Mercados globais sobem com tecnologia, enquanto dólar recua e fiscal pressiona o Brasil
Ações de tecnologia puxam o apetite por risco no exterior, petróleo avança com bloqueio à Venezuela e Orçamento reacende dúvidas sobre o arcabouço fiscal brasileiro
Bolsas globais avançam na penúltima semana de 2025, com tecnologia liderando ganhos no exterior, enquanto o cenário fiscal mantém a cautela no mercado brasileiro. (Foto: Adobe Stock)
A penúltima semana de 2025 começa com os mercados globais em alta, impulsionados mais uma vez pelas ações de empresas de tecnologia. O movimento reflete a retomada do apetite por risco dos investidores, mesmo em um ambiente de liquidez mais restrita típico do fim do ano, quando o volume de negociações tende a diminuir. Os índices futuros do Nasdaq, bolsa americana com forte concentração de companhias de tecnologia, avançam e caminham para apagar as perdas acumuladas em dezembro.
No mercado de câmbio, o dólarrecua pela primeira vez em quatro sessões consecutivas de alta. Já os rendimentos dos Treasuries, os títulos da dívida pública dos Estados Unidos, sobem em meio à reprecificação das expectativas para a política monetária americana.
Em paralelo, o ouro alcançou um novo recorde histórico, sustentado pelas apostas em novos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, e pela busca por proteção diante do aumento das tensões geopolíticas globais.
Entre as principais commodities, os contratos futuros do petróleo seguem em alta, após a intensificação do bloqueio americano à Venezuela. O movimento ocorre depois da interceptação do terceiro petroleiro no Caribe, o que reforça temores de restrição na oferta da commodity.
Já os preços futuros do minério de ferro subiram 0,58% na madrugada na Bolsa de Dalian, na China, alcançando US$ 110,99 por tonelada.
No Brasil, além dos efeitos cambiais associados às remessas de dividendos ao exterior (quando empresas enviam parte de seus lucros a investidores estrangeiros, pressionando o câmbio), o mercado doméstico deve reagir à percepção de que o Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional dificulta o cumprimento do arcabouço fiscal.
Esse conjunto de regras, que substituiu o antigo teto de gastos, busca limitar o crescimento das despesas públicas e garantir previsibilidade às contas do governo. A meta oficial prevê, por exemplo, um superávit primário de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2026 – ou seja, um resultado positivo das contas públicas antes do pagamento de juros da dívida. No entanto, o cálculo não considera alguns gastos relevantes, que devem ser tratados como exceções à regra, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do compromisso fiscal no médio prazo.