O que este conteúdo fez por você?
- Analistas afirma que números da Petrobras vieram dentro do esperado
- Especialistas dizem que geração de caixa foi o destaque positivo e fazem suas estimativas para os dividendos da Petrobras
- Analistas comentam que o papel está atrativo, mas apontam alguns riscos da ação; veja quais
A Petrobras (PETR4) reportou uma produção média de 2,689 milhões de barris diários (boed) de óleo equivalente (petróleo e gás natural), queda de 6,5% na comparação com o mesmo período de 2023. A informação foi divulgada pela empresa na noite de segunda-feira (28). Para analistas do mercado financeiro, os números foram mistos e ligeiramente menor do que o esperado, mas a empresa está com forte capacidade de gerar caixa, o que deve trazer dividendos animadores para o investidor.
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Para os analistas da XP Investimentos, a queda na produção da estatal é explicada, em grande parte, por paradas de manutenção e intervenções não planejadas nos ativos do pós-sal, nos quais a produção caiu cerca de 10% na comparação entre o terceiro trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2024.
A corretora lembra que a produção de produtos refinados, que cresceu 4,2% entre o terceiro trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2024, devido à sazonalidade do terceiro trimestre, o que é dentro do esperado. As vendas também avançaram 4,2% na comparação trimestral, também por causa da sazonalidade.
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Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a Petrobras apresentou dados de venda e produção em linha com o esperado. O analista estima que a menor produção e os menores preços médios trimestrais do Brent devem tornar os resultados do segmento menores. No refino, o aumento das vendas deve ajudar, mas o aumento das importações de diesel deve manter a contribuição à rentabilidade da companhia não muito distante da apresentada pelo segmento no último trimestre.
Já Hulisses Dias, especialista em finanças e investimentos, aborda que o relatório da petroleira trouxe resultados mistos. Isso porque, mesmo com a queda de 6,5%, a produção da companhia manteve-se estável e dentro da faixa anual prevista no Plano Estratégico 2024–2028. Entre os destaques positivos, estão a entrada em operação dos navios plataformas Maria Quitéria e Almirante Tamandaré, ampliando a capacidade de produção.
O especialista lembra ainda do aumento de 4,2% nas vendas de derivados no mercado interno, puxado pela maior demanda por diesel, gasolina, querosene de aviação e Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). “No lado negativo, a produção do pós-sal caiu 10,1% em relação ao segundo trimestre de 2024 devido a manutenções e declínio natural, e as exportações de petróleo caíram 8%, reflexo do maior processamento de óleo internamente”, aponta Dias.
Quanto a Petrobras deve pagar em dividendos?
Em meio aos números divulgados, os analistas dizem que a companhia se destaca pela forte geração de caixa e o grande potencial de dividendos da petroleira. Para os analistas da XP Investimentos, os números apresentados mostram que a empresa deve apresentar um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 11,1 bilhões, queda de 19% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O lucro líquido da estatal deve cair de US$ 5,4 bilhões no terceiro trimestre de 2023 para US$ 4,23 bilhões no terceiro trimestre de 2024, queda de 23%. “Esperamos essa queda devido ao menor preço de venda do barril de petróleo e derivados”, explicam Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da XP.
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Os especialistas comentam que estimam um Fluxo de Caixa Livre (FCL) de US$ 3,6 bilhões para a Petrobras no terceiro trimestre de 2024. Com base na política de dividendos da Petrobras, os especialistas da XP esperam dividendos ordinários de cerca de US$ 2,6 bilhões (yield trimestral de 2,8%). Todavia, os analistas fazem outras estimativas de quanto a Petrobras vai pagar em dividendos.
“Acreditamos que o rendimento de dividendos para o trimestre poderia ser substancialmente maior se a Petrobras anunciar dividendos extraordinários. Estimamos que o estágio avançado de planejamento para o próximo plano de negócios permite que a Petrobras tenha maior visibilidade sobre as necessidades futuras de caixa. Em nossa opinião, a distribuição adicional poderia chegar a até US$ 4 bilhões (yield adicional de 4,6%), embora a empresa possa optar por ser mais conservadora e reter mais dinheiro em caixa”, salientam Cardoso e Kelm.
Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, diz esperar um pagamento de R$ 1,05 por ação da Petrobras em dividendos. O número refletiria em um dividendo ordinário de 2,9% do valor da ação da empresa. “Há ainda a possibilidade de pagamento de até R$ 1,50 por ação (4,2% de rendimento) em dividendos extraordinários. Lembramos que esta prática fica a critério da Petrobras, que anunciará o seu novo planejamento estratégico em 21 de novembro”, diz Arbetman.
Hulisses Dias reforça que a empresa segue comprometida com a disciplina financeira e a eficiência operacional, fatores que fortalecem a previsibilidade de pagamento de dividendos elevados, especialmente se o cenário de preços de petróleo se mantiver favorável.
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Segundo ele, com a expansão da produção em áreas estratégicas do pré-sal e o aumento das vendas internas de derivados, a geração de caixa deve se manter elevada, possibilitando uma política de dividendos atrativa. “As expectativas são positivas, dado a forte capacidade da Petrobras em gerar caixa, o que indica que o dividend yield deve permanecer em dois dígitos nos próximos 12 meses”, explica.
Segundo informações do Broadcast, os analistas do Santander estimam um pagamento de US$ 2,4 bilhões em dividendos ordinários. Os especialistas não incluem dividendos extraordinários em sua prévia trimestral, mas afirmam que não se surpreenderiam caso a estatal anunciasse mais uma rodada de extraordinários, por acreditarem que a companhia possa distribuir até US$ 4,5 bilhões até o final do ano.
Investidor deve comprar as ações da Petrobras?
Em meio aos números divulgados nesta segunda, os analistas fizeram suas estimativas para a potencial alta para as ações da Petrobras. A equipe da XP Investimentos comenta que elevou o preço alvo da ação de R$ 45,10 para R$ 46. A alta acontece devido ao real mais depreciado ante dólar. O número implica em uma potencial alta de 27,45% na comparação com o fechamento de segunda-feira (28), quando a ação encerrou o pregão a R$ 36,09.
“A Petrobras continua sendo uma de nossas principais opções, com dividendos ordinários atraentes e rendimentos FCFE de cerca de 10% e cerca de 12,5% em 2025. Os riscos para nossa recomendação incluem preços de petróleo potencialmente mais baixos e gastos mais elevados com investimentos, entre outros”, argumentam Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da XP.
Em meio a esse otimismo, o Santander também recomenda compra para a Petrobras com preço alvo de R$ 54, representando um potencial de valorização de 37,3% com base no último fechamento. Hulisses Dias vai na mesma linha, o especialista recomenda compra para a ação. O analista comenta que o atual cenário de juros elevados pode favorecer a demanda por ativos com elevado retorno em dividendos, aspecto no qual a Petrobras tem se destacado. A recomendação é de compra com preço alvo de R$ 45, uma alta de 24,68% na comparação com o fechamento de segunda-feira.
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Por outro lado, a Ativa Investimentos não recomenda compra para a ação. O analista diz que, apesar da expectativa pela manutenção de um dividendo forte, ele tem preferência por empresas do setor de óleo e gás que disponham de menor risco político, valuation menos esticado e assim, melhor relação risco contra retorno. Desse modo, Ativa Investimentos tem recomendação neutra com preço alvo de R$ 44 para as ações PETR4 para os próximos 12 meses, a cifra equivale a uma alta de 21,9% na comparação com o fechamento de segunda-feira.
A grande maioria dos analistas recomenda compra para a Petrobras (PETR4) e todos estimam dividendos muito interessantes para a companhia. No entanto, o investidor deve se lembrar de que o papel possui riscos, por isso, é essencial conhecer o próprio perfil e a tolerância ao risco. Caso o investidor seja muito conservador, o melhor caminho pode ser a recomendação da Ativa Investimentos. No entanto, se a pessoa não teme a volatilidade, a recomendação das demais casas pode ser um bom caminho para o investidor.