O Itaú(ITUB4) quer crescer a carteira da baixa e alta renda no varejo com o uso de tecnologia para reduzir custos, ganhar escalabilidade e entregar um atendimento hiperpersonalizado, disseram os executivos do banco durante o Itaú Day 2025. O evento, realizado nesta terça-feira (2), tem como objetivo revelar a estratégia dos negócios do maior banco privado do País aos investidores.
A instituição financeira elaborou um plano para dobrar a carteira do varejo até 2030 com o uso de tecnologia e atendimento remoto ao cliente. A companhia quer elevar o atendimento totalmente online de 15% para 75% em dois ou três anos no segmento do varejo. Segundo André Rodrigues, head da área de negócios com foco em pessoas físicas, a empresa tende a abrir mão do atendimento primário via agências bancárias para ser mais baseada em modelos digitais totalmente remotos.
“Queremos acelerar a saída desse modelo tradicional, ao mesmo tempo que a gente tem que ressignificar a presença nichada e regional, inclusive no agronegócio. Então, queremos um verdadeiro banco digital para que a entrada nesses meios seja de forma ágil com uma integração funcional”, disse Rodrigues.
Além do agronegócio, a empresa busca ressignificar seu o crescimento. O Itaú focou fortemente nos últimos anos em clientes pessoas físicas de alta renda. Agora, com os ganhos de escalabilidade com o uso da tecnologia, a empresa tende a ampliar o crescimento da baixa renda, mas ainda com cautela e mantendo a captação do público da alta renda.
De acordo com Rodrigues, a empresa quer reduzir o espaço de renúncia para públicos ou para mercados que eram considerados menos atrativos sem o ganho de eficiência com o uso da tecnologia.
“A partir de agora queremos estar muito presente nesse mercado endereçável de mais de 100 milhões de brasileiros. Estamos falando de mais de 90% da indústria. Vamos focar nesse mercado massificado em clientes que gerem alto valor, em vários nichos e especialidades. No entanto, vale frisar que mantemos nosso foco prioritário aos mercados de média alta renda”, explicou Rodrigues.
Para atrair esse cliente de menor renda, o banco utiliza a estratégia de levar o individuo que possui somente o cartão de crédito para o “super app”. No aplicativo, o cliente tem acesso aos demais serviços do banco, como PIX, área de investimentos e pedidos de empréstimo pessoal.
Segundo o CEO da companhia, Milton Maluhy Filho, o banco já migrou 10 milhões de clientes para o super app. Ele comenta que, embora a empresa tenha uma meta agressiva de digitalização, o cliente que quiser atendimento em agências físicas continuará sendo atendido dessa forma.
“Para o cliente que quer se autoatender e se autosservir em uma plataforma 100% digital, o Itaú Unibanco está disponível. No entanto, continuaremos com atendimentos em agências. A gente precisa ter a rede que atende os clientes que querem ser servidos nesse modelo físico”, explica o executivo.
Mais performance com tecnologia
Já no banco de investimento, a companhia acelera o uso da tecnologia e estabelece novas metas. Carlos Constantino, Wealth do Itaú BBA, afirmou que o banco dobrou a meta para 2030 mesmo com a companhia possuindo 30% de market share. “É possível dobrar o resultado do private nesse período com foco no agronegócio ou em outros nichos específicos”, afirmou Constantino.
Parte dessas mudanças no Itaú BBA também vem com o uso de tecnologia. A empresa implementará inteligência artificial para guiar investidores sobre momentos oportunos para aportar. Conforme o banco, a Inteligência Itaú tende a informar queda ou alta de determinados ativos e recomendar qual é o melhor papel para o momento.
Um exemplo utilizado na apresentação foi a queda do dólar. O app tende a notificar o investidor sobre a baixa da moeda americana e recomenda um ativo para aportar. No exemplo dado na call, a inteligência artificial recomendou aplicação em um Exchange Traded Fund (ETF) atrelado ao índice da Bolsa de Nova York, o S&P 500. Desse modo, a própria inteligência artificial auxilia na assessoria de investimentos.
“A ideia principal é que o cliente vai ser atendido na dor que ele tiver. Se não tivéssemos esse serviço, teríamos um humano fazendo esse serviço e obviamente teria restrições do grau de atendimento e na hiperpersonalização do produto final para o investidor”, explica Constantino.
Dividendos extraordinários devem sair no começo de 2026
Em relação aos dividendos do Itaú, o executivo manteve o modelo de distribuição da empresa, o qual trabalha com o pagamento mínimo de 30% do lucro (payout) com a possibilidade de distribuir proventos extraordinários após o resultado do quarto trimestre de cada ano.
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Segundo o CEO do Itaú, a companhia está atenta a vários riscos do mercado neste ano, como o risco operacional e o risco de crédito do índice de basileia. O índice de basileia mede quanto do capital do próprio banco está destinado aos empréstimos concedidos pela companhia. Desse modo, um banco que possui um basileia de 15% está com esse percentual de seu capital empregado no empréstimo.
Essa é uma norma regulamentar que demanda capital do banco. No caso do Itaú, se a empresa tiver capital suficiente para cobrir o basileia regulatório, a distribuição de proventos extraordinários tende a acontecer como nos anos anteriores. De acordo com Maluhy Filho, o banco deve pagar esses dividendos acima do payout básico de 30%.
“Faremos a distribuição de dividendo adicional no início do próximo ano. Esperamos que a gente consiga evoluir no valor do dividendo, mas ainda estamos em setembro. Ou seja, tem um ano ainda para concluir, mas as projeções são muito positivas”, conclui o executivo.
Em linhas gerais, a mensagem do banco é que a companhia deve colher frutos dos fortes investimentos em tecnologia para reduzir custos e entregar uma alta rentabilidade para o investidor. Esses ganhos viriam com a assessoria de investimentos com IA ou pela meta de atendimentos de 75% dos clientes sem o uso da agência. Ainda assim, a administração reforça que o Itaú (ITUB4) físico continuará presente para atender a todos os seus clientes.