

A sessão pós-carnaval será mais curta no Brasil e traz o Boletim Focus como destaque na fraca agenda local desta Quarta-feira de Cinzas. A liquidez pode ser reduzida no mercado financeiro hoje, e os ativos financeiros devem se ajustar aos desdobramentos da ofensiva tarifária desencadeada pelo governo dos EUA – leia mais aqui.
Também ficam no radar da agenda econômica hoje, o relatório da ADP de empregos no setor privado antes do relatório oficial de empregos de fevereiro, o payroll, na sexta-feira (7). Há também os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) da S&P Global e o Livro Bege (relatório sobre as atuais condições econômicas em cada um dos 12 distritos nos EUA).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, antes de viajar para Campo do Meio (MG) na sexta-feira para entregas de lotes em 138 assentamentos do MST, além de assinar atos de desapropriação, projetos e renegociação de dívidas do Desenrola Rural.
Mercado financeiro hoje: os principais assuntos desta quarta-feira (5)
Bolsas internacionais sentem alívio com tarifas de Trump
Os índices futuros de Nova York e os juros curtos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) perderam força, enquanto o dólar hoje acelera queda após os dados de emprego da ADP. No entanto, os sinais seguem positivos, e os rendimentos longos dos títulos americanos avançam, reagindo às declarações do secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que sugeriu que o presidente Donald Trump pode anunciar um “alívio” nas tarifas impostas: 25% para o Canadá e o México e 10% adicionais para a China.
Os governos canadense e chinês já anunciaram retaliações, e o do México promete uma resposta em breve. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, John Williams, afirmou que não é necessário mudar os juros agora e que as tarifas podem afetar a inflação no fim deste ano. A Moody’s alertou que US$ 3 trilhões do comércio global estão em risco devido às tarifas de Trump.
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Na Europa, o DAX lidera os ganhos nas bolsas, impulsionado pela possibilidade de redução de tarifas e por uma possível reforma nas regras de dívida da Alemanha, que aumentaria investimentos em defesa. As bolsas da Ásia também subiram, após o governo chinês manter sua meta de crescimento de 5% para 2025, apesar das tarifas adicionais dos EUA.
Commodities: petróleo e minério recuam
O petróleo opera em baixa, acumulando perdas pela quarta sessão consecutiva, um dia após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciar planos de aumentar sua produção a partir de abril e em meio a preocupações com a ofensiva tarifária dos EUA. Às 11 horas, o barril do petróleo WTI para abril caía 1,49%, enquanto o do Brent para maio recuava 1,21%.
Entre as commodities hoje, o minério de ferro fechou em queda de 1,34%, cotado a 771 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 105,84 nos mercados de Dalian, na China.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) subiam 0,96% no pré-mercado de Nova York, por volta das 11 horas (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,66% no mesmo horário.
Expectativas para o Ibovespa hoje
O Ibovespa hoje deve se ajustar ao tom positivo das bolsas internacionais, embora as quedas nos mercados americanos nos últimos dois dias e a redução de mais de 1% no petróleo e no minério de ferro possam limitar uma recuperação. O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) brasileiro negociado em Nova York às 11 horas.
O dólar pode aliviar após ter atingido R$ 5,9163 antes do feriado, pressionado por fatores políticos e externos. A nomeação de Gleisi Hoffmann para a articulação política gera preocupações sobre a governabilidade. O vice-presidente Geraldo Alckmin, no entanto, afirmou que Gleisi será uma “boa surpresa” e descartou aumento de impostos como medida para conter o preço dos alimentos.
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Com o impasse sobre emendas praticamente resolvido, o governo alertou o STF que as medidas para compensar a desoneração da folha são insuficientes. A Advocacia-Geral da União (AGU) busca apoio da Corte para equilibrar as contas, diante da resistência do Congresso às propostas econômicas. Esses e outros assuntos ficam no radar de investidores no mercado financeiro hoje.
* Com informações do Broadcast