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- A semana do mercado está terminando com um humor diferente ao da última sexta-feira (5) em relação à continuidade de Jean Paul Prates no cargo de presidente da Petrobras (PETR4)
- Mercado vê com bons olhos a permanência do executivo, considerado técnico
A semana no mercado finnceiro está terminando com um humor diferente ao da última sexta-feira (5) em relação à continuidade de Jean Paul Prates no cargo de presidente da Petrobras (PETR4). O CEO estava com o cargo ameaçado depois de divergências públicas com um ministro do governo Lula e se via pressionado no meio em uma discussão sobre o futuro dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários retidos pela companhia.
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Segundo apuração do Estadão, a permanência de Prates no cargo, por ora, é fruto de uma articulação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Leia mais nesta reportagem.
No mercado financeiro, a movimentação foi bem recebida. Advogado e economista, Prates tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de petróleo e gás natural, e é tido por analistas como uma gestão de razoabilidade.
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“Apesar de ser um ex-senador petista, dentre todas as opções que foram lançadas na imprensa para presidir a Petrobras, ele é a mais técnica, porque tem experiência no setor. É um nome que, apesar de político, é um dos nomes mais alinhados ao mercado”, destaca Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital. “A permanência do Prates é positiva, no sentido de que não haverá nenhuma mudança radical que traga mais interferência política na empresa neste momento”, complementa João Coutinho, economista e diretor da RJ+ Asset.
Os rumores envolvendo uma possível saída de Prates do cargo ocorrem desde o início de seu mandato, e os embates públicos com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que nas últimas semanas estaria por trás da queda do executivo, também não são novidades. Mas a queda do executivo, sobretudo por motivos políticos, soa para o mercado como notícia negativa para a empresa. Como mostrou o Estadão aqui, o governo avaliava colocar Aloizio Mercadante, ex-ministro da Fazenda e atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no cargo.
“Na gestão do Prates, a empresa conseguiu entregar resultados recordes, inclusive com valorização de mais de 100% das ações em 2023. Nomes como Mercadante ou qualquer outra indicação política, de aliados históricos ao PT, seriam mal recebidos pelo mercado”, diz Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed.
Mas, para os especialistas, ainda é cedo para cravar que a permanência de Prates é o capítulo definitivo desse história ou dizer que acionistas devem ver a redução do ruído ao redor da companhia. “Para as próximas semanas ainda podemos esperar muita volatilidade nos papeis. O governo não deve desistir de interferir na empresa. A alta do petróleo (risco geopolítico com Irã X Iraque) e a alta do dólar são fatores que afetam diretamente a companhoa”, diz Petrokas.
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Horta, da GTF Capital, teme que, para permanecer no cargo depois desta crise, Prates tenha que negociar alguns pontos. “Dar alguma coisa em troca, para o lado político, pode ser ceder em algo que hoje é muito positivo para o acionista de Petrobras, que é o que é o pagamento de dividendos.”
Alta na semana
As ações da Petrobras conseguiram encerrar a semana em alta em meio a uma série de discussões políticas envolvendo os dividendos extraordinários e o Conselho de Administração da companhia. A PETR3 encerrou esta sexta-feira (12) cotada a R$ 40,30, com uma valorização semanal de 5,28%. A PETR4, por sua vez, subiu 4,23% no período, a R$ 38,94.
Os desempenhos representam a 4ª e 7ª maior alta semanal entre as ações da carteira teórica do Ibovespa, que caiu 1,69% no mesmo período, segundo o Broadcast.
Além das notícias envolvendo Prates, nesta sexta-feira, a Justiça suspendeu de suas funções o secretário do MME e presidente do Conselho de Administração da estatal, Pietro Mendes, alegando conflito de interesses. Dias atrás, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, também havia sido suspenso do Conselho.
Tensões envolvendo o Conselho de Administração da companhia fizeram o mercado ver o governo com menos força para reter os dividendos extraordinários. “Com a retirada do conselheiro apontado pelo MME, o governo perderia a maioria do Conselho ou, ao menos, teria mais dificuldade para aprovar algumas intervenções na companhia. Com isso, o pagamento dos dividendos ficaria mais fácil”, explica Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. “Acredito que seja por isso que as ações se valorizaram, com o mercado indo na direção de que a companhia segue como estava antes e não com aquela visão de segurar dividendos.”
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A alta do petróleo na semana também ajudou a valorizar as empresas do setor, mesmo nos pregões negativos para o mercado acionário. “Vimos uma Petrobras extremamente resiliente, não só pelos dados de que a empresa vai continuar sendo bom pagador de dividendos, mas também pelo preço do Brent que começou a se aquecer novamente depois de um estresse entre Israel e Irã”, diz João Lucas Tonello, analista da Benndorf Research.
*Colaborou Bruno Andrade