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Lojas Marisa e Oi apostam no mercado pet. Como ficam as ações?

Segundo analistas, o interesse das companhias se deve à perspectiva positiva desse segmento de mercado

Lojas Marisa e Oi apostam no mercado pet. Como ficam as ações?
Os planos ofertados pelas empresas incluem consultas e até assistência funerária (Foto: Envato Elements)
  • No ano passado, o mercado de pet no Brasil faturou mais de R$ 51 milhões, segundo dados do Instituto Pet Brasil
  • O volume representa um aumento de 25% em relação ao faturamento de 2020
  • A perspectiva é que outras empresas sigam o mesmo caminho da Marisa e da Oi e passem a ofertar planos de saúde para cães e gatos

O promissor mercado pet tem atraído a atenção de companhias dos mais diversos setores, como a varejista Marisa (AMAR3) e operadora de telefonia Oi (OIBR4). Nesta semana, as duas empresas anunciaram o lançamento de planos de saúde e de seguro para cães e gatos. No entanto, a estratégia, na avaliação de analistas, vai exigir esforços das companhias para conquistar espaço neste segmento ainda em expansão e não deve repercutir de forma positiva no valor das ações a curto e médio prazo.

De acordo com os dados do Instituto Pet Brasil (IPB), o setor faturou no ano passado R$ 51,1 bilhões em 2021. O volume aponta um crescimento de 25,1% em relação ao ano de 2020. O segmento de alimentação para pet foi o responsável por mais da metade da movimentação financeira ao registrar um faturamento de R$ 28 bilhões. Os produtos veterinários e serviços veterinários também apresentaram crescimento de 11% e 14,3%, respectivamente.

Para Nelo Marraccini, presidente do Conselho Consultivo do IPB, o crescimento está vinculado à mudança de comportamento de parte da população que decidiu adotar animais de estimação durante a pandemia. Outro fator foi o aumento do custo de produção dos principais produtos do setor. “Foram dois anos (2020 e 2021) em que as pessoas adotaram mais animais. Os preços dos produtos também subiram muito por causa da explosão do dólar”, ressalta Marracini.

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Olhando para essa perspectiva, a Lojas Marisa, por meio do MBank, sua plataforma digital de produtos e serviços financeiros, lançou nesta semana um seguro para pets, em parceria com o “Proteção Pessoal e Pet”. O produto oferece uma cobertura para acidentes pessoais e auxílio dedicado a cães e gatos, como consultas veterinárias e assistência funeral.

De acordo com Adalberto Santos, superintendente do Mbank, a inclusão do novo serviço para “pet” trata-se de uma demanda dos consumidores. “Em um trabalho de escuta ativa com nossas consumidoras, procuramos entender quais tipos de serviços as mulheres consideram importante dentro do universo feminino e, para nossa surpresa, a categoria “pet” foi um dos destaques”, explica Santos sobre a motivação para o desenvolvimento do serviço.

Na avaliação de Vitor Aguiar, analista do TC Matrix, embora não seja ainda um nicho consolidado, o seguro de pet deve crescer ainda mais com a tendência de “humanização” dos animais. Por essa razão, a estratégia pode trazer benefícios para a empresa. “A demanda por serviços pet tende a crescer no Brasil e é uma oportunidade para a Marisa”, afirma Aguiar. “A Marisa fez parceria com uma seguradora para isso (Assurant), e suas lojas e sua base de clientes servirão para impulsionar o negócio”, acrescenta o analista.

No entanto, Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, aponta alguns riscos que a companhia pode sofrer ao entrar neste segmento de mercado. “Há seus riscos de execução, como o aumento de sinistralidade”, ressalta Crespi. Apesar de enxergarem a estratégia positiva mesmo com os desafios, os dois analistas não possuem recomendação de compra para as ações da Marisa.

A Oi (OIBR4) decidiu seguir o mesmo caminho. Na quinta-feira (17), a companhia lançou a venda de planos de saúde para cães e gatos, por meio da sua plataforma de vendas on-line, a Oi Place. A oferta do serviço, que inclui duas consultas presenciais por ano, acontece por meio da parceria com a Plamev Pet, empresa de planos de saúde para pets. “Cerca de 88% da população que tem pet consideram o seu animalzinho como um membro da família. Então, o plano de saúde permite que você consiga dar o máximo de assistência possível por um preço acessível”, dizPedro Svacina, CEO e co-fundador da Plamev Pet.

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De acordo com ele, outras empresas devem lançar os seus planos por enxergar o potencial de crescimento econômico deste nicho de mercado. “Estamos negociando com quatro seguradoras que possuem cerca de 20 a 25 projetos de planos de saúde para pets”, afirma Svacina.

Como ficam as ações

Os papéis da Marisa não têm apresentado bons retornos nas últimas semanas. Segundo Crespi, o motivo se deve ao cenário de incertezas da economia e também do aumento da inflação e da taxa de juros. “É uma varejista voltada para as classes C e D bastante impactadas pelo cenário macroeconômico”, ressalta o analista. Por esse motivo, as ações da varejista sofrem com uma derrocada de 13,16% no acumulado deste ano, segundo dados da Economatica. Já no início da tarde desta sexta-feira (18), os papéis estavam com uma leve alta de 0,3%, chegando a R$ 3,31.

Já as ações da Oi sofriam com uma queda de 4,58% no início da tarde do pregão desta sexta. No acumulado do ano, o levantamento da Economatica mostra que os papéis apresentaram uma alta de 19,53%. No entanto, Mário Goulart, analista da O2 Research, atribui esse ganho a um movimento dos investidores estrangeiros para o mercado brasileiro. ”Os investidores estrangeiros passaram a olhar para as empresas do País e descobriram que os papéis estavam depreciados”, explica Goulart.

Para ele, a entrada da Oi e da Marisa no segmento pet não deve valorizar os papéis das companhias. Embora seja uma iniciativa interessante, as duas empresas possuem problemas estruturais que comprometem a performance dos seus ativos. “A Oi tem uma dívida de R$ 34 milhões, enquanto o valor de mercado dela é de R$ 6 milhões. Nos últimos três anos, a Marisa apresentou prejuízo”, ressalta.

Por outro lado, esse movimento pode beneficiar a única varejista do setor pet listada na bolsa: a Petz (PETZ3). Segundo Thiago Rolo, sócio e analista da Âmago Capital, como a companhia tem investido na construção de um “ecossistema” que vai desde a venda de produtos de alimentos a serviços veterinários, é possível que as empresas que oferecem planos de saúde para cães e gatos necessitem dessa estrutura. “A Petz é uma das pouquíssimas empresas que conseguem atender em vários estados do Brasil. Ela está presente em 73 cidades do País”, afirma.

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