

Os dividendos globais atingiram um recorde de US$ 1,75 trilhão em 2024, após um salto de 6,6% da distribuição no período. Esse dado foi extraído da “Janus Henderson Global Dividend Index”, levando em consideração uma “base subjacente”, ou seja, sem distorções causadas por eventos pontuais, mudanças nas taxas de câmbio ou nas companhias que fazem parte do indicador.
No total, 17 dos 49 países do índice registraram dividendos recordes, incluindo alguns dos maiores pagadores, como os EUA, Canadá, França, Japão e China. Alguns mercados emergentes importantes também apresentaram um crescimento considerado “decente”, caso da Índia, Singapura e Coreia do Sul.
O Brasil ficou de fora desta movimentação global. Os dividendos caíram 9% no país, com cortes realizados em metade das empresas que compõem o índice de proventos da Janus Henderson.
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A maior redução foi nos dividendos pagos pela mineradora Vale (VALE3), que, assim como as pares internacionais, tiveram uma distribuição menor no ano. A empresa distribuiu US$ 4,1 bilhões em proventos em 2024, contra US$ 5,7 bilhões em 2023. Segundo a casa, o grupo de mineração e transporte foi um dos setores com desempenho mais fraco em nível mundial. Esse segmento pagou US$ 26 bilhões a menos em 2024 em comparação ao ano anterior. No Brasil, a Petrobras (PETR4) continuou na posição de maior pagadora, com uma distribuição de US$ 10,8 bilhões no ano passado.
No restante da América Latina, os resultados foram mistos. Os dividendos mexicanos aumentaram 4,3%, mesmo com os cortes praticados também por metade das companhias do país que fazem parte do Janus Henderson Global Dividend Index. No Chile, por outro lado, houve uma redução de 28,7%, que refletiu o corte do conglomerado industrial Empresas Copec.
Empresas de tecnologia começam a pagar dividendos
Pelo segundo ano consecutivo, a Microsoft foi a maior pagadora de dividendos do mundo. Em segundo lugar ficou a a Exxon, recentemente ampliada após a aquisição da Pioneer Resources.
Contudo, não foram só essas duas companhias que ajudaram ao montante distribuído chegar ao recorde em 2024. Segundo a Janus Henderson, grandes empresas realizaram seus primeiros pagamentos de dividendos e tiveram um impacto substancial. O maior deles veio da Meta e da Alphabet (dona do Google) nos EUA, e da Alibaba na China. Entre essas, foram distribuídos US$ 15,1 bilhões, que representaram 1/5 do crescimento global de dividendos em 2024.
“Algumas das empresas mais valiosas do mundo, particularmente aquelas com raízes no setor de tecnologia dos EUA, estão começando a pagar dividendos pela primeira vez, confundindo aqueles que disseram que esse segmento evitaria essa rota de retorno de capital aos acionistas”, afirma Jane Shoemake, gerente de portfolio de clientes da equipe Global Equity Income na Janus Henderson.
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Do ponto de vista setorial, quase metade do crescimento dos dividendos de 2024 vem do setor financeiro, em particular dos bancos, cujos dividendos aumentaram 12,5% na comparação com 2023. Fora as instituições financeiras, o segmento de mídia e internet duplicou no período – em um resultado impulsionada pelos primeiros pagamentos da Meta e Alphabet. As telecomunicações, construção, seguros, bens de consumo duráveis e lazer também registaram aumentos de dois dígitos.
Globalmente, 88% das empresas aumentaram seus dividendos ou os mantiveram estáveis.
Expectativas para 2025
Para 2025, a Janus Henderson espera que os dividendos cresçam 5,1% no mundo, para US$ 1,83 trilhão. Contudo, o ano deve ser de incertezas para a economia mundial, que deve continuar a crescer em um ritmo razoável, mas com uma volatilidade maior nos mercados em função de possíveis guerras comerciais e implementação de novas tarifas – como as propostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
Esses riscos devem elevar os rendimentos do mercado de títulos públicos e as expectativas para os juros no futuro, o que reduz os investimentos e o crescimento das empresas. Ainda assim, ainda é esperado um avanço de mais de 10% nos lucros das companhias este ano.
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“Mesmo que isso seja excessivamente otimista, dados os atuais desafios econômicos e geopolíticos globais, a boa notícia para os investidores em renda é que os dividendos geralmente se mostram muito mais resilientes do que os lucros”, diz a gestora.