penny stock e voltar ao Ibovespa, por outro pode afastar o pequeno investidor que dava liquidez ao papel. “Talvez com esse grupamento, a ação perca essa atratividade. A empresa passará por desafios grandes este ano, até maiores que em 2022”, diz Gregorio.
Na visão do assessor da SVN, os papéis do IRB não fornecem o prêmio necessário para compensar o risco. Principalmente considerando os altos retornos na renda fixa, de pelo menos 13,75% (atual taxa básica de juros da economia).