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Se em janeiro o Ibovespa registrou uma valorização de 4,86%, o cenário foi um pouco diferente em fevereiro. O principal índice da B3 terminou o segundo mês do ano com uma queda de 2,64%. No período, o mercado acompanhou de perto a política tarifária de Donald Trump e os primeiros movimentos da corrida eleitoral de 2026.
Logo no primeiro dia do mês, o presidente dos Estados Unidos assinou ordens executivas para impor aos produtos importados do México e do Canadá uma tarifa de 25%. Os produtos chineses, por sua vez, devem sofrer com uma taxação de 10%. A implementação das medidas, no entanto, foi adiada em um mês e está prevista para entrar em vigor em 4 de março.
Enquanto o mercado se preocupava no exterior com os efeitos inflacionários das propostas tarifárias anunciadas por Trump, aqui no Brasil um tema que só entraria na pauta em 2026 foi antecipado: as eleições presidenciais.
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No dia 14 de fevereiro, o Ibovespa chegou a saltar 2,70%, após a pesquisa Datafolha mostrar uma queda na popularidade de Lula. De acordo com o levantamento, a aprovação do governo chegou a uma marca inédita: em dois meses, caiu de 35% para 24%, atingindo o pior índice dos seus três mandatos na Presidência. A reprovação do governo do petista também foi recorde, passando de 34% para 41%.
A reação positiva do mercado à notícia reflete a expectativa de que, diante da baixa popularidade de Lula, as eleições de 2026 podem representar uma mudança na agenda econômica. É o que analistas têm chamado de “trade de eleição”, um posicionamento mais favorável a ativos domésticos baseado na promessa de uma alteração na gestão do País.
Além de antecipar os próximos passos eleitorais, o mercado se concentrou em novos dados de inflação em fevereiro, que forneceram pistas sobre a condução da política monetária brasileira. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) ficou em 1,23% no mês, uma alta de 1,12 ponto percentual acima da taxa registrada em janeiro (0,11%).
Para o time da Ágora Investimentos, apesar do resultado ter vindo abaixo do esperado pelo mercado, as discussões sobre uma eventual inversão do ciclo de alta da Selic parecem prematuras. “As projeções para a inflação seguem desancoradas e a despeito do IPCA-15 abaixo do previsto, novas iniciativas de estímulos fiscais devem limitar a queda dos juros futuros. A indefinição sobre a aprovação do Orçamento de 2025 também contribui para a manutenção da percepção de risco”, afirma.
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A corretora destaca que o principal argumento em prol do investimento na Bolsa brasileira continua sendo o valuation. “Aos níveis atuais, o Ibovespa negocia a um múltiplo P/L (preço sobre lucro) próximo dos 7,3x, absolutamente descontado frente à média histórica. Em geral, o mercado parece demasiadamente leve. Há pouca convicção entre os gestores e as posições podem ser invertidas de maneira rápida.”
A Ágora continua vendo espaço para a adição de nomes de qualidade nos portfólios, mas ao mesmo tempo segue criteriosa na escolha dos ativos. A casa ainda prefere nomes dos setores de utilities (energia elétrica e saneamento básico) e financeiro, além de empresas que estejam registrando geração de caixa e pagamento de dividendos. Por outro lado, mantém maior cautela com varejistas.
As ações preferidas de bancos e corretoras para março
Duas ações se destacam nas recomendações de bancos e corretoras consultados pelo E-Investidor. A grande estrela é o Itaú (ITUB4), com cinco recomendações. A empresa divulgou, no começo de fevereiro, o seu balanço do quarto trimestre de 2024, quando teve lucro líquido gerencial de R$ 10,884 bilhões, um resultado 15,8% superior ao do mesmo período de 2023. A Ágora acredita que os últimos resultados do banco trouxeram – e reforçaram – tendências fortes. “Por fim, estimamos que a orientação do banco para 2025 implica um lucro líquido recorrente ao redor de R$ 45 bilhões, o que está amplamente em linha com nossa estimativa –conferindo uma elevada previsibilidade e potenciais dividendos extraordinários”, diz em relatório.
Para a Terra Investimentos, a empresa se destaca por seus resultados financeiros robustos e um crescimento consistente no lucro líquido, refletindo uma gestão eficiente e uma forte capacidade de geração de receitas. “Além disso, a solidez de capital e os níveis elevados de liquidez reforçam a estabilidade financeira da instituição. Com um valuation que sugere potencial de valorização, a recomendação é de compra, destacando a posição do Itaú como uma escolha sólida para investidores”, avalia.
Outro destaque é a JBS (JBSS3), citada em quatro carteiras. Mesmo incorporando resultados avícolas mais fracos à frente, a Ágora vê as ações sendo negociadas com um desconto injustificado em relação à sua média histórica, em termos de valuation, e abaixo dos pares do setor de proteínas. “Além disso, boa parte da receita da JBS é dolarizada, o que a torna um player defensivo para o atual momento de instabilidade cambial“, explica.
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Também integram o ranking de preferências dos analistas as ações da CCR (CCRO3), Eletrobras (ELET6), Copel (CPLE6), Embraer (EMBR3), Petrobras (PETR4), Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3), cada uma com duas menções. Veja a seguir as carteiras de ações completas de corretoras e bancos para março:
Ágora Investimentos
A Ágora realizou duas alterações na composição de sua carteira. A corretora retirou as ações da Cyrela (CYRE3) e da Telefônica Brasil (VIVT3) e, em seus respectivos lugares, incluiu os papéis da Copel (CPLE6) e da Embraer (EMBR3)
Ações |
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Eletrobras (ELET6) |
Copel (CPLE6) |
Copasa (CSMG3) |
Suzano (SUZB3) |
Embraer (EMBR3) |
Itaú (ITUB4) |
JBS (JBSS3) |
Petrobras (PETR4) |
Sabesp (SPSP3) |
Vale (VALE3) |
BB Investimentos
O BB mudou a sua carteira para março por completo. Entraram Vibra (VBBR3), Totvs (TOTS3), CCR (CCRO3), Ultrapar (UGPA3) e Marfrig (MRFG3), enquanto CSN Mineração (CMIN3), Cogna (COGN3), Hapvida (HAPV3), Lojas Renner (LREN3) e Tim (TIMS3) saíram.
Ações |
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Vibra (VBBR3) |
Totvs (TOTS3) |
CCR (CCRO3) |
Ultrapar (UGPA3) |
Marfrig (MRFG3) |
Empiricus
A Empiricus substitui a SLC Agrícola (SLCE3) pela RD Saúde (RADL3) em sua carteira recomendada de ações.
Ações |
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Suzano (SUZB3) |
Equatorial (EQTL3) |
Itaú (ITUB4) |
Localiza (RENT3) |
Iguatemi (IGTI11) |
Eletrobras (ELET6) |
Direcional (DIRR3) |
Porto Seguro (PSSA3) |
Prio (PRIO3) |
RD Saúde (RADL3) |
Genial Investimentos
A Genial fez quatro mudanças em sua carteira recomendada para março. Entraram os papéis da Engie (EGIE3), Itaú (ITUB4), Sanepar (SAPR11) e SLC Agrícola (SLCE3), com a saída de Brasil Agro (AGRO3), Irani (RANI3), Santander (SANB11) e Unipar (UNIP6).
Ações |
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Engie (EGIE3) |
BTG Pactual (BPAC11) |
Wilson Sons (PORT3) |
Cemig (CMIG4) |
Copel (CPLE6) |
Itaú (ITUB4) |
Sanepar (SAPR11) |
JBS (JBSS3) |
SLC Agrícola (SLCE3) |
Três Tentos (TTEN3) |
PagBank
O PagBank não fez nenhuma mudança em sua carteira recomendada de ações para março.
Ações |
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Itaú (ITUB4) |
BB Seguridade (BBSE3) |
JBS (JBSS3) |
Embraer (EMBR3) |
Weg (WEGE3) |
Terra Investimentos
Para março, a Terra fez duas modificações na carteira recomendada de ações. A corretora retirou os papéis da Ambev (ABEV3) e da Azzas 2154 (AZZA3), incluindo os ativos da CCR (CCRO3) e da Telefônica Brasil (VIVT3).
Ações |
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Vale (VALE3) |
Gerdau (GGBR4) |
Cosan (CSAN3) |
CCR (CCRO3) |
JBS (JBSS3) |
Itaú (ITUB4) |
Eletrobras (ELET3) |
Petrobras (PETR4) |
Telefônica Brasil (VIVT3) |
Lojas Renner (LREN3) |