Publicidade

Mercado

Sócios da Méliuz vendem ações ao BV com desconto de 10% em relação ao IPO

Acordo ocorre em meio a perdas de 60% das ações e capacidade de geração de caixa limitada

Sócios da Méliuz vendem ações ao BV com desconto de 10% em relação ao IPO
Evento de abertura de capital da Méliuz. (Foto: Divulgação/B3)
O que este conteúdo fez por você?
  • Os sócios fundadores, entre os quais Israel Salmen, presidente da companhia, e Ofli Campos Guimarães, saem do negócio em até dois anos

Dois anos após sua estreia na bolsa, a startup de cashback e cupons de desconto em lojas virtuais Méliuz (CASH3) fechou acordo com o BV para sua venda. Os sócios fundadores, entre os quais Israel Salmen, presidente da companhia, e Ofli Campos Guimarães, saem do negócio em até dois anos, período que o BV terá para adquirir a participação do bloco de referência do Méliuz, atualmente composto por uma fatia de 23,93% na empresa.

O acordo acontece em meio a perdas perto de 60% das ações da Méliuz e capacidade de geração de caixa e acesso à capital – a um custo semelhante ao que tiveram na oferta de ações em novembro de 2020 – limitados. O BV tem a possibilidade de ficar com as ações do bloco de referência com um desconto de 10% em relação ao preço de da oferta inicial de ações (IPO), ajustado ao desdobramento (split), equivalente a R$ 1,67 por cada ação.

As ações do Méliuz foram vendidas no IPO a R$ 10,00 em novembro de 2020 e depois tiveram uma disparada. Para trazer novamente o preço das ações para próximo do valor do IPO e dar acesso ao público de varejo, o Méliuz fez um desdobramento em setembro de 2021, de seis ações para cada uma em circulação.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

O Méliuz chegou à Bolsa no boom das ofertas de ações de tecnologia, em 2020, muitas das quais com promessas de crescimento acelerado. Com o IPO, movimentou mais de R$ 600 milhões, sendo que mais de R$ 400 milhões foram para seu caixa.

O acordo aliviou um “dilema”, afirmou Salmen em conversa com analistas nesta terça-feira (03). “Ficamos sem restrições para voltar a crescer, como sempre fizemos, e saio com sentimento positivo”, acrescentou. Salmen tranquilizou os analistas quando à manutenção da filosofia e marca do Méliuz, apesar da saída dos sócios, lembrando que a companhia formou profissionais comprometidos com o negócio e que nesse período seguirá zelando pela empresa que construiu.

Mas várias etapas terão de ser cumpridas e algumas condições serem satisfeitas para que o acordo de parceria e troca de controle aconteça nos próximos anos. O primeiro deles é a aprovação em assembleia a ser realizada entre fevereiro e março para perdão (waiver, em inglês) de cláusula de poison pill, que impede a realização da operação e chegada do BV na empresa no formato acordado. “Este é o passo mais importante agora”, afirmou o diretor de relações com investidores do Méliuz, Marcio Penna.

O BV não quer entrar no negócio para ficar com menos de 50% mais um de participação, ou seja, o controle, o que tende a acontecer após a aquisição da fatia do bloco de referência, quando o banco deverá fazer uma oferta pública de aquisição do free float, hoje em 76%. Isso vai depender de quanto tempo o BV levar para ficar com a fatia do bloco de referência. De cara, o banco já levou o equivalente a 3,85% e tem até dois anos para exercer a opção de compra dos 20,08% restantes.

Publicidade

A instituição financeira pode dar esse passo em seis meses, a qualquer momento, ou a cada dois meses após esse período. As ações serão compradas por R$ 1,50 em até 6 meses depois do acordo, corrigido pelo CDI; e entre esse valor e a média do preço ponderada pelo volume das ações de emissão do Méliuz negociadas na B3 nos 30 pregões anteriores, com um desconto de 10%.

Condição

Uma condição precedente a todo o acordo, além da aprovação do waiver ao poison pill, é a aquisição do Bankly, banking as a service, pelo BV em até 90 dias por um valor de referência do negócio de R$ 210 milhões. Com isso, o Méliuz deve ter seu caixa líquido elevado para R$ 600 milhões.

O diretor de novos negócios do Méliuz, Gabriel Loures, disse que a companhia deve manter a estratégia de cautela com negócios que vinha sendo adotada no atual cenário de dificuldades macroeconômicas e no ambiente de negócios da empresa. Loures acrescentou que o Méliuz havia freado a oferta de cartões e adotado postura conservadora na concessão de crédito.

Publicidade

Segundo ele, todos os novos produtos e negócios serão discutidos e colocados em prática junto com o BV, embora a experiência do usuário siga no aplicativo. “As oportunidades de cross sell serão construídas com o BV e com outros parceiros. O modelo é diferente do que tínhamos com o Pan, em que o cliente acessava o canal deles”, disse.

O cartão pré-pago que está na esteira de lançamento do Méliuz não está previsto na parceria, mas o assunto será ainda discutido. “Nos próximos 45 dias esse e outros produtos serão discutidos com o BV”, acrescentou Loures.

* Esta matéria foi atualizada em 04/01/2023, às 10h50, para corrigir uma informação equivocada, a de que os sócios do Méliuz venderam ações ao BV com desconto de 85% em relação ao IPO. No entanto, considerando o desdobramento de setembro de 2021, de seis ações para cada uma em circulação, o desconto ficou em cerca de 10% em relação ao preço equivalente do IPO ajustado ao split. 

Web Stories

Ver tudo
<
IPVA 2025: carros menos poluentes são isentos do imposto; confira lista
Comida mais cara: 6 dicas para economizar na feira e no supermercado
O que fazer para receber a restituição do IR antes?
Bitcoin a US$ 1 milhão? Entenda porque investidores acham isso possível
“É uma loucura”: entenda a ousada proposta de Trump para o bitcoin
Nota de “zero” Euro? Elas existem e há até uma brasileira
Conheça o substituto do ar-condicionado com consumo de energia até 5 vezes menor
Como evitar que as festas de final de ano arruínem seu planejamento de 2025
>