Após o caos nos mercados globais com a nova inteligência artificial chinesa, as negociações de terça-feira (28) até tentaram reservar para as ações da Nvidia (NVDA) um momento de recuperação. Por volta 11h30 (horário de Brasília), os papéis da fabricante de chips iniciaram o dia com uma alta de 2,90% dando continuidade às altas durante o pré-market. Logo depois, por volta das 14h, os avanços das ações chegaram a 4,87%.
No fechamento, o Dow Jones subiu 0,31%, a 44.850,35 pontos. O S&P 500 avançou 0,92%, a 6.067,70 pontos. O Nasdaq teve alta 2,03%, a 19.733,59 pontos.
Entre os destaques nas altas, a Nvidia subiu 8,82%, a após a queda superior a 17% ontem, e a Apple avançou 3,65%, com perspectivas de que a empresa poderá ser menos afetada pelos desenvolvimentos chineses de IA do que outras gigantes americanas. A subida recente do mercado esteve mais concentrada entre as maiores empresas do S&P 500 do que em 2000, aponta a Capital Economics.
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A Nvidia foi uma das maiores prejudicadas com a surpresa dos investidores com a capacidade da startup chinesa DeepSeek em desenvolver um modelo de IA com um custo mais barato em comparação às versões anteriores de outros players de mercado, como a OpenAI.
Essa novidade aumentou as especulações sobre a real necessidade de investimentos bilionários realizados pelas empresas para o desenvolvimento de inovações tecnológicas de IA. Os questionamentos atingem em cheio os negócios da Nvidia (NVDA) por ser uma das principais fabricantes de chips, utilizados pelas empresas para a criação de produtos com inteligência artificial.
“O mercado pode entender que, talvez, não precise de chips tão sofisticados nem tão caros ao passo de justificar o preço das suas ações”, avalia Marcelo Cabral, gestor de renda variável da Straton Capital. A primeira percepção fez com que as ações da companhia sofressem uma desvalorização na ordem de 16,97% durante as negociações de segunda. Com um tombo dessa magnitude, a big tech viu o seu valor de mercado reduzir em US$ 589 bilhões em apenas um pregão.
“Nenhuma Global 2000 dos EUA usará uma startup chinesa DeepSeek para lançar sua infraestrutura de IA e casos de uso”, escreveu ele. “No fim das contas, há apenas uma empresa de chips no mundo lançando casos de uso de IA autônomos, robóticos e mais amplos e essa é a Nvidia”, acrescentou o especialista em uma publicação no seu perfil no X (antigo Twitter).
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O Itaú BBA tem uma visão similar sobre o papel e pontua que, dado os benefícios dos chips da Nvidia, as grandes empresas de tecnologia, como Meta (META) e OpenAi, devem continuar priorizando os produtos da companhia para treinar seus modelos de inteligência artificial. “Também acreditamos que as novas estruturas regulatórias tornarão mais difícil para laboratórios fora dos EUA receberem GPUs de ponta em 2025”, avalia o banco.
Caso o impacto da DeepSeek torne os recursos de IA mais baratos no mercado, a expansão do acesso pode acelerar a demanda por inferência – capacidade de um modelo de IA de processar informações e gerar resultados. “Isso é positivo para a Nvidia (NVDA) e ainda mais para a Microsoft (MSFT)”, complementa o Itaú BBA.
Já Enzo Pacheco, analista da Empiricus, recomenda ao investidor realizar aportes pequenos nas ações da Nvidia (NVDA) dado os riscos envolvidos na sua tese de investimento. Segundo ele, o lançamento do novo modelo de IA da DeepSeek trouxe um questionamento ao mercado se há necessidade de tantos chips como o mercado imaginava para desenvolver novos produtos.
Até o momento, ninguém sabe ao certo a resposta para esta dúvida devido ao estágio inicial do setor de IA. Por isso, a baixa exposição no papel. “Eu daria o benefício da dúvida do investidor (que não possui posição) investir um pouco agora, mas uma posição pequena. Se passar os dias e vermos que a demanda pelos chips não vai mudar, o papel da Nvidia deve voltar rapidamente para os patamares de US$ 130 e US$140″, afirma Pacho.
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