O Magazine Luiza (MGLU3) divulga os resultados do primeiro trimestre de 2024 nesta quinta-feira (9), após o fechamento do mercado. A expectativa dos analistas é que a empresa deve reverter o prejuízo de R$ 391 milhões do primeiro trimestre de 2023 para ter lucro entre R$ 2 milhões e R$ 19 milhões no primeiro trimestre de 2024, mostram estimativas do Santander, Itaú BBA e Genial Investimentos.
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O setor de varejo em geral deve apresentar uma melhora no Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) nos balanços do 1T24, apontam os analistas do Santander. Isso se deve principalmente à redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. A taxa foi de 13,75% ao ano para 10,75% ao ano no fim do primeiro trimestre de 2024.
Com a Selic em queda, o consumo é mais incentivado, o que melhora o desempenho operacional das empresas. “No primeiro trimestre de 2024, esperamos ver uma aceleração nas melhorias operacionais, com a maioria das varejistas registrando aumentos significativos de Ebitda em relação ao ano anterior. Para o Magazine Luiza, estimamos um Ebitda ajustado de R$ 655 milhões, crescimento de 24,6% na comparação com o Ebitda ajustado de R$ 525 milhões do mesmo período do ano passado”, apontam Ruben Couto, Eric Huang e Felipe Ballevona, que assinam o relatório do Santander.
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O banco tem um palpite intermediário de lucro entre as casas consultadas. Os analistas acreditam que o Magazine Luiza deve reportar um lucro líquido de R$ 9 milhões.
Já o Itaú BBA ressalta que o Magalu deve apresentar um lucro líquido de R$ 2 milhões. “O canal 3P deve ter maiores participações na receita líquida e ser um dos canais com maior ganho de participação nas vendas totais”, explica a equipe de Thiago Macruz, composta por mais quatro analistas que assinam o relatório do BBA. No e-commerce, a venda é definida entre 1P, 2P e 3P. No 1P, um varejista de fora vende um produto na plataforma do Magalu e o vendedor fica responsável pela entrega. No 2P, o produto é vendido na plataforma do Magalu por um terceiro, mas a empresa da família Trajano fica responsável pela entrega. Já no 3P o produto é vendido e entregue pelo Magalu.
Eles ainda apontam que o primeiro trimestre de 2024 não terá o impacto da diferença entre as alíquotas interna e interestadual (DIFAL), quando um consumidor compra um produto no e-commerce de um estado para outro. No ano passado, o STF decidiu que esse imposto deveria ser pago pelas varejistas por vendas feitas a partir de 5 de abril de 2022. A companhia acabou pagando os débitos de forma retroativa.
Devido ao fim da cobrança retroativa, os analistas estimam que o Magalu deve ter uma melhora em sua rentabilidade, que pode ser medida pela margem bruta. O BBA estima que o indicador deve subir 2,6 pontos porcentuais, indo de 27,3% no primeiro trimestre de 2023 para 29,9% no segundo trimestre de 2024.
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A Genial Investimentos é a casa mais otimista. Os analistas acreditam que a varejista deve lucrar R$ 19 milhões no primeiro trimestre de 2024. Todo esse otimismo ocorre com base na redução da taxa de juros e também no destaque que as lojas físicas devem ter.
Os analistas estimam que, com a Americanas (AMER3) em recuperação judicial e o Grupo Casas Bahia (BHIA3) em processo de equalização de dívidas e despesas, o Magalu teve em mãos uma “tempestade perfeita” para abocar ainda mais participação de mercado em lojas físicas ao longo do primeiro trimestre de 2024 e do resto do ano.
“Ainda que a redução da área de vendas jogue contra o crescimento de receita neste trimestre – dado o fechamento de 23 lojas não rentáveis ao longo desse 1º trimestre, acreditamos que o cenário competitivo consegue mais do que neutralizar esse impacto, com Magalu se aproveitando do crescimento de fluxo às lojas e maiores conversões em vendas”, apontam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório da Genial.
A corretora estima que o Volume Bruto de Mercadoria (GMV, na sigla em inglês) deve ser de R$ 16 bilhões no primeiro trimestre de 2024, uma melhora de 2,9% na comparação com o GMV de R$ 15,5 bilhões do primeiro trimestre de 2023. “Mesmo sem grandes criações de créditos pela Luizacred (carteira estimada de R$ 19,8 bilhões), projetamos que o GMV de Lojas Físicas atinja R$ 4,6 bilhões, alta de 9% na base anual com um Same Store Sales (vendas das mesmas lojas) acima da média vista em 2019 (alta de 9,1% ano a ano no 1T24 contra a média consolidada de 7,6% de 2019).
O que fazer com as ações do Magalu antes do balanço?
Os analistas ainda têm ressalvas quanto às ações. O Itaú BBA tem classificação de market perform para o ativo, desempenho dentro da média do mercado, que é equivalente a neutro. A equipe calcula um preço-alvo de R$ 3 para a ação, uma potencial alta de 86,3% na comparação com o fechamento de terça-feira (7), quando o ativo encerrou o pregão a R$ 1,61.
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A Genial também tem a mesma estimativa. Os especialistas dizem que, apesar de a ação sugerir um bom ponto de entrada devido à forte venda vivida pelo varejo discricionário ao longo dos últimos meses, eles acreditam que o fluxo de mercado ainda não deve vir para o setor enquanto os investidores não desenharem o direcionamento monetário do Federal Reserve e Banco Central ao longo dos próximos meses.
Por causa disso, os analistas possuem recomendação de manter para o ativo, que é equivalente à neutra. Os analistas da Genial calculam um preço-alvo de R$ 2,60 para o papel, uma potencial alta de 61,5% na comparação com o fechamento de terça-feira (7). O Santander não revela sua recomendação para o Magalu em seu relatório de prévia.
Na última segunda-feira (6), o CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, foi acusado pelos fundadores do KaBuM, os irmãos Thiago Camargo Ramos e Leandro Camargo Ramos, de ter cometido uma fraude contábil de R$ 829,5 milhões. Com isso, os dois acionistas convocaram uma assembleia geral extraordinária para deliberar sobre a proposta de Ação de Responsabilidade contra Trajano. Frederico afirma que os ataques contra ele são “mentiras, falsas acusações e calúnias”.