Frigoríficos sofreram no pregão após carne bovina não entrar na lista de exceções das tarifas americanas (Foto: Cesar Machado em Adobe Stock)
O presidente dos EUA, Donald Trump, oficializou na quarta-feira (30) a imposição de tarifas de 50% às exportações brasileiras, mantendo, entretanto, quase 700 produtos na lista de exceções à taxação. Combustíveis, veículos e aeronaves são exemplos de mercadorias que escaparam ao avanço tarifário norte-americano – o que trouxe alívio para empresas como Embraer (EMBR3) e Petrobras (PETR4).
Já o setor de proteínas segue com poucos motivos para comemorar diante da manutenção das tarifas sobre a carne bovina. Com uma desvalorização de 10,2% na sessão desta quinta-feira (31), os papéis da Marfrig (MRFG3)foram os que mais sofreram. As ações da BRF (BRFS3) e Minerva (BEEF3) fecharam o dia com baixas de 5,8% e 3,87%, respectivamente, enquanto os ativos da JBS (JBSS32) destoaram dos pares brasileiros e valorizaram 2,9% na Bolsa de Nova York.
Para Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, entre os frigoríficos, os nomes mais expostos são principalmente Marfrig e JBS. Ainda assim, os impactos devem ser mitigados pela diversificação geográfica dessas companhias. Isto porque ambas possuem plantas nos EUA que vendem carne para o mercado americano. “A capacidade de JBS e Marfrig diversificar suas operações será o fator-chave para a percepção de risco dos investidores”, aponta.
A notícia deve imprimir volatilidade nos papéis no curto prazo, com os investidores acompanhando mais de perto os balanços trimestrais e projeções para os próximos trimestres. A principal linha de negócio atingida deve ser a exportação de carne in natura e processados, cuja a venda aos EUA a partir do Brasil se torna praticamente inviável.
“A inviabilidade de exportar para os EUA forçará um redirecionamento da produção para o mercado doméstico e outros países (como China, países da Ásia e Oriente Médio). Isso pode gerar um excesso de oferta no Brasil, pressionando as margens de lucro no curto prazo”, diz o economista.