

As ações da Natura (NTCO3) podem disparar 96,7% até o fim de 2025, mostram cálculos dos analistas do BTG Pactual. Eles estimam que o papel deve encerrar o ano cotado a R$ 18 ante o fechamento da última segunda-feira (7), quando encerrou o pregão a R$ 9,15. Mesmo com essa perspectiva de alta, os especialistas têm recomendação neutra para os ativos devido ao seu alto risco.
Os especialistas explicam que não recomendam compra para ação em função da elevada alavancagem (endividamento) da empresa. Segundo ele, existem ainda desafios para recuperar a Avon (na América Latina e internacionalmente), operação ainda em andamento, em seus principais mercados latino-americanos.
Eles descrevem que em trimestres anteriores, a gerência da companhia demonstrou esforços bem-vindos para simplificar a estrutura da Avon, e reconhecem que o potencial desinvestimento da Avon Internacional será um gatilho para as ações. Além disso, eles esperam um crescimento suave nas vendas no primeiro trimestre de 2025.
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“No entanto, vamos monitorar de perto o progresso nessas frentes antes de ter uma visão mais positiva sobre o caso, visto que os últimos resultados ficaram aquém das expectativas”, dizem Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório do BTG sobre as ações da Natura. A companhia reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 438,3 milhões no quarto trimestre de 2024.
Os analistas lembram que em 2024 a companhia teve problemas na Argentina devido à disparada da inflação no país vizinho. A empresa conseguiu aumentar seus preços de forma eficiente para que a inflação não reduzisse as suas margens. Entretanto, esse efeito durou pouco com a desvalorização do peso argentino e o aumento resultante nos custos de reposição de estoque.
“Somando-se a isso, houve interrupções operacionais como o fechamento do centro de distribuição da Avon e a subsequente paralisação das operações na fábrica de Moreno. Outro obstáculo veio de uma tarifa de importação temporária na Argentina, que aumentou de 7%
para 17% antes de ser eliminada em janeiro de 2025”, argumentam Guanais, Disselli e Lima.
Custos da Natura devem cair em 2025
Os analistas observam ainda que os custos de transformações tendem a cair nos próximos trimestres. No quarto trimestre de 2024, os custos com transformações da Natura subiram 57% na comparação com o mesmo período de 2023. Esses valores estavam vinculados a reestruturações estratégicas, como o fechamento do centro de distribuição da Argentina e o encerramento do modelo de vendas multinível do México.
“As despesas com rescisão devem diminuir ao longo do tempo, dando lugar a investimentos de TI direcionados para modernizar a infraestrutura da empresa (o que CEO da Natura nos disse ser um passo crítico para ganhar eficiência em relação aos concorrentes). Sobre a reestruturação, a empresa citou potenciais economias de custos, eficiências fiscais e maior flexibilidade de dividendos como principais motivadores”, salientam Guanais, Disselli e Lima.
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Em linhas gerais, o BTG está otimista com as propostas da Natura (NTCO3) para melhorar o seu desempenho. Mas preferem aguardar sinais mais concretos de que a reestruturação está progredindo para recomendar compra para os ativos. Por isso, o banco tem recomendação neutra para a ação.