

Para o Bank Of America (BofA), o mercado pode estar subestimando os riscos das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, principalmente aos países emergentes. O republicano anunciou alíquotas de 25% sobre o México e o Canadá, 20% sobre a China, de 25% para produtos como aço e alumínio e ainda UMA tributação “recíproca”. Ou seja, uma retaliação às nações que cobram impostos de importação em produtos americanos – o caso do Brasil.
Na avaliação do banco americano, entre os emergentes, o México deve ser o mais atingido. Isto porque a economia mexicana exporta 27% do Produto Interno Bruto (PIB) para os EUA. O Chile e Peru também possuem grandes exposições “indiretas” ao país de Trump e indiretas, dada as relações comerciais que possuem com a China, alvo principal do avanço tarifário promovido pelo presidente americano. Por último, o Brasil tende a ter menor impacto, já que possui uma economia mais fechada.
Dado esses vários graus de exposição por países da América Latina, a expectativa do BofA era de que o câmbio dos países emergentes refletissem esses riscos tarifários. Em outras palavras, as moedas das nações mais expostas, como o México, deveriam performar pior do que aquelas menos expostas, como o Brasil. Mas isso não aconteceu de forma substancial.
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“Surpreendentemente, o desempenho do câmbio tem sido inconsistente com essa hipótese. Não observamos nenhuma relação significativa entre os retornos cambiais e a exposição tarifária dos EUA. Isso, em nossa opinião, sugere que os riscos tarifários podem não ser precificados adequadamente”, diz o BofA, em relatório publicado na última terça-feira (4).
A situação do peso mexicano é a mais delicada. Para o BofA, o impacto menor na moeda, mesmo em vista às tarifas de 25%, mostram que o mercado vê uma probabilidade baixa de que a alíquota seja efetivamente implementada. E que se for, terá vida curta.
O banco não concorda totalmente com essa visão. “Embora nossa linha de base seja que a tarifa de 25% dos EUA sobre o México não será permanente, continuamos a acreditar que o ruído tarifário prevalecerá por um longo tempo, provavelmente até que uma renegociação do USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) ocorra. Isso significa que o prêmio de risco do peso mexicano deve ser maior e preferimos permanecer cautelosos sobre a exposição longa à moeda”, aponta o BofA.