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
O banco BTG Pactual não vê tendência clara de valorização dos ativos domésticos este ano e acredita que a melhora significativa do Ibovespa nesses primeiros dois meses pode ser passageira. A instituição financeira projeta que o governo deve cumprir a meta de 2025, como fez no ano passado, mas ainda falta um endereçamento para o crescimento da dívida pública. As despesas devem atingir 80,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025 e evoluir para 83,4% em 2026, o que reforça a necessidade de alterações estruturais – que ainda não estão à vista.
“Na verdade, o governo tem reiterado o desejo de avançar com um conjunto de políticas que podem aumentar o risco fiscal e reduzir o efeito da política monetária“, diz o BTG, que cita exemplos como as propostas de aumento da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil, nova linha de crédito consignado para o setor privado e subsídios ao gás para todas as famílias que participam do Bolsa Família.
O cenário de taxa de juros mais elevados é um fator adicional de risco para esse endividamento. O BTG espera que a Selic chegue a 15,25% em junho, o que torna a dívida pública “mais cara”. “Em relação à atividade econômica, não é claro ainda que estamos em um cenário de forte desaceleração da atividade a ponto de nos levar a um ciclo de aumento de juros inferior ao que estamos projetando”, diz o banco. A conjuntura externa também está cheio de incertezas em meio ao “tarifaço” proposto pelo presidente americano Donald Trump e as dúvidas em relação a trajetória dos juros nos Estados Unidos. Essa falta de visibilidade dificulta projeções para os ativos, como o dólar.
Fluxo estrangeiro de volta para a Bolsa
Para o BTG, a grande novidade deste início de ano é a volta do fluxo de investimento estrangeiro na B3, mesmo que ainda “incipiente”. “O Brasil ficou excessivamente barato frente aos demais países emergentes e que o país não está entre aqueles que poderiam ser fortemente afetados pela política protecionista do governo americano. Isso representa uma mudança de percepção importante dos investidores internacionais sobre o Brasil”, diz o banco.
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Agora, o mercado espera a volta das seções presenciais do Congresso Nacional em março. “Há dúvidas se o Congresso Nacional aprovará o reajuste da faixa de isenção do imposto de renda para R$ 5 mil e se haverá compensação integral do custo do programa, que pode passar de R$ 40 bilhões por ano. O programa poderá ser apresentado em março, mas a sua votação não será imediata”, conclui o BTG.
Até as 11h53 desta quarta-feira (19), o Ibovespa caía 0,72%, aos 127,5 mil pontos.